sexta-feira, dezembro 21, 2007

Feliz Natal e um resistente Ano Novo!


Zenão de Cicio (335 – 264 a.C.) um cipriota que por volta de 313 a.C. mudou-se para Atenas, foi o fundador do estoicismo. Sua escola filosófica tomou o nome do local onde ele, normalmente, fazia suas preleções: o stoa ou pórtico. Uma colunata aberta, que rodeava muitos edifícios gregos antigos.

Como Lao Tse, Zenão viveu numa época de generalizado declínio moral e político A autoridade da cidade-Estado grega estava se deteriorando e a influência dos costumes sociais e religiosos estava se enfraquecendo.(alguma familiaridade?)

Diferentemente do que, modernamente, se define como estoicismo (resignação diante do sofrimento, da adversidade, do infortúnio; ou ainda a simples aceitação do destino), Zenão definiu, em termos gerais, a natureza como “o modo pelo qual as coisas funcionam” e sabedoria significava agir de acordo com as leis naturais.
Para os estóicos, a primeira lei da natureza era: a resistência às devastações da vida – doença, envelhecimento, pobreza, dor e morte. A coisa inteligente a fazer, segundo Zenão, não era negar essas realidades, mas encontrar um meio de viver com elas.
Assim, a segunda lei era: como tão grande parte do que lhe acontece está fora do seu controle, mude o foco para a única coisa que está ao seu alcance – a sua atitude. Em outras palavras, a essência da felicidade é uma questão da mente acima da matéria.

Aos meus amigos e leitores Feliz Natal e um resistente Ano Novo!

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Justa Vitória!




Em decisão memorável, publicada dia 18 último, o Tribunal de Justiça de São Paulo acolheu o recurso da jornalista Mírian Macedo e do coordenador da EscolaSemPartido.org, Miguel Nagib, contra a liminar concedida pelo Juiz da 5ª Vara Cível de Ribeirão Preto, proibindo, a pedido do Sistema COC de Ensino e da Editora COC , a publicação do artigo Luta sem Classe.

A seguir, trechos do voto proferido pelo relator do recurso, Desembargador NEVES AMORIM

As decisões atacadas não podem prevalecer, sendo necessário o provimento do presente recurso em sua totalidade. Consagra nossa Magna Carta, em seu artigo 5º:

"é livre a manifestação do pensamento sendo vedado o anonimato" (inciso IV)

"é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem" (inciso V)

"é livre a expressão da atividade intelectual artística científica e de comunicação independentemente de censura ou licença" (inciso IX)

Os postulados constitucionais devem ser base para qualquer decisão judicial, ainda mais quando se tratar de questão, como nos presentes autos, amplamente tratada por nossa Lei Maior.

No caso em tela, o texto da sra. Mirian Macedo, ao apontar "supostos problemas" existentes no material didático da agravada COC, não teve, em momento algum, intenção de prejudicar o sistema de ensino, mas sim, alertar a população (principalmente os pais que tenham filhos em idade escolar) a respeito do conteúdo presente nas apostilas do COC. Sua manifestação tem cunho crítico, mas também altamente informativo, com demonstração de profunda pesquisa realizada pela agravante antes de publicar sua opinião.

Com a devida vênia, a justificativa do magistrado singular para suas decisões (fl. 504), "concedida foi a tutela em antecipação dada a consabida existência e consistência do dito sistema de ensino através dos anos", não se sustenta, pois caso tal entendimento fosse adotado, as apostilas do COC também deveriam ser censuradas, como foi a opinião da sra. Mirian, já que afirmam categoricamente que a Igreja teria legitimado a escravidão, e esta Instituição tem "consabida existência"' infinitamente maior do que o sistema COC.

Dessa forma, em sede de cognição sumária, antes da apresentação de defesa por parte dos réus e produção de qualquer prova a respeito da veracidade das alegações trazidas pelas partes, o texto da agravante não poderia ter sido retirado de circulação, pois tal medida desrespeita a liberdade de expressão da agravante, presente em nossa Constituição, que, aliás, também resguarda o direito de resposta, exercido pelo sistema COC, e o direito à indenização, faculdade também exercida pela agravada, que já invocou o Poder Judiciário, por meio da ação principal.

Ante o exposto, a opinião da sra. Mirian Macedo, que deu ensejo à presente ação judicial e a inúmeras manifestações em diversos sites, sendo alvo, inclusive, de reportagem da Revista Veja (fls. 332/333), não pode, nesta fase de cognição sumária, ser censurada.

Assim, pelo meu voto, rejeito as preliminares e dou provimento ao recurso para afastar o entendimento do magistrado singular e permitir a veiculação, por ora, do texto em questão, sem incidência de qualquer multa.

  • PS: Pais responsáveis não podem ignorar o que se passa com seus filhos nas salas de aula deste país. A omissão é um incentivo aos canalhas que, travestidos de professores, emporcalham a mente dos jovens, ao invés de ensinar verdadeiramente. Para conhecer o que se passa, sugiro aos pais que entrem no site dessa corajosa e dedicada organização "EscolaSemPartido.org" e entendam a gravidade do problema. Se preferirem, leiam mais nos artigos deste blog que tratam do assunto: "O Ministro da Educação e a doutrinação marxista" de 20/10/07; "Atenção pais: diploma porno-comunista para seus filhos!" de 19/04/07; ou o "Lixo Pedagógico" de 05/09/06.

O texto da decisão judicial está editado pelo Freeman

terça-feira, dezembro 18, 2007

A democracia no conceito de Lula.



Como é possível levar a sério um presidente da república que tem a coragem de fazer a seguinte afirmação: “Podem criticar o Chávez por qualquer outra coisa. Inventem uma coisa para criticar. Agora, por falta de democracia na Venezuela, não é”. Lula pronunciou essas palavras após a aprovação, pela Assembléia Nacional da Venezuela, do texto de reforma constitucional que foi sabiamente derrotado pelo povo, no último referendo.

Para evitarmos especulações desnecessárias, conheçamos um pouco o documento “democrático” que inspirou o nosso presidente a fazer tão sábia afirmação.
E, tirem suas próprias conclusões...

O texto, diferentemente, do que muitos brasileiros pensam, não se limita a estabelecer a possibilidade de reeleição ilimitada do chefe de Estado. Ele reinventa o Estado venezuelano pela transformação do presidente na fonte exclusiva da lei.

Senão vejamos:

  1. Os artigos 337, 338 e 339 permitem que o presidente declare estado de exceção, por tempo ilimitado, sem escrutínio da Corte Suprema e com a revogação do direito à informação. Esses artigos contrariam a letra da Convenção da ONU sobre Direitos Civis e Políticos, em vigor desde 1976, e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, da OEA, em vigor desde 1978.

  2. A Federação converte-se em obra do arbítrio presidencial. O artigo 156 permite ao presidente, à sua vontade, criar ou eliminar Estados, municípios e territórios federais. Pelo artigo 164, retira-se dos Estados o direito de organizar a divisão político-administrativa municipal. Adicionalmente, no artigo 11 se concede ao presidente o direito irrestrito de criar “regiões estratégicas de defesa” e designar autoridades especiais para administrá-las.

  3. A vontade do povo deixa de ser definida pelo voto popular. O artigo 16 estabelece a comuna (cidade) como “unidade política primária” e o artigo 136 cria o “poder popular”, que “não nasce de sufrágio ou eleição qualquer, mas da presença dos grupos humanos organizados como base da população”, em conselhos comunais de trabalhadores, camponeses, estudantes, mulheres, jovens ou idosos. Tais conselhos ganham reconhecimento por decretos presidenciais de constituição de comunas e são financiados por uma reserva orçamentária fixa.

  4. O Poder Judiciário é extirpado de sua independência. De acordo com os artigos 264 e 265, uma maioria simples da Assembléia Nacional nomeia e remove, a qualquer momento, os juízes da Corte Suprema. Os órgãos de “poder popular” participam da indicação de candidatos a juiz. O mesmo sistema, de acordo com o artigo 295, é aplicado ao Conselho Nacional Eleitoral, o que assegura à atual maioria legislativa o controle sobre as regras e a fiscalização das eleições.

  5. A política externa chavista é consagrada como preceito constitucional. Pelo artigo 153, a Venezuela deve unificar a América Latina numa Pátria Grande ou, nas palavras de Simón Bolívar, “uma Nação de Repúblicas”. As Forças Armadas são definidas como “antiimperialistas” e renomeadas, pelo artigo 328, como “Força Armada Bolivariana”. Os reservistas passam a constituir uma “Milícia Nacional Bolivariana”. Remove-se a interdição de participação dos militares em atividades políticas, conservando-se apenas a de figurarem como ativistas de partidos políticos.

O título Duce, que significa “líder”, em italiano, foi usado pela primeira vez pelo rei Vittorio Emanuelle III em 1915, em seguida pelo intelectual e mentor de Mussolini, Gabriele D’Annunzio, durante sua efêmera regência autoproclamada de Carnaro, no Fiume, em 1920, e depois pelo próprio Mussolini, a partir da instalação da ditadura, em 1925. A reforma constitucional venezuelana representa a entrega do título de Duce a Hugo Chávez, que, como Mussolini, fala num “novo socialismo”.
O dístico mussolinista, “tudo no Estado, coisa nenhuma contra o Estado, nada fora do Estado”, condensa o sentido da nova Constituição chavista, que identifica o Estado à vontade do caudilho. Em campanha para o referendo, Chávez empregou, inúmeras vezes, o rótulo de “traidor” para se referir aos defensores do voto no “não”, inclusive aos aliados de ontem, que sustentaram seu poder legítimo na hora do golpe de 2002. É que o Duce é a Pátria e divergir do Duce equivale a trair a Pátria.

Segundo Lula, “democracia é assim: a gente submete aquilo que acredita, o povo decide e a gente acata o resultado”. Se conhecesse um pouco de História, o nosso presidente, tragicamente, descreveria nesses termos a elevação de Napoleão Bonaparte a cônsul, cônsul vitalício e imperador, e a nomeação de Hitler como Führer. Nesses casos clássicos, como em tantos outros, a democracia degradou-se em tirania no líquido de sucessivos referendos explorados pelos caudilhos.

Democracia não é um conceito vago, inexplorado. Tem história, tem princípios, e o seu sentido está impresso na experiência das sociedades, no texto das leis. É imperdoavel que a maioria dos nossos políticos não tenham a MENOR idéia do que ela realmente signifique! E o dano da ignorância (ou má fé) se espalha na vida da nação.

O Protocolo de Ushuaia, firmado pelas nações do Mercosul, assim como por Chile e Bolívia, abre com o artigo que diz: “A plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o desenvolvimento dos processos de integração entre os Estados Partes”.
Mas Lula, obviamente, não está sozinho, vejam como agiram os ilustrados membros da corte presidencial, desta nobre república sindicalista bananeira: o Congresso Nacional, que tinha a obrigação de fazer cumprir o Protocolo de Ushuaia, que é lei, rejeitando a pretensão venezuelana, acabou aprovando o seu ingresso. A chancelaria brasileira circundou o obstáculo do Protocolo de Ushuaia invocando, meramente, interesses de integração comercial, passando por cima de um princípio básico firmado pelos próprios fundadores do Mercosul, Brasil inclusive.

Ainda bem que Lula disse que não é preciso instrução para governar um país, basta intuição...


artigo original de Demétrio Magnoli – editado pelo Freeman
foto: os dois mais perfeitos idiotas latino-americanos.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Uma pausa para contemplar o amanhecer...



Amanhecer...

Ah! O amanhecer...
Que escolha mágica,
a renovação de cada dia,
benção sábia do Criador,

É a revelação do novo,
Mesmo sendo de um círculo anterior...

É como lavar a alma e,
Prepará-la para o depois...
É acordar para o dia,
num infinito de opções...

Sinta a grandeza ,
Aproxime-se da natureza,
Do alivio da tormenta,
Numa nova busca interior...

Abrace a vida,
O desafio,
A entrega, de um feitor...

Sinta as cores,
Respire a brisa,
renove o espírito,
do seu próprio esplendor...



texto e foto do Freeman.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Novos rumos?


Um fato econômico e quatro outros de natureza política sugerem que o vento favorável que embala o governo Lula, desde a reeleição, pode estar virando.

São eles:

Os indicadores de que a crise do sistema de crédito imobiliário dos EUA se aproxima dos bancos de investimento, intensificando sua reverberação sobre a economia global;

A derrota de Hugo Chávez no referendo que permitiria sua perpetuação no poder;


A pesquisa Datafolha demonstrando que cerca de 65% dos brasileiros se opõe à eleição por mais de dois mandatos para quaisquer presidentes;


A antecipação da renúncia de Renan Calheiros;


O elemento desagregador que a chegada do ano eleitoral de 2008 impõe sobre a base de sustentação do governo.


A bússola dos políticos tem sempre como norte magnético o poder.
No Brasil, em que a maioria dos políticos é congenitamente governista e em que o povo elege políticos pelo seu carisma pessoal e não por programas de governo, a conjuntura favorável e o apoio popular a um governante são um agregador em torno do presidente da República. E vice e versa. Isto é, numa conjuntura desfavorável e a perspectiva de perda de força política do governante, a dinâmica que se estabelece é desagregadora e de deserção dos mercenários apoiadores do presidente.

A leitura de fatos econômicos feita recentemente, deve ser vista com ressalvas. No entanto, apesar da injeção de bilhões de dólares do FED nas empresas de crédito imobiliário e bancos norte-americanos não parece suficiente para conter o aparecimento de notícias sobre a reverberação da crise para além do setor afetado. Insinua-se um quadro de desaquecimento da economia dos EUA, com inevitáveis desdobramentos sobre as gigantescas compras dos norte-americanos no mercado mundial e brasileiro. Os sinais são, ainda, insipientes. Mas, suficientes para disseminar tensão e a conhecida cautela que caracteriza o comportamento conservador dos mercados ante o risco de perdas.

Já os fatos políticos listados na seqüência de itens acima são claramente desfavoráveis a Lula.

Hugo Chávez é (ou era) o "novo" farol da velha esquerda mundial. Seu sucesso repercuti além fronteiras da Venezuela. Seu fracasso, idem. A perspectiva de perpetuação de Chávez no poder com a eventual aprovação popular da reforma constitucional proposta pelo populista venezuelano abria perspectivas de que o mesmo pudesse vir a acontecer com Lula, ainda que sob outras circunstâncias. Se a conjuntura econômica permitisse a continuidade do apoio popular ao presidente, as possibilidades de aprovação de uma mudança na Constituição brasileira por plebiscito, no mesmo sentido do projeto de Chávez, ainda que não viesse a se concretizar no Brasil, exercia força agregadora em torno do presidente. E vice e versa.

Se a derrota de Chávez fosse apenas um fato isolado, por si só já seria uma balde de água fria no projeto continuista do PT. Mas, agregou-se à onda contrária à re-reeleição, a pesquisa Datafolha revelando surpreendente e expressiva maioria contrária à perpetuação de Lula no poder. Não é possível afirmar que os favoráveis à perpetuação de Lula no governo são apenas eleitores petistas. Mas, o percentual coincide com o "tamanho da base do PT" na sociedade brasileira.

O impacto agregado desses dois recados dos eleitores venezuelanos e brasileiros extrapola as fronteiras de ambos os países, já que Lula, embora ofuscado por Chávez, também é referência mundial das esquerdas. Mas, no "mercado interno", os dois fatos somados jogam, na conta de chegada das equações estratégicas dos jogadores do poder, o cenário de fim do poder do petismo sobre o governo brasileiro (não sobre a política brasileira). Com isso, a maioria gelatinosa dos políticos brasileiros passa a buscar outros nortes para suas bússolas. E os virtuais nortes magnéticos apontados por sucessivas pesquisas situam-se no campo da oposição, mais precisamente, apontam para o nome de José Serra.

A esse fator desnorteador da base de sustentação do governo, somam-se os inevitáveis conflitos de interesses que jogam, uns contra os outros, nas eleições municipais nos estados, companheiros de jornada no apoio a Lula em Brasília. Assim, o interesse pessoal de garantir bases locais de poder assume prioridade nos critérios de decisão dos políticos, especialmente num contexto em que a derrota de Chávez e a pesquisa Datafolha precipitaram sobre o tabuleiro político a perspectiva do fim do governo Lula.

Finalmente, tudo indica que os estrategistas de Lula erraram as contas sobre a dose e o timing das jogadas táticas que patrocinaram. Ao deixar fluir a tramitação de emenda da re-reeleição às vésperas da votação da CPMF, Lula apostou tudo de uma só vez. Talvez colha nada como resultado. Isto é, nem re-reeleição nem CPMF.

A surpresa causada pela renúncia antecipada de Renan Calheiros, contrariando o interesse de Lula, que queria o plenário que votará a prorrogação da CPMF contaminado pela disputa pela sucessão na presidência da Casa, sugere que Calheiros não executou apenas um recuo defensivo que priorizou apenas a preservação de seu mandato. Parece que o cardeal alagoano caiu atirando e quis introduzir um elemento desagregador na base governista no Senado; talvez fatal para a voracidade fiscal do governo. Não é despropositado avaliar que Renan Calheiros tenha comprado a avaliação aqui feita, de que o projeto de poder do PT passa por usar e descartar os oligarcas políticos com os quais se aliou para eleger Lula e governar.

Se essa leitura está correta, Calheiros não renunciou apenas à Presidência do Senado, mas desertou, sem assumir explicitamente, da base governista. E mais. Se mais aliados - especialmente Sarney - estão fazendo a mesa avaliação, é possível que os "aliados" comecem a sabotar o governo por dentro, já que lutam pela vida contra a ameaça representada pela cobiça dos petistas pelo poder. Ou seja, por precipitação e erros de avaliação, Lula pode ter sepultado a CPMF. E, sem a CPMF, Lula pode ter sepultado suas pretensões continuistas.


O artigo original é de de Paulo Moura,  publicado hoje pelo blog do Diego Casagrande. Foi editado pelo Freeman.



terça-feira, novembro 27, 2007

Mais burrice ou outra esperteza petista?







Como quase tudo do PT, esta é uma história em que desde o início falta clareza.
Em meados de outubro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, revelou que o Banco Central e seu ministério estavam preparando a criação de um fundo soberano do Brasil.
Apenas para quem está chegando agora, fundo soberano é um patrimônio em moeda estrangeira, em geral, aplicado fora do país. Em um bom número de casos tem a função de impedir que um excesso de moeda estrangeira pressione o câmbio interno e, assim, valorize demais a própria moeda. É, por exemplo, a situação dos fundos do Chile e da Rússia. Em outros casos, procura rentabilidade melhor para parte das reservas. Assim é o fundo da China.
A falta de clareza está nas informações passadas pelo próprio ministro Mantega, de que o fundo brasileiro incorporaria reservas administradas pelo Banco Central, a serem usadas não só para cobrir projetos de infra-estrutura como para financiar compras de ações.
No governo Itamar, o ex-ministro Delfim Netto chegou a sugerir que reservas fossem utilizadas na construção de estradas. Logo se viu que isso não faria sentido por que não passaria de esquema de financiamento de obras públicas com emissão pura e simples de moeda. Se fazem parte das reservas, esses dólares já exigiram emissão de reais feita por ocasião da aquisição desses recursos. Se fossem entregues a empreiteiras, esses dólares teriam de ser trocados no câmbio interno para pagamento de fornecedores e de mão-de-obra e, assim, estaria configurado que esses investimentos seriam feitos com emissões.
Além do mais, reservas são reservas. Não podem ser usadas em investimentos de risco. E, se são administradas pelo Banco Central, não podem ser usadas como despesa pública, ainda que de boa qualidade. Seria o Banco Central exercendo funções de fomento, algo incompreensível num organismo cuja função é defender a moeda. Por isso, a lei o proíbe. Num segundo momento, o ministro Mantega explicou que o fundo não seria constituído com reservas. Seriam recursos novos a ser em adquiridos pelo Tesouro, que os repassaria para o BNDES, que, por sua vez, os reemprestaria a empresas brasileiras no exterior.
Logo se viu que um fundo desses não exerceria a função de evitar uma excessiva valorização do real. Teria um patrimônio não superior a US$ 15bilhões, volume que o Banco Central chega a comprar em um único mês. Também não ficou claro por que o BNDES precisa de recursos públicos externos tomados pelo Tesouro. O próprio BNDES tem cacife para comprá-los no câmbio interno ou, então, para tomá-los no exterior por meio de lançamento de títulos.
Finalmente também não ficou esclarecido por que empresas como Petrobrás, Vale do Rio Doce, Gerdau e Odebrecht precisariam se endividar com o BNDES se podem tomar esses recursos a juros provavelmente mais baixos no mercado global.
Enfim, essa história está mal contada e pode não passar de um arranjo destinado a encobrir alguma bruxaria fiscal. A nova esticada do dólar tem a ver com isso.

Artigo original de Celso Ming, foi editado pelo Freeman.

terça-feira, novembro 20, 2007

"Consciência Negra" ou "Vermelha"?




A demagogia dos políticos não conhece limites. Para angariar votos e oficializar vagabundices, não há o que eles não façam...
Mas, a instituição deste feriado de 20 de Novembro tem, também, outra finalidade que explicarei mais abaixo.
A autoria desse ato de sabedoria, como não poderia deixar de ser, é do PT. Se não me engano do deputado Paulo Paim (que por sinal não é branco, nem amarelo e nem negro) e, foi sancionado pelo nosso vagabundo-mór, o sidicalista, em 2003. É mais uma das aberrações deste lúdico país. Afinal, somos um povo rico, trabalhar para que?

Recentemente o Brasil foi classificado em péssimo lugar, em termos de produtividade, entre as nações emergentes. Somos campeões em número de dias de férias e feriados. Bilhões de reais são perdidos a cada ano com o festival de ócio instituido oficialmente. Isto, do setor voluntário, privado da economia. Imaginem as perdas do setor público, que contabiliza além do ócio oficial dos feriados, os "pontos facultativos", as férias em dobro, as "licenças premio" etc.. Está aquí, aliás, uma das razões da extrema demora em tudo que dependemos da máquina estatal.

Mas, mesmo não sendo este o cerne da questão, também poderíamos perguntar: se instituíram o dia da “consciência negra” por que não o dia da “consciência branca”, e o dia da “consciência amarela”?
Por que a discriminação?
Europeus e asiáticos tiveram enorme importância na formação do Brasil atual. No mínimo, a mesma importância dos negros.
Então, qual é “essa”, dos políticos?
“Essa”, dos políticos, é o seguinte: além da maioria desavisada aprovar a oficialização de tudo que é vagabundagem e puxa-saquismo ao eleitor, o PT, especificamente, segue uma cartilha maquiavélica: dividir para governar. E, entre os vários instrumentos para isso, sancionar como feriado o “dia da consciência negra” nada mais é que uma delas, cujo objetivo final é começar a estimular o racismo para outras finalidades.
Vocês podem pensar que é exagero de minha parte...Mas não é.
O fato, isolado, não significaria muito. Mas, no conjunto de outras ações deste governo do PT, é muito relevante politicamente.

Senão vejamos, é de iniciativa do PT:

  • a crescente doutrinação marxista nas escolas;
  • a não condenação de inúmeras violações constitucionais promovidas pelo MST;
  • o decreto “Quilombola”: uma sinistra e sorrateira, mas bem articulada revolução, que se serve da bandeira da luta racial para derrubar o direito de propriedade;
  • a proximidade e os elogios de Lula a “democracia” venezuelana;
  • as aspirações do sindicalista ao terceiro mandato; etc.,etc..

    Pensem e reflitam.
    Afinal, a consciência é negra ou vermelha?

sábado, novembro 10, 2007

Suas mãos são um rio...



Suas mãos são um rio.
Passam lentas e contínuas por mim.
Distraidamente, trazem lá de longe,
o limo.
E me louvam,
e lavam,
levam as feridas que julguei eternas.
Suas mãos são um rio.
Carregam flores e perfumam a dura lida
como língua de amante.
Mansas, passeiam em mim,
seu leito de se deitar.
E nas tempestades, ai meu Deus,
machucam, abrem a terra, arrancam raízes
e, violentas, invadem recônditos,
clareando tudo
chuva, rio, chuva, rio de me tomar.

* Não há nada melhor do que ler, num sábado chuvoso, poesias. Esta, das minhas prediletas, é da nossa cyber amiga Saramar.
A foto é do Freeman.

domingo, novembro 04, 2007

Brasil: corrupção e atraso.


Poucos da classe média se apercebem do problema. O povão, analfabeto e alienado, só está preocupado em garantir a cerveja e o futebol do próximo fim-de-semana. A grande maioria dos políticos brasileiros, além de não ter a menor intenção de enxergar e aprender, só olham os próprios bolsos ou suas respectivas cuecas.

Mas, no mundo real, no jogo de gente grande, o Brasil perde. E perde muito!
A quadrilha de analfabetos que dirige a nação, só sabe fazer proselitismo e demagogia, em relação a onda econômica positiva que varre o mundo.
Mas, de fato, não enxergam um palmo adiante do nariz. Estão perdendo – mais uma vez - uma oportunidade de ouro.

Assim como a História, a economia também não perdoa. No cenário mundial, no grande ringue da competição das nações, sobressaem os mais fortes, os mais preparados, os mais dinâmicos. O prêmio não é um simples troféu e um bonito diploma entregues num jantar festivo.
Nesta guerra de gente grande, os lugares de destaque significam, em última análise, a prosperidade de povos inteiros. Não é apenas estar incluído no rol das instituições mais estáveis e éticas, ou na lista das maiores corporações, ou dos grandes inventos, e outras conquistas importantes. É plantar, evoluir, consolidar e assegurar o futuro de gerações. Esta seria a verdadeira "política social".

É isso que os políticos brasileiros e, diga-se de passagem, raros sul-americanos conseguem enxergar ou pôr em prática. Raríssimos pensam a longo prazo. Preferem gastar na "bolsa esmola" e manter os seus currais eleitorais, do que criar bases para a autêntica prosperidade.

Dá para consertar?
Condições para isso o Brasil tem. Temos um mercado interno; um setor produtivo dinâmico e amplo; um grau de sofisticação e capacidade de inovação do setor empresarial muito positivos. É verdade que obtivemos isso a duras penas: apesar dos governos, apesar das instituições não-confiáveis e, apesar da sua corrupta burocracia.
Mas, poderíamos ter alcançado isso há 50 anos, ou há duas gerações... afinal, quem liga?

No entanto, ao invés de avançar na classificação dos países competitivos, recuamos. Por quê?
“Nossos indicadores mostram uma falta generalizada de confiança nas instituições públicas, causada pela falta de ética e à ineficiência burocrática” nos informa Irene Mia, responsável pela América Latina na edição 2007 do Relatório de Competitividade Global, do Fórum Econômico Mundial”.
Outro dado grave é o sistema educacional. Só conseguiremos utilizar todo o nosso potencial competitivo quando equacionarmos esse problema.

Entre outros agravantes do nosso atraso competitivo estão: os entraves burocráticos que tolhem em grande monta a atividade empreendedora; o impacto negativo da corrupção generalizada envolvendo “autoridades brasileiras”; os desmandos na gestão do dinheiro público, que acaba comprometendo a infra-estrutura do país; a legislação trabalhista que coloca o país como campeão mundial de processos legais, nesta área; e a própria morosidade do sistema judiciário brasileiro.

A classificação brasileira é, mais uma vez, ridícula. Entre 131 economias analisadas, o Brasil está em 72º lugar! Estão à nossa frente os outros 3 membros do chamado “BRIC”, China, (34º), Índia (48º), Rússia (58º), países que pelas suas características atuais competem diretamente conosco.
Na América Latina estão na nossa frente: o Chile (26º), Porto Rico (36º), México (52º), Panamá (59º), Costa Rica (67º) e Colômbia (69º).

Entram nessa avaliação 12 itens:
Instituições; infra-estrutura; estabilidade macroeconômica; saúde e educação primária; educação superior e treinamento; qualidade de mão-de-obra; eficiência do mercado e tamanho do mercado interno; sofisticação do mercado financeiro; preparo tecnológico; sofisticação empresarial e inovação.
Não há dúvida de que, em alguns desses parâmetros, a posição brasileira é boa. Entretanto, o que vale é a média do conjunto.

Elaborado com o objetivo de identificar os principais fatores que determinam o crescimento econômico e, explicar por que alguns países têm mais êxito que outros, o relatório do WEF tornou-se uma fonte de informações determinante entre as grandes corporações e mesmo instituições multilaterais, quando essas pretendem investir num país.

Ao invés de irem à FIFA em grande (e ridícula) comitiva, expondo-se vossas excelências à verdadeira essência de suas políticas públicas, ou seja: “para o povo pão e circo”, nossos governantes deveriam estar estudando, atentamente, as conclusões desse importante relatório econômico para pô-lo em prática e, assegurar às gerações futuras um nível de vida melhor e mais digno.

sexta-feira, outubro 26, 2007

A violência e a omissão do Estado.



Este é um assunto recorrente. Apesar da indignação geral, somos quase que impotentes e nos tornamos amorfos no cotidiano.
Um amigo me pergunta e, aproveito para reproduzir uma correspondência com o professor Miguel Reale, pouco antes dele falecer , em Abril de 2006.

Caro Professor Miguel Reale

Já há muito tempo desejo escrever-lhe para parabenizá-lo sobre seus artigos. Independentemente do assunto, eles sempre me pareceram objetivos, lógicos, repletos de civilidade e de bom senso.

Hoje, lendo o seu artigo: “A Violência e a Omissão do Estado” apesar de possuidor de todos esses atributos de excelência, não pude compartilhar com uma das suas conclusões, ou seja, de que a “exclusão social”, seria determinante como raiz da violência urbana. As outras: a omissão do Estado e a enorme influência da televisão no comportamento da sociedade posso concordar plenamente.

Não tenho dúvida, e concordo também que o perverso círculo vicioso da relação baixa educação / desemprego; das conseqüências sobre a incapacidade do Estado de prover os serviços básicos; e que as desigualdades sociais podem, em determinadas circunstâncias, criar ambientes de revolta.

Entretanto, no meu ponto de vista, o cerne da questão do aumento desproporcional da violência urbana têm outras causas.

As duas principais são: a escandalosa impunidade propiciada pela inoperância do Sistema Judiciário e o despreparo e corrupção existentes nas nossas Polícias.

Para reforçar esta conclusão, a estatística recente nos auxilia, em dois aspectos:
Primeiro, indicando que o poder de compra das classes C, D e E evoluiu significativamente nos últimos cinco anos, graças à estabilidade da moeda. E evoluiu apesar do crescente índice de desemprego na economia formal, no período 94/99. Isto é, a pobreza efetivamente diminuiu no Brasil, enquanto a violência cresceu exponencialmente.

Segundo, em outros dados, o Estado de S. Paulo ostentava, em 1999, o lamentável record de 203 mil veículos roubados. As companhias de seguro estimam que mais de R$ 500 milhões, em duas mil ocorrências, o roubo de cargas no país. Outros R$ 110 milhões foram roubados em portos, aeroportos em áreas de carga e transferência. E nesta rubrica, o Estado brasileiro vai além da omissão: é comprovadamente cúmplice nesse próspero negócio, com a participação ativa de funcionários da Polícia e da Justiça, conforme amplamente divulgado o ano passado.

A terceira referência estatística nos indica que apenas uma parte ínfima dos crimes cometidos é punido na forma da lei, o que significa que é a garantia de impunidade que gera o crime, e não a desesperada necessidade de sustento, como apregoam os políticos demagogos e os burocratas incapazes.

Além de exemplos significativos de ação de outros países que têm em muito menor grau a chamada “exclusão social”, uma consistente série de reportagens da jornalista Marinês Campos no ano passado, ajuda comprovar esta tese e aniquila “a velha lengalenga, politicamente correta, de que a violência reinante no Brasil não passa de um subproduto da miséria, agravada pelo desemprego inerente à globalização...” nas excelentes palavras do também jornalista José Nêumanne Pinto.

“O que produz o aumento assustador dos índices de latrocínio nas metrópoles brasileiras não é o impulso de matar a fome, mas o estímulo ao ganho fácil, quase sem risco. A explicação de que a violência resulta apenas da revolta provocada pela carência tem origem na falácia marxista de que a economia é mãe da política e da história, estando na raiz de tudo. O pai de família que desesperado vai a rua assaltar pode até existir, mas a soma dos que recorrem a este gesto extremo é insignificante estatisticamente. No entanto é muito mais cômodo continuar condicionando o crime à miséria, porque este é o melhor meio de evitar prestar contas da incapacidade do Estado de combatê-lo”.
Em resumo, este é o meu ponto de vista, caríssimo professor.
Entretanto, creio que temos um problema maior para combater a violência, seja qual for a sua origem.

Como executar seriamente políticas de combate à criminalidade quando esta está instalada nos poderes do Estado?
Milhões de reais são desviados, a cada ano, de suas finalidades públicas. Prevaricação, nepotismo, peculato, concussão, corrupção e até homicídios para ocultar provas e eliminar testemunhas são lugares comum nas entidades públicas brasileiras. Dos vereadores de São Paulo aos servidores do Judiciário de Mato Grosso, do Rio de Janeiro às Alagoas ou ao Pará... muito dos servidores públicos estão envolvidos em algum tipo de crime.
Como combater a violência eficazmente se o crime e a corrupção, além da ineficiência, estão arraigados nos órgãos que teriam obrigação de combatê-los?

A pintura é de Cândido Portinari "Criança morta" de 1944.

sábado, outubro 20, 2007

O Ministro da Educação e a doutrinação marxista.


Após longo e pioneiro trabalho promovido pela “Escola Sem Partido.org”, a grande imprensa parece começar dar atenção para o grave problema da doutrinação político-ideológica nas escolas brasileiras.

Ao analisar livros didáticos como “Nova História Crítica” e "Projeto Araribá, História Ensino Fundamental, 8”, artigos como os dos jornalistas Ali Kamel (O Globo de 18/09 e 02/10) e Reinaldo Azevedo (artigo no seu blog em 02/10) põem diretamente o dedo na ferida do cancro que tomou conta de grande parte do ensino brasileiro.

A doutrinação esquerdista nas escolas não é nova. Entretanto, agora está institucionalizada como quase todas as falcatruas que vêm desse leviano, populista, medíocre e corrupto desgoverno petista. E, é claro que eles negam, minimizam, desconversam e ocultam. É a surrada técnica dos comunistas quando flagrados com a boca na botija.

O fato verdadeiro é que as teorias do pai do totalitarismo perfeito, Antonio Gramsci, estão em pleno uso e tem suporte oficial, apesar da enorme cara de pau do fedelho que ocupa atualmente o posto de titular no MEC.

O advogado Miguel Nagib, coordenador do “Escola Sem Partido", foi muito delicado ao comentar a entrevista (não deixe de ler) do petista Fernando Haddad, o nosso ministro da deseducação, sobre o assunto (publicado nas páginas amarelas da Veja do dia 17 último).
Os comentários do senhor Nagib são precisos. Indica ele, ainda, uma ótima sugestão de como acabar com essa prática covarde e imoral que é a doutrinação ideológica de crianças e jovens:
“Se o Ministro da Educação estiver realmente disposto a acabar com a doutrinação ideológica nas escolas – e ele tem obrigação de fazer isto –, basta afixar em cada sala de aula do país um cartaz com a relação aos reais deveres dos professores.
Explico:
Ao lado da liberdade de ensinar está a liberdade de aprender, ambas asseguradas pelo art. 206 da Constituição Federal.
A doutrinação político-ideológica em sala de aula constitui claro abuso da liberdade de ensinar; abuso que implica o cerceamento da correspondente liberdade de aprender, já que, numa de suas vertentes, essa liberdade compreende o direito do estudante de não ser doutrinado. Ora, só um estudante consciente dos seus direitos e conhecedor dos deveres dos professores poderá defender-se contra a ação abusiva de professores militantes.
Aos direitos compreendidos na liberdade de aprender do estudante correspondem, entre outros, os seguintes deveres do professor:




  • O professor não abusará da inexperiência, da falta de conhecimento ou da imaturidade dos alunos, com o objetivo de cooptá-los para esta ou aquela corrente político-ideológica.


  • O professor não favorecerá nem prejudicará os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, religiosas, ou da falta delas.


  • O professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula.


  • O professor não incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas.


  • Ao abordar temas controvertidos, o professor apresentará aos alunos, de forma justa – isto é, com a mesma profundidade e seriedade –, as diversas versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito.


  • O professor deve conhecer os argumentos e teorias de que discorda tão bem quanto aqueles em que acredita, a fim de poder apresentá-los como o faria se fosse seu defensor.


  • O professor não promoverá em sala de aula debates preordenados a corroborar a "verdade" ou a "superioridade" de determinada corrente política ou ideológica.


  • O professor não criará em sala de aula uma atmosfera de intimidação capaz de desencorajar a manifestação de pontos de vista discordantes dos seus, nem permitirá que tal atmosfera seja criada pela ação de alunos sectários “.



E ainda comenta: ”A esquerda que seqüestrou a educação brasileira não é velha nem nova: é a esquerda de sempre, aquela para a qual os fins justificam os meios. Portanto, para eles, não é errado abusar da inexperiência, da imaturidade e da falta de conhecimento de um jovem para fazê-lo empunhar as bandeiras da sua causa.

Não há como não concordar em gênero, número e grau com os comentários do advogado Miguel Nagib. Leiam abaixo, ainda, o artigo do jornalista Reinaldo Azevedo sobre o mesmo tema: “Esquerdopata, esquerdocínica ou esquerdiota? Ou os três?”.

"O ministro da Educação, Fernando Haddad, participou, nesta terça, de uma solenidade no Ministério da Saúde. À saída, indagado pelos repórteres sobre a manipulação ideológica dos livros didáticos, que vem sendo apontada pelo jornalista Ali Kamel, respondeu: “Não é uma opinião generalizada. O programa livro didático é muito elogiado; tem sido aperfeiçoado ao longo dos anos, e nós temos que respeitar a pluralidade de opiniões, né?” E emendou: “O MEC não professa ideologias. O MEC é guardião da liberdade e vai continuar sendo guardião da liberdade...” E achou que sua contribuição ao equívoco ainda era pequena, daí ter optado pelo complemento: “O Ministério da Educação só compra livros que são escolhidos pelos professores. Então, tem três soluções: manter a liberdade, censurar os livros ou trocar os professores. Eu fico com a primeira.”

Há várias coisas somadas aí. A menos grave, acreditem, é a apologia da ignorância em nome da pluralidade e da democracia. Leiam o texto de Kamel. Além da empulhação ideológica, há também o erro estúpido.

O ministro que tem “Haddad” no sobrenome acredita ser mera questão de liberdade de opinião afirmar, por exemplo, que a Arábia Saudita é um país xiita ou que os xiitas são mais “radicais” do que, por exemplo, os sunitas da Al Qaeda.

Mas vamos à questão que é mais grave. A estupidez esquerdopata, esquerdocínica e esquerdiota afirma que democracia se resume à vontade da maioria — vale a “democracia hitlerista”, por exemplo; ou “democracia mussolínica”; ou, por que não? chavista? Vejam lá: porque os professores escolheram (falarei já desse método), para ele, parece bem. Pergunta simples e direta? E se escolherem um livro fascista? Pode? Ou, sob certas circunstâncias, a “vontade da maioria” seria coibida em nome de outro valor, e o nosso homem não veria mal nenhum em “censurar" os professores? Aliás, não precisaria muito: um livro didático que apontasse o petismo não como a solução dos problemas — como faz aquele analisado por Kamel —, mas como um criador de casos teria alguma chance de ser adotado?

Democracia supõe instituições duradouras e um estado que, ao menos, se esforce para ser neutro. É próprio do regime que seja vincado por este ou por aquele partido que está no poder, já que se distinguem as políticas públicas. Mas esse vinco há de ser de superfície. Não se concebe que, em nome da vontade da maioria, se possa ensinar uma mentira. Leiam isto: “Em 1º de janeiro de 2003, o governo federal apresentou o programa Fome Zero. Segundo dados do IBGE, 54 milhões de brasileiros vivem em estado de pobreza. Em nenhum país do planeta existem tantos pobres vivendo entre pessoas tão ricas”.

Não temos aí uma mera questão de opinião. Temos uma fraude. Ou ainda: “Por que, apesar de tantos avanços tecnológicos, pessoas continuam morrendo de fome? É possível mudar essa situação? Os revolucionários russos de 1917 acreditavam que sim. Seguros de que o capitalismo era o responsável pela pobreza, eles fizeram a primeira revolução socialista da história. Depois disso, o mundo nunca mais seria o mesmo. Hoje, passado quase um século, o capitalismo retornou à Rússia, e a União Soviética, que nasceu da Revolução Russa de 1917, não existe mais. Valeu a pena? É difícil responder. Mas como dizia um membro daquela geração de revolucionários, é preciso acreditar nos sonhos.”

Viram só? Os revolucionários socialista eram, assim, uma espécie de antecipação de Betinho, eventualmente um pouco mais sanguinários.

Nota: as duas maiores fomes da história foram impostas ao “povo” por revolucionários socialistas: por Stálin, com a coletivização forçada da agricultura, e por Mao Tse-Tung, com seu “Grande Salto Para a Frente”.

A afirmação, pois, é uma picaretagem, uma falsificação histórica, uma mistificação ideológica. Mas Haddad, o “democrata”, acredita que é preciso ficar atento à opinião do que ele pretende seja uma maioria. E acusar de censor quem aponta a fraude. Não é por acaso que, nas universidades federais que estão sob o seu comando, a mistificação também corra solta. Já demonstrei aqui o que andam fazendo com os vestibulares nessas instituições. Trata-se de testes ideológicos. Já disse: sou eu só aqui, de bermuda e chinelo. Já passou da hora de o jornalismo investigar como é feita a seleção desses livros:- quem os envia aos professores?- Há uma pré-seleção?- as editoras fazem seu lobby nas escolas e aguardam a resposta dos professores?- quem é o encarregado, no ministério, de ouvir os professores?- participa quem quer?- quando e em quais casos um livro pode ser retirado do programa?

Questão de fundo. Sim, é preciso voltar às teorias do pai do totalitarismo perfeito, Antonio Gramsci, aquele segundo quem as verdades do “partido” deveriam se consolidar como um “imperativo categórico”, um “laicismo moderno”. Isso está em curso. Os professores saem da universidade com os miolos entupidos de submarxismo — no caso das lojinhas disfarçadas de faculdade, sustentadas pelo ProUni, nem isso — e depois vão escolher livros, comprados pelo estado, que serão distribuídos aos estudantes. Os professores-autores, por sua vez, repetem as mesmas falsidades que lhes foram sopradas aos ouvidos no curso de graduação. E o ciclo se fecha. E depois nos espantamos todos que a escola brasileira seja tão ruim.

Haddad, à diferença do que diz, não está “mantendo a liberdade”. Está é estimulando a indústria da ignorância e da mistificação ideológica. Compreendo: ele é parte disso e só por isso é ministro da Educação. É um dos esbirros de um projeto de poder. A pluralidade em nome da qual ele fala é discurso único: de esquerda.

Para finalizar, um comentário genial de uma leitora do Reinaldo:
“À sua pergunta no título do post (Esquerdopata, esquerdocínica ou esquerdiota? Ou os três?) a resposta é indubitavelmente a segunda: aplicam-se SEMPRE as três adjetivações. São qualificativos perfeitos para esse tipo de animal que se proliferou em razão do ímpeto reprodutivo daqueles que são alimentados peles tetas do Estado e pela corrupção”.

segunda-feira, outubro 15, 2007

O atlas das Liberdades.


clique no mapa

Voltando às estatisticas, estas são muito mais importantes...
Talvez não sejam absolutamente precisas, mas nos dão uma boa noção de como os estados nacionais se comportam...

(apesar de já conhecer a publicação, o crédito vai para o ótimo "blog da sabedoria" onde recentemente ví o link)

sábado, outubro 06, 2007

O segundo aniversário...Socorro!



Tá dificil...
Em matéria de política está simplesmente DESANIMADOR!
A cada mês que passa, as coisas só pioram no que se refere a ética das instituições, ao caráter dos políticos e a distorção da verdade...
Desde que o PT assumiu o poder, o que era exceção virou regra...
Institucionalizou-se a mentira e o roubo...Glamurizou-se a estupidez. Festeja-se a estultice.
A mesmice fétida espalhou-se dos sindicatos para o resto do país...
Não sobra NADA! Congresso, Executivo, Judiciário...
É simplesmente MUITA MEDIOCRIDADE e MUITA SEM-VERGONHICE, para um só país !
Confesso que entro no terceiro ano do blog sem muita esperança no Brasil...
Não fosse a lembrança da "tarefa de Isaias", o negócio seria parar...
Creio que é por isso que tenho postado tão pouco...

Opa!
Mas, pensando bem, a vida não é só política...(embora intuitivamente, basta ter conciência de que, sendo este o seu país, para não conseguirmos nos livrar de uma permanente sensação de asco e nojo).
Bem... (respirando fundo) mesmo assim, num esforço de auto-preservação, creio que vou mudar de praia por uns tempos...
A praia aí de baixo...


A minha nova praia...

...além da praia, a foto é uma homenagem a simplicidade da alma feminina...

domingo, setembro 16, 2007

Estatísticas mundiais? Yes, please...



Quem disse que estatísticas são monótonas?

Algumas são impressionantes quando atualizadas a cada segundo...

Não acredita? Dê só uma olhada...




terça-feira, setembro 11, 2007

"Post hoc ergo propter hoc"



A expressão “post hoc ergo propter hoc” – que significa “depois disso, logo por causa disso”, foi considerada válida durante séculos, apesar de ser uma falácia lógica, porque nem sempre os fatos que se sucedem no tempo são conseqüência necessária dos que os antecedem.
O Brasil, por exemplo, findou a monarquia - caracterizada pela honestidade dos dirigentes na condução dos interesses da Nação - interrompendo um ciclo de mais de 40 anos de progresso que antecedeu a proclamação da republica, e caiu na farsa política e na mediocridade econômica - se comparado internacionalmente.
É difícil compreendermos por que, até o fim do reinado de Pedro II, o Brasil era um país mais promissor que os EUA, mais importante que a China, Índia, o Japão, a Coréia e quase todos os países europeus e hoje ocorre o oposto.
O PIB dos EUA é cerca de 13 vezes maior que o nosso e essa nação possui o maior poderio científico, tecnológico, econômico e militar do planeta; a Coréia do Sul, há 40 anos, era um dos países mais atrasados do mundo e hoje é mais desenvolvido que o nosso.
No Brasil, após 118 anos, o regime republicano mantém uma legião de analfabetos, oferece educação da pior qualidade e exames feitos por instituições internacionais comprovam que seus alunos se classificam entre os mais despreparados do mundo. Os sucessivos governos republicanos não foram capazes de resolver as questões mais elementares de educação, saúde, transporte, saneamento e segurança.
Custa a acreditar que a República tenha sido instituída de forma provisória, apoiada por um partido que tinha apenas dois deputados e que o decreto de sua criação estabeleceu: “Art.1º - Fica proclamada provisoriamente e decretada como forma de governo da nação brasileira a república federativa.” Sem ironia e com respeito ao personagem, convém lembrar que o maior responsável pela queda da monarquia foi o diretor de uma escola de cegos. A condição provisória durou até 1993, quando um plebiscito confirmou o regime republicano, a respeito do qual Ruy Barbosa afirmou: “O mal gravíssimo e irremediável das instituições republicanas consiste em deixar exposto à ilimitada concorrência das ambições menos dignas o primeiro lugar do Estado e, desta sorte, o condenar a ser ocupado, em regra, pela mediocridade.” Desiludido com o regime republicano, já em 1914, Ruy pronunciou a famosa frase no Senado, em 17 de Dezembro: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
Passados 118 anos da Proclamação, o legado republicano é essa nação pobre, com uma legião de analfabetos, doentes e inválidos, com criminalidade infrene e miséria generalizada; um sistema educacional vergonhoso, a agricultura em permanentes sobressaltos, a indústria pouco competitiva e perdendo espaços para países emergentes. Não tem estradas, ferrovias, hidrovias e navegação de cabotagem e suas Forças Armadas estão à míngua. Mas nesse mesmo período, e apesar das duas guerras mundiais que quase dizimaram, o Japão e a Europa passaram a apresentar índices de desenvolvimento muito superiores aos nossos.
Sempre aguardando a confirmação do vaticínio de Stephan Zweig, que garantiu ser este o “país do futuro”, o Brasil espera o dia de amanhã e vive à procura de quimeras, a última das quais é inundar o planeta com etanol. Entretanto, talvez por ignorância, deixou de construir os reatores nucleares previsto há três decênios e que supririam a energia que faltará nos próximos anos sem a qual não haverá crescimento. As reformas se repetem, como se leis e decretos bastassem para resolver problemas. “Corruptissima re plubica plurimae leges”, lembrou Tácito – ou, quanto mais corrupta é a República, mais leis ela possui. Qual é o resultado da reforma da educação do governo passado, que instituiu a “década da educação” e criou a biblioteca básica para o primeiro e o segundo graus, que não tinha livros de Matemática, Física, Química, Biologia e Geociências?
Os recentes episódios envolvendo ocupantes de cargos no Executivo e no Legislativo, denunciados por corrupção e delitos diversos, enxovalham a Nação, expõem-nos à execração pública, ao ridículo internacional e nos elegeram valhacouto de megatraficantes e bandidos de todos os matizes. Esses graves desvios de conduta, que não existem apenas na órbita federal e refletem a decomposição moral e ética generalizada, são conseqüência natural da falência da educação, da incompetência, do descaso e da inoperância de órgãos públicos e dos maus exemplos de integrantes das classes dirigentes.
As reformas do ensino são feitas sem critério e os cursos de Direito e Medicina proliferam atendendo a interesse políticos e financeiros; o governo federal cria universidades sem necessidade real e sempre sem contar com professores capazes disponíveis e infra-estrutura adequada; os alunos do ensino fundamental são submetidos a uma pletora de disciplinas ornamentais, supérfluas e até inúteis, mas nem conseguem falar e escrever de forma compreensível. O desastre é generalizado.
Há muito tempo, entretanto, as escolas ensinavam o que era necessário à formação intelectual e profissional e nos incutiam valores morais e éticos permanentes; nessa ocasião, ensinavam-nos Latim e líamos os textos menos difíceis, o livro das Metamorfoses de Publius Ovidius Naso, por exemplo, que tanto tem que ver com os dias de hoje nesta Terra dos Papagaios; “Vivitur ex rapt; non hospes...”, ou seja, “vive-se do roubo; amigos não estavam seguros com amigos, nem parentes com parentes e a bondade era rara entre irmãos...”
Pobre Brasil.



PS: O artigo original é do prof. José Carlos Azevedo - doutor em física pelo MIT e ex reitor da UnB. Foi editado pelo Freeman. A pintura é de Portinari - paisagem de Brodowski, 1940.

quinta-feira, agosto 23, 2007

A vocação do molusco.




“Minha amizade pessoal é uma coisa, questão partidária é outra, relação com adversários é outra. Mas tem gente que não pensa assim. Essa gente que não pensa assim fez a Marcha com Deus pela Liberdade em 1964, que resultou no golpe militar. Essa gente que não pensa assim levou Getúlio ao suicídio. Essa gente que não pensa assim, ficou contente com os 23 anos de regime militar e está incomodada com a democracia. Porque democracia pressupõe o pobre ter direitos.”
“Os que estão vaiando são os que mais deveriam estar aplaudindo, porque são os que mais ganharam dinheiro no meu governo. A parte pobre da população é que deveria estar zangada. É só ver quanto ganharam os banqueiros, os empresários. Não pensem que vão deixar o Lula dentro do gabinete. Estou realizando essa solenidade em lugar fechado porque é um ato institucional. Não estou fazendo comício. Mas se alguns quiserem brincar com a democracia, sabem que ninguém neste paiz consegue colocar mais gente na rua do que eu.”

Como podem ver o presidente da república é incoerente e contraditório em quase tudo, menos na arte de embaralhar as idéias para tirar proveito em seus discursos demagogicos e populistas. Ah! A outra coerencia sua é demonstrar, quase sempre sutilmente, a sua verdadeira vocação...
Neste discurso de 31 de Julho, além de preconceituoso, foi absolutamente leviano nas acusações aos seus críticos e, como todo medíocre, foi prepotente e autocrático ao traduzir-se como sinônimo da única força política válida no país.
Ao fim, depreende-se que o presidente da república está chamando para a briga quem se opõe a ele, carimbando com golpista os que usam a liberdade de expressão para o exercício do contraditório e do protesto, e dizendo-se capaz de organizar, nas ruas, o contragolpe.
Não foi possível alcançar o que o senhor Inácio da Silva quis dizer com “amizade pessoal é uma coisa, questão partidária outra e relação com adversários outra”. Seria importante obter o significado real da frase, porque ela serve de introdução a acusações de quem não “pensa assim”. E nós perguntamos: assim como, cara pálida? A respeito do que? De amizade, de partidos, de adversários?
Segundo ele, quem vaia, discorda e está insatisfeito merece a pecha de “essa gente” e ainda a acusação de ter levado Getúlio ao suicídio, marchado pelo golpe e compartilhado com a ditadura.
O presidente da república usa artimanhas de oratória de forma desmedida, incongruente e irresponsável.

Primeiro, porque via de regra, ele não sabe o que fala.
Segundo, porque o país é desmemoriado, iletrado e tampouco sabe direito do que ele fala.
Terceiro, porque vários dos seus aliados, gente que hoje “pensa assim” e o aplaude em troca de cargos, estiveram refestelados nos gabinetes do autoritarismo.
Quarto, porque Lula desrespeita o enorme contingente de pessoas que discordam dele e discordaram até mais do que ele da ditadura, cujos atos de governo já lhe serviram várias vezes como modelo de país, sendo a vocação para a supremacia do Estado sobre a sociedade apenas uma delas!
Quinto, porque boa parte “dessa gente” contribuiu para o retorno da democracia e, ao contrário do PT, participou efetivamente da transição, a começar por legitimar a via eleitoral – enquanto os sectários pregavam o voto nulo – e a terminar pelo apoio à candidatura de Tancredo Neves no colégio eleitoral de 1985, repudiado pelos petistas ao ponto de ter custado a expulsão de três deles.
Sexto, porque democracia não pressupõe só a garantia aos “direito dos pobres”, mas de todos os cidadãos. Muitos desses direitos, aliás, assegurados aos “pobres” na Constituição de 1988, na qual o partido de Lula recusou-se a pôr assinatura.
Sétimo, porque o fato de empresários e banqueiros estarem “ganhando dinheiro” no governo Lula, não os obriga a serem subservientes.
Oitavo, porque se acha que os ricos deveriam estar felizes e os pobres zangados, então confessa ter privilegiado alguém em detrimento de outrem.
Nono, porque tem medo de vaia sim. Pautado por ele absteve-se de abrir e encerrar os jogos Pan-Americanos. Como prova disso mandou cancelar viagens aos estados “mais oposicionistas” e reage a possíveis manifestações de protesto ao molde de Luiz XIV, como se “L’Etat”, no caso de Lula, fosse realmente “moi”.
Décimo, porque admite “brincar com a democracia” quando acusa os críticos de promoverem a brincadeira e, ao mesmo tempo lança o repto: “Ninguém neste país consegue colocar mais gente na rua do que eu”.
De fato, quando se tem nas mãos os instrumentos de um estado gigantesco e não se tem pudor em usá-los de forma patrimonialista, consegue-se tudo. Menos impedir as pessoas de pensar.






O artigo original é de Dora Kramer, foi editado pelo Freeman.

quarta-feira, agosto 22, 2007

Uma pequena nota de retorno...


Quando ficamos algum tempo fora do país podemos avaliar com melhor nitidez o que se passa com o Brasil.
Aliás, com os dois Brazis. O Brasil real e o Brasil oficial.
Além da natural saudade das pessoas e de lugares, pelo Brasil real ainda sentimo-nos orgulhosos da nossa privilegiada (embora expoliada) natureza e, no mundo corporativo, pelos executivos e empresários brasileiros, que se destacam, cada vez mais no comando de grandes e médias empresas no competitivo exterior.
Pelo lado “oficial” a situação é bem outra: tudo parece cada vez pior.
Por mais que não queiramos pensar ou falar no assunto, como refletimos instintivamente, as situações do cotidiano nos levam, inevitavelmente, a comparações entre o país visitado e o Brasil.
E aí que a porca torce o rabo e, se possível, procuramos não ser identificados como nativos do “país oficial” que é uma verdadeira vergonha nacional!
Só não enxerga quem não quer!

quarta-feira, julho 11, 2007

O melhor produto chinês!



Até os comunistas podem dar bons exemplos, às vezes...
Um ex-ministro acusado de corrupção foi executado nesta terça-feira na China. O fato é considerado um exemplo e uma advertência a poucos meses do congresso do Partido Comunista (PC), que estará centrado na "harmonia" para aliviar as tensões sociais e o mal-estar da população.
A Suprema Corte rejeitou a apelação apresentada pelo ex-diretor da Administração do Estado para a Alimentação e os Medicamentos na China, Zheng Xiaoyu, 62 anos, condenado à morte no final de maio por ter recebido 6,4 milhões de yuans, aproximadamente 620.000 euros (ninharia perto do que o PT & quadrilha roubam do Brasil), de suborno por parte de empresas farmacêuticas e por descumprimento do dever. A execução do ex-ministro, demitido há dois anos, aconteceu dentro de um contexto de escândalos que questionam a qualidade dos produtos do país, em particular para a exportação.
O objetivo é enviar uma mensagem clara aos dirigentes que o governo não aceitará corrupção. (Ah, se a moda pega no Brasil).
Há vários meses, a imprensa dá destaque (até na China!) a reportagens sobre o estilo de trabalho dos dirigentes chineses.
Em uma recente entrevista He Yong, vice-secretário da Comissão de Disciplina do PC, organismo responsável por descobrir os dirigentes corruptos, manifestou suas inquietações e afirmou que esta é "uma questão de vida ou morte para o Partido e o Estado" (Poxa! Que pena não é para o PT e o Brasil).
Também advertiu contra os desvios dos que utilizam seu poder em benefício próprio, de amigos ou familiares, enquanto a população enfrenta dificuldades crescentes: preço dos aluguéis, emprego, previdência social, gastos escolares, problemas de meio ambiente, expulsões, pedidos de terra no campo.
"Devido ao trabalho mal feito, à burocracia e ao não cumprimento do dever, os problemas não foram resolvidos, o que agrava a situação e leva inclusive a incidentes de massa que perturbam a estabilidade social", disse He."É preciso punir severamente as faltas dos dirigentes", acrescentou.
Para He Weifang, professor de Direito na Universidade de Pequim, a execução de Zheng está destinada "a acalmar a revolta popular".
O ex-ministro Zheng Xiaoyu foi demitido em junho de 2005 depois de comandar durante oito anos a Administração de Alimentação e Medicamentos (SFDA), no qual implementou um sistema de autorização de remédios particularmente polêmico. Dois ex-assessores de Zheng também foram condenados por corrupção, um à pena de morte com clemência de dois anos e outro a 15 anos de prisão.


fonte: agencia France Press, de Pequim.

sexta-feira, junho 29, 2007

Tiranias na Democracia - 3



O nosso calcanhar de Aquiles

Como citamos no final do nosso “capítulo 1”, entre os principais problemas do Brasil, como organização política, está: a falta do controle efetivo e permanente dos cidadãos sobre o Estado.

Esta falta de controle, por sua vez, é causada pela deformação das regras político-partidárias e, pelo sistema representativo vigente. Este tem como causa primeira a ignorância do povo (e a má fé crônica dos políticos) no que se refere às regras básicas para o funcionamento sadio de uma Democracia, de um Regime Constitucional Representativo.

Sem uma representação efetiva, isto é, sem um verdadeiro controle, sem que possamos eleger e, principalmente ter acesso permanente aos nossos representantes, permitimos, na prática, que políticos ajam ao seu bel prazer, e não com o compromisso de defender programas partidários pré-estabelecidos e conhecidos dos cidadãos.

Além disso, o Estado sendo uma entidade abstrata (e não sendo dirigido por anjos) precisa de normas rígidas de funcionamento: éticas, coerentes e estáveis! E garantidas por uma Corte Constitucional que zele para que os ocupantes dos cargos públicos (inclusive seus próprios juízes) não desrespeitem a Lei.

O Sistema Eleitoral necessário: os pontos fundamentais.

Políticos de todos os partidos vêm postergando, há muitos anos, a aprovação da Reforma Política, sob os mais variados pretextos. Na verdade, eles vêm postergando desde o primeiro governo pós-militar. Da tribuna da Câmara já partiram inúmeros discursos condenando o chamado "entulho autoritário", mas "suas excelências" jamais tiveram interesse em alterar qualquer coisa...

  1. o coeficiente eleitoral
    Precisamos de uma lei eleitoral que respeite o princípio fundamental de um homem, um voto;
  2. voto distrital
    Um sistema que propicie ao eleitor, amplo conhecimento e permanente acesso ao seu candidato/representante;
  3. fidelidade partidária
    Precisamos de regras partidárias éticas e estáveis que possibilitem distinguir as agremiações pelas suas idéias e princípios, e não pelo carisma momentâneo dos seus candidatos. E a fidelidade partidária é fundamental para a efetiva representação dos cidadãos. Tem que ser absoluta! Se um eleito resolver mudar de partido, deve perder o mandato e aguardar a próxima eleição para poder se candidatar novamente pela nova agremiação escolhida.

Coeficiente eleitoral, quando distorcido, como no Brasil, faz com que o voto de um eleitor de S. Paulo, por exemplo, valha menos que o do seu compatriota do Norte/Nordeste ou do Centro/Oeste. Isto é, de fato, um estelionato eleitoral, uma discriminação política inaceitável, pois estamos sub-representados no parlamento da república...

Aliás, poderíamos propor, concomitantemente, uma redução geral de representantes, digamos, para a metade da atual, tanto no Congresso, como nas Assembléias Estaduais e Municipais! Imaginem só a economia em custeio e a diminuição do risco de corrupção... Os Estados Unidos, com o dobro da população brasileira, tem menos representantes que o congresso nacional...
Sem um sistema eleitoral decente: o voto distrital, a fidelidade partidária, e o respeito ao coeficiente eleitoral, jamais seremos representados efetivamente!Por essa razão, a reforma política é a mais importante das reformas! Com representantes verdadeiros, os cidadãos poderão empreender as demais reformas, com leis justas que beneficiem a Nação produtiva e não mais os políticos e burocratas parasitas!

quarta-feira, junho 27, 2007

"Quero meu País de volta."














Bruno Lucio de Carvalho Tolentino 1940 - 2007

Peço licença para intercalar este post, na série "Tiranias na Democracia", para homenagear uma grande inteligência brasileira. Grande ao ponto de não ser divulgado o quanto merece e, evidentemente, boicotado pela mediocridade que predomina no cenário brasileiro.

Faleceu Bruno Tolentino. Verdadeiro poeta e intelectual brasileiro. Autor da frase título e ainda da frase "Sequestraram a inteligência brasileira" ditas, não em 2007, mas em 1996 numa MONUMENTAL e DEMOLIDORA entrevista - que guardo como relíquia - e que está reproduzida no blog do Reinaldo Azevedo. Perde o Brasil. Perdem todos aqueles que tem uma noção clara do que realmente significa a palavra INTELECTUAL.


Confiram um pouco o mestre do "enjambement", em "O Espirito da Letra" :

Ao pé da letra agora, em minha vida
há a morte e uma mulher... E a letra dela,
a primeira, me busca e me martela
ouvido adentro a mesma despedida

outra vez e outra vez, sempre espremida
entre as vogais do amor... Mas como vê-la
sem exumar uma vez mais a estrela
que há anos-luz se esbate sem saída,

sem prazo de morrer na luz que treme?!
O mostro que eu matei deixou-me a marca
suas pernas abertas ante a Parca

aparecem-me em tudo: é a letra M
a da Medusa que eu amei, a barca
sem amarras, sem remos e sem leme..."


Bruno, a você o meu respeito e a minha homenagem.

terça-feira, junho 19, 2007

Tiranias na Democracia - 2


A origem das normas fundamentais

O termo “Democracia”, que tem a conotação de um regime político aberto, participativo, representativo, isonômico, respeitador do Estado de Direito, etc. é usado por inúmeros países. Infelizmente, a atribuição é enganosa e não representa a completa realidade dos fatos.
Na prática, poucos países podem demonstrar no cotidiano da conduta de suas instituições, estas tão necessárias características .

Aliás, democracia, aqui, é um termo genérico. Talvez devesse ser república.
Como veremos mais adiante, ao abordarmos algumas das principais contribuições, os filósofos que preconizaram o estabelecimento da liberdade (dos cidadãos) como base para uma forma de governo, não vincularam a democracia a esse sistema. Poderia ser uma monarquia, não despótica, e desde que constitucional e republicana. Um regime constitucional representativo, baseado na liberdade individual e no efetivo estado de direito.

O mundo político entre os séculos XVII e XVIII era dominado por regimes monárquicos absolutistas, muitos dos quais tirânicos. Esta foi a escola para os pensadores que buscavam a liberdade como filosofia de vida.
Podemos imaginar, então, que a evolução do pensamento liberal percorreu um longo caminho até tornar-se um sistema político. E aqui outra ressalva: os proponentes das políticas liberais, infelizmente, nunca lograram alcançar todos os seus propósitos. Mesmo na Inglaterra, que é chamada a terra natal do liberalismo.
Em que pese ter sido bastante limitada, a supremacia das idéias liberais foram, ainda assim, suficientes para mudar a face da Terra.

Locke, Kant, Hume, Smith, Tocqueville, Stuart Mill, Montequieu, estão entre os homens que dedicaram grande parte de suas vidas a causa da Liberdade.

As Normas

Para prevenirem o arbítrio despótico, eles e outros nomes não menos importantes, idealizaram um sistema de governo imune aos abusos de quem quer que estivesse no poder.
Formularam um sistema de governo onde prevaleceriam os ditames da verdadeira lei, e não a vontade dos homens no poder. Um sistema fundamentado na liberdade individual e no princípio do Estado de Direito, onde o voto – simples processo de escolha – era apenas uma das características.O verdadeiro Estado de Direito significa a adoção de dois princípios fundamentais que o homem civilizado aprendeu após essa longa vivência:
O primeiro, que todos os órgãos de um sistema de governo devem ter perfeitamente definidas e limitadas as suas funções (a separação e limitação dos poderes institucionais) e,
Segundo, que as leis para serem verdadeiras devem possuir os seguintes atributos: serem normas gerais de justa conduta, iguais para todos, e aplicáveis a um número indefinido de casos futuros. Portanto, normas gerais, abstratas, prospectivas, isonômicas.

A isonomia no Brasil

Não se deve confundir Estado de Direito com a pseudo legalidade que os políticos não se cansam de usar. Para isso, utilizam instrumentos coercitivos de toda a espécie, que podem ser denominados de qualquer coisa, menos de Lei. Para um grande número deles, as “leis” não precisam ser iguais para todos (principalmente para eles), podem ser discricionárias, ante esse ou aquele segmento da sociedade, e até, retroativas.

No quesito da isonomia, os exemplos brasileiros são inúmeros e simplesmente chocantes.
Enquanto vemos os políticos brasileiros acusados de corrupção, fraude e desvio de verbas públicas terem FORO PRIVILEGIADO, nenhum cidadão SEQUER pode prestar concurso a cargo público se estiver sendo processado...
Da mesma forma, políticos e servidores públicos têm critérios de aposentadoria extremamente privilegiados se comparados ao do trabalhador comum. Enquanto o setor privado que contribui com 70% da receita da previdência recebe em benefícios menos de 20%; o setor público recebe mais de 70% dos benefícios contribuindo com menos de 20% da receita.

E é incrível, que muitos brasileiros ainda acreditam que basta votar, trocando os homens do poder, que todos os problemas se resolverão! E acham que, por votarem, estamos todos na “Democracia Plena”...
A representatividade popular obtida eleitoralmente, não é condição suficiente para garantir um regime verdadeiramente livre e democrático. Precisamos também responder à questão fundamental de como os representantes eleitos governarão para o povo.

O que a grande população ignora, é que a simples aplicação do método democrático de escolha, sem uma clara definição que estabeleça os limites de ação do governo, é comparável à troca de monarcas. O que precisamos é justamente definir na Constituição esses limites. Uma Constituição tem por objetivo, exatamente, definir as normas de um sistema de governo, e não tratar de detalhes trabalhistas e outras aberrações.
A nossa irresponsável Constituição de 1988 demonstra claramente o fabuloso “niver” dos nossos políticos, em geral, e do que foram os constituintes em particular...
O que ocorre nos nossos dias é que, sem uma clara definição de atribuições, bem como, sem a efetiva separação de poderes, os políticos manipulam a máquina governamental a seu bel prazer! E esta é outra razão para que o Estado não possua qualquer atividade econômica!
(a continuar)

quarta-feira, junho 13, 2007

Tiranias na Democracia - 1


“Numa Nação Livre os cidadãos definem os limites de poder que concedem ao Estado e aos seus dirigentes. Num País que não o é, os governantes resolvem as liberdades que concedem aos seus cidadãos”.
Este aforismo de J. Goldsmith, que é um dos meus prediletos, resume com precisão o tema central de uma série de artigos que pretendo aqui publicar.
É uma tentativa esperançosa de, ao sintetizar alguns dos princípios originais da Democracia, ajudar a esclarecer e a difundir as verdadeiras causas (e as possíveis soluções) das mazelas políticas brasileiras. Coisa que os políticos não se cansam de complicar.
Se conseguirmos algum êxito - qualquer êxito, certamente estaremos ajudando, também, a minorar a imensa frustração que todos sentimos como cidadãos desta espoliada república.

Por mais que a história brasileira seja eivada de maus exemplos e corrupção, jamais o país passou por igual amplitude de ausência de moral e ética pública.
Políticos inúteis e uma enorme corte de burocratas e parasitas saqueiam a Nação! E o fazem, impunemente, sob a égide do Estado desvirtuado de suas funções e que, ainda, lhes empresta uma imagem pretensamente neutra e justa, pois agem em nome do povo!

A esfera pública tornou-se sinônimo de corrupção, de enriquecimento fácil, de privilégios que a nação trabalhadora não tem.
E o enorme paquiderme oficial, administrado de forma perdulária e patrimonialista não presta nenhum serviço decente à Nação. Pelo contrário, engole recursos estratosféricos só para manter a indolência e a arrogância das suas castas corporativas.
O Estado brasileiro tornou-se um fim para si próprio.
Enquanto espremem a sociedade com tributos escorchantes, confabulam negociatas fascinantes... Enquanto os parasitas do Estado prosperam a Nação produtiva empobrece!

Como sair desta situação?
Por que os políticos só dão desculpas e continuam prometendo sempre para o amanhã?
Por que as coisas boas não podem acontecer agora, para as gerações atuais?

Bem... Fora a gatunagem explicita, basicamente por três motivos:
Em primeiro lugar, porque somos uma imensa platéia inculta, desinformada do essencial no que se refere às regras básicas para o funcionamento sadio de uma Nação, de um regime constitucional – representativo, de uma democracia autêntica.
Em segundo lugar porque as democracias verdadeiras pressupõem a participação efetiva e consciente de parte substantiva de suas populações. Não só nas eleições. Coisa que não acontece conosco.
Em terceiro lugar, porque a nossa democracia está desvirtuada. E entre esses desvios está o sistema de representação. Isto é, não somos verdadeiramente representados.
E é este o nosso calcanhar de Aquiles! Este é o verdadeiro desafio brasileiro.
(a continuar)

terça-feira, junho 05, 2007

Um pouco de História...








História da Solenidade de Corpus Christi


No final do século XIII surgiu em Lieja, Bélgica, um Movimento Eucarístico cujo centro foi a Abadia de Cornillon fundada em 1124 pelo Bispo Albero de Lieja. Este movimento deu origem a vários costumes eucarísticos, como por exemplo a Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento, o uso dos sinos durante a elevação na Missa e a festa do Corpus Christi.
Santa Juliana de Mont Cornillon, naquela época priora da Abadia, foi a enviada de Deus para propiciar esta Festa. A santa nasceu em Retines perto de Liège, Bélgica em 1193. Ficou órfã muito pequena e foi educada pelas freiras Agostinas em Mont Cornillon. Quando cresceu, fez sua profissão religiosa e mais tarde foi superiora de sua comunidade. Morreu em 5 de abril de 1258, na casa das monjas Cistercienses em Fosses e foi enterrada em Villiers.
Desde jovem, Santa Juliana teve uma grande veneração ao Santíssimo Sacramento. E sempre esperava que se tivesse uma festa especial em sua honra. Este desejo se diz ter intensificado por uma visão que teve da Igreja sob a aparêncai de lua cheia com uma mancha negra, que significada a ausência dessa solenidade.
Juliana comunicou estas aparições a Dom Roberto de Thorete, o então bispo de Lieja, também ao douto Dominico Hugh, mais tarde cardeal legado dos Países Baixos e Jacques Pantaleón, nessa época arquidiácolo de Lieja, mais tarde o Papa Urbano IV.
O bispo Roberto ficou impressionado e, como nesse tempo os bispos tinham o direito de ordenar festas para suas dioceses, invocou um sínodo em 1246 e ordenou que a celebração fosse feita no ano seguinte, ao mesmo tempo o Papa ordenou, que um monge de nome João escrevesse o ofócio para essa ocasão. O decreto está preservado em Binterim (Denkwürdigkeiten, V.I. 276), junto com algumas partes do ofício.
Dom Roberto não viveu para ser a realização de sua ordem, já que morreu em 16 de outubro de 1246, mas a festa foi celebrada pela primeira vez no ano seguinte a quinta-feira posterior à festa da Santíssima Trindade. Mais tarde um bispo alemão conheceu os costume e a o estendeu por toda a atual Alemanha.
O Papa Urbano IV, naquela época, tinha a corte em Orvieto, um pouco ao norte de Roma. Muito perto desta localidade está Bolsena, onde em 1263 ou 1264 aconteceu o Milagre de Bolsena: um sacerdote que celebrava a Santa Missa teve dúvidas de que a Consagração fosse algo real., no momento de partir a Sagrada Forma, viu sair dela sangue do qual foi se empapando em seguida o corporal. A venerada relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 junho de 1264. Hoje se conservam os corporais -onde se apóia o cálice e a patena durante a Missa- em Orvieto, e também se pode ver a pedra do altar em Bolsena, manchada de sangue.
O Santo Padre movido pelo prodígio, e a petição de vários bispos, faz com que se estenda a festa do Corpus Christi a toda a Igreja por meio da bula "Transiturus" de 8 setembro do mesmo ano, fixando-a para a quinta-feira depois da oitava de Pentecostes e outorgando muitas indulgências a todos que asistirem a Santa Missa e o ofício.
Em seguida, segundo alguns biógrafos, o Papa Urbano IV encarregou um ofício -a liturgia das horas- a São Boa-ventura e a Santo Tomás de Aquino; quando o Pontífice começou a ler em voz alta o ofício feito por Santo Tomás, São Boa-ventura foi rasgando o seu em pedaços.
A morte do Papa Urbano IV (em 2 de outubro de 1264), um pouco depois da publicação do decreto, prejudicou a difusão da festa. Mas o Papa Clemente V tomou o assunto em suas mãos e, no concílio geral de Viena (1311), ordenou mais uma vez a adoção desta festa. Em 1317 é promulgada uma recopilação de leis -por João XXII- e assim a festa é estendida a toda a Igreja.
Nenhum dos decretos fala da procissão com o Santíssimo como um aspecto da celebração. Porém estas procissões foram dotadas de indulgências pelos Papas Martinho V e Eugênio IV, e se fizeram bastante comuns a partir do século XIV.
A festa foi aceita em Cologne em 1306; em Worms a adoptaram em 1315; em Strasburg em 1316. Na Inglaterra foi introduzida da Bélgica entre 1320 e 1325. Nos Estados Unidos e nos outros países a solenidade era celebrada no domingo depois do domingo da Santíssima Trindade.
Na Igreja grega a festa de Corpus Christi é conhecida nos calendários dos sírios, armênios, coptos, melquitas e os rutínios da Galícia, Calábria e Sicília.
Finalmente, o Concílio de Trento declara que muito piedosa e religiosamente foi introduzida na Igreja de Deus o costume, que todos os anos, determinado dia festivo, seja celebrado este excelso e venerável sacramento com singular veneração e solenidade; e reverente e honorificamente seja levado em procissão pelas ruas e lugares públicos. Nisto os cristãos expressam sua gratidão e memória por tão inefável e verdadeiramente divino benefício, pelo qual se faz novamente presente a vitória e triunfo sobre a morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Fonte: ACIdigital