sábado, dezembro 20, 2008

Pequenas regras para a vida.


Nesta época que antecede o Natal e o início do Ano Novo, quase sempre viramos “anjos”.
Bom seria se conseguíssemos manter os, geralmente, abençoados propósitos que mentalizamos nesta época do ano.
Invariavelmente, lembro-me de Robert Fulghum, que escreveu, há vinte anos, um singelo livro cujo título era: “Most of what I really need to know about how to live and what to do and how to be I learned in kindergarten.” Que pode ser traduzido como: “ A maior parte das coisas, realmente importantes, para saber viver e se comportar, eu aprendi na escola maternal”

Estas simples regras, que fariam do Mundo um lugar bem melhor para se viver, são:

Sempre que possível, partilhe com o próximo.
Jogue honestamente.
*Não machuque as pessoas.
Ponha as coisas de volta onde as achou.
Arrume a sua própria bagunça.
Não pegue coisas que não são suas.
*Peça desculpas quando magoar alguém.
Viva com equilíbrio: nunca pense que já sabe tudo, mantenha-se aberto para aprender; medite, desenhe ou pinte, cante e dance, de vez em quando; divirta-se e trabalhe todos os dias.
Tire uma soneca, quando possível.
Ao sair, mantenha-se atento ao trânsito, dê a mão e, mantenha-se junto se estiver com alguém.
Seja discreto.

(* Eu substituiria as duas frases marcadas acima por):
E, principalmente, trate as pessoas como gostaria de ser tratado...
Feliz Natal!

domingo, dezembro 07, 2008

A diplomacia dos bobalhões.



Vejam os resultados da diplomacia brasileira, deste fabuloso governo da elite sindical do país.
Estamos diante de um calote dos governos do Equador, Venezuela, Bolívia e Paraguai.
O Brasil fez da concessão de empréstimos pelo BNDES a ferramenta para uma suposta integração da região. Fez porque sindicalistas analfabetos (e seus assessores) não conseguem distinguir o mundo real, do mundo das fantasias ideológicas das suas pretensões políticas. Com isso, não reconheceu a fragilidade dessa construção diplomática baseada numa virtual identidade com governos populistas que, agora, revelam como vêem o Brasil: “o império do Sul”.

A reação do Itamaraty a toda uma série de atitudes inamistosas e desafiadoras, demorou. A diplomacia oficial só começou a abandonar o tom morno e conciliatório, como resposta aos desaforos dos vizinhos, quando o presidente do Equador expulsou a Construtora Odebrecht.
Ao lado do Equador, os governos dos hermanos da Venezuela, Bolívia e Paraguai, estão igualmente empenhados em realizar auditorias da dívida externa para contestar as parcelas que eles consideram “ilegítimas”.
Obviamente, não há nenhuma surpresa no rumo tomado por esses governantes populistas. Ao enviar tropas para ocupar as instalações da Petrobrás em 2006, o presidente boliviano, outra sumidade continental, sinalizava o que veria a seguir... Ao anunciar a auditoria da dívida externa, o novo presidente do Paraguai segue o mesmo curso, embora o seu objetivo maior é tentar mudar o acordo de Itaipu. Já o fanfarrão, Hugo Chaves, deu uma resposta vaga a indagação do Itamaraty sobre uma eventual revisão da dívida externa venezuelana.

Em toda essa história, o único dado realmente espantoso é a contínua sucessão de erros da diplomacia brasileira. Ninguém esperava grande coisa de uma política externa influenciada pelos experts internacionais do presidente Lula, mas até as previsões mais pessimistas foram superadas!
A escolha de uma grotesca política terceiro-mundista era previsível, mas a insistência nos erros e a extensão das tolices foram muito além da imaginação.

Nenhum dos “aliados estratégicos” escolhidos pelo senhor Lula da Silva, no seu projeto megalópico de liderar o Sul contra o Norte, dedicou ao Brasil a mínima reciprocidade em termos de atenções diplomáticas ou comerciais. Nem os nossos supostos colegas do BRIC, nem nossos vizinhos sul-americanos. Aqui, aliás, com os hermanos, o governo brasileiro decidiu, em nome de uma liderança regional puramente fantasiosa, engolir todos os desaforos e conceder a todos os parceiros os maiores benefícios em quaisquer entendimentos comerciais. Aceitou, por exemplo o protecionismo argentino e além disso, induziu o empresariado nacional a se acomodar as barreiras impostas pela pior dupla de populistas que o pais vizinho já teve: os Kichners.

Este fantástico governo de sindicalistas confunde parceria e cooperação com passividade em face das imposições mais descabidas. E a defesa dos legítimos interesses nacionais foi substituída pelo apoio a governos socialistas e populistas (verdadeiro espelho das intenções do governante brasileiro) cuja consolidação, na visão da diplomacia lulista, beneficiaria o Brasil. O resultado? Está aí: é a aliança dos hermanos contra o Brasil, a “potência colonial”.
Em outros tempos, é bom recordar, qualquer atitude vagamente semelhante seria taxada de "entreguista" pela fauna socialista tupiniquim.

Enfim, não é fácil escolher a obra prima das tolices cometidas pela diplomacia petista desde Janeiro de 2003 , mas o ditado popular: “Cada macaco no seu galho” encerra uma ampla e vigorosa verdade que os cidadãos devem lembrar a cada eleição.
O artigo está baseado no editorial do Estadão: "Diplomacia desastrada"

quarta-feira, novembro 26, 2008

O Lixo pedagógico - 2

ou o porquê do ensino brasileiro ir de mal a pior...


Segunda-feira no fim do dia, li a entrevista que “ Veja” fez com a antropóloga Eunice Durham e pensei: está aqui um bom assunto para o blog.
Hoje, quarta, dia que tenho um pouco mais de tempo para escrever, começo a rabiscar o assunto quando decido dar uma volta pelos blogs que costumo ler. Pois, não é que encontro lá no “Resistência” uma ótima matéria sobre o assunto? (Aliás, tudo no “Resistência” é ótimo!)

Então, uma vez que a essência da matéria é a entrevista com a formidável antropóloga, peço permissão, fazendo minhas as palavras daquele trio de bravos "resistentes" e reproduzo o artigo de 22 de Novembro.



Faturando alto com o lixo pedagógico : O Livrinho Vermelho do camarada Freire, auto-ajuda para esquerdistas. A culpa é SEMPRE do sistema...



"A entrevista que a revista Veja fez com a antropóloga Eunice Durham, da qual eu reproduzo pequenos trechos abaixo, é leitura gratificante para quem já precisou assistir às aulas obrigatórias de Pedagogia que fazem parte dos cursos de licenciatura de todas as áreas do ensino superior. Eu, que já fui submetido a tal via crucis, conheço bem a completa inutilidade dessas "aulas", que não servem de nada quando se trata de preparar os alunos para ensinar. Pelo contrário: nelas, todos são submetidos a sessões intermináveis de blá-blá-blá anticapitalista ministradas por jaburús mal-resolvidas, cujo único objetivo - além da tortura aos alunos, é claro - parece ser o de encher os cofres da família do Guia Genial dos Povos Pedagógicos, o stalinistíssimo Paulo Freire.

E os cofres da família devem estar mesmo abarrotados: todos os que passam pela disciplina de "Pedagogia Geral" (ou nome equivalente) são obrigados a comprar um manualzinho chamado "Pedagogia da Autonomia", de Paulo Freire, uma espécie de cartilha de auto-ajuda para professores comunistas. O livrinho é inacreditavelmente ruim, escrito num ridículo estilo "mela-cueca-lírico-socialista", destinado a "ensinar" seus pobres leitores a "descobrir" o dedo cruel do capitalismo e do neoliberalismo em tudo de ruim que acontece com as pessoas. Fracassados de todo o mundo, uni-vos: a culpa não é sua, é do sistema!

Eu tenho aqui em mãos, nesse momento, a "obra" em questão. Na capa da edição que possuo (de 2004), está escrito que "mais de 450.000 mil exemplares" já foram vendidos. Ah, o capitalismo é tão bom para certos comunas: livreco pequenininho e barato, medíocre - portanto, de leitura fácil para qualquer idiota - e, o mais importante, obrigatório para milhares de alunos que passam todos os alunos pelos cursos de licenciatura, de Educação Física a Matemática. Assim é fácil vender muito e "fazer sucesso". Claro, no comunismo seria melhor: imaginem só ser o autor oficial do regime. Pensando melhor, não seria, não. Paulo Freire já é "autor oficial" sem que sua família, que recebe os direitos autorais, precise viver sob as misérias do socialismo.

E os alunos que agüentem o lirismo stalinista do livreco e as torturas mentais da jaburús."


A entrevista:

Sua pesquisa mostra que as faculdades de pedagogia estão na raiz do mau ensino nas escolas brasileiras. Como?
As faculdades de pedagogia formam professores incapazes de fazer o básico, entrar na sala de aula e ensinar a matéria. Mais grave ainda, muitos desses profissionais revelam limitações elementares: não conseguem escrever sem cometer erros de ortografia simples nem expor conceitos científicos de média complexidade. Chegam aos cursos de pedagogia com deficiências pedestres e saem de lá sem ter se livrado delas. Minha pesquisa aponta as causas. A primeira, sem dúvida, é a mentalidade da universidade, que supervaloriza a teoria e menospreza a prática. Segundo essa corrente acadêmica em vigor, o trabalho concreto em sala de aula é inferior a reflexões supostamente mais nobres.

(...)

O que, exatamente, se ensina aos futuros professores?
Fiz uma análise detalhada das diretrizes oficiais para os cursos de pedagogia. Ali é possível constatar, com números, o que já se observa na prática. Entre catorze artigos, catorze parágrafos e 38 incisos, apenas dois itens se referem ao trabalho do professor em sala de aula. Esse parece um assunto secundário, menos relevante do que a ideologia atrasada que domina as faculdades de pedagogia.


Como essa ideologia se manifesta?
Por exemplo, na bibliografia adotada nesses cursos, circunscrita a autores da esquerda pedagógica. Eles confundem pensamento crítico com falar mal do governo ou do capitalismo. Não passam de manuais com uma visão simplificada, e por vezes preconceituosa, do mundo.
O mesmo tom aparece nos programas dos cursos, que eu ajudo a analisar no Conselho Nacional de Educação. Perdi as contas de quantas vezes estive diante da palavra dialética, que, não há dúvida, a maioria das pessoas inclui sem saber do que se trata. Em vez de aprenderem a dar aula, os aspirantes a professor são expostos a uma coleção de jargões. Tudo precisa ser democrático, participativo, dialógico e, naturalmente, decidido em assembléia.


(...)

A senhora estende suas críticas ao restante da universidade pública?
Há dois fenômenos distintos nas instituições públicas. O primeiro é o dos cursos de pós-graduação nas áreas de ciências exatas, que, embora ainda atrás daqueles oferecidos em países desenvolvidos, estão sendo capazes de fazer o que é esperado deles: absorver novos conhecimentos, conseguir aplicá-los e contribuir para sua evolução. Nessas áreas, começa a surgir uma relação mais estreita entre as universidades e o mercado de trabalho. Algo que, segundo já foi suficientemente mensurado, é necessário ao avanço de qualquer país. A outra realidade da universidade pública a que me refiro é a das ciências humanas. Área que hoje, no Brasil, está prejudicada pela ideologia e pelo excesso de críticas vazias. Nada disso contribui para elevar o nível da pesquisa acadêmica.

(...)

quinta-feira, novembro 20, 2008

Chamem o Joe Arpaio, urgente!

Nesta nossa generosa terra tupiniquim, mas infestada de "Alí-Babas" precisamos URGENTEMENTE de um Joe Arpaio.
Logo abaixo vocês saberão o porquê.

Deus e a História nos presentearam com uma natureza maravilhosa, mas, cotidianamente, manchada e dilapidada por parasitas públicos e privados de toda ordem. Temos a subespécie "oficial", conhecida também como "dolce farniente". Desenvolvida nos gabinetes, é grande procriadora, afetando praticamente todas as outras espécies. Temos também a subspécie que sobrevive das "ONGs", inclusive, dos "direitos humanos", além de outras dezenas de subespécies mais comuns...

Os parasitas oficiais são os mais perigosos, como vocês podem imaginar. Num ambiente tropical propício, principalmente o do planalto central, espalham-se por todos os orgãos rapidamente causando "maracutaias" infecciosas por todo o país. Por terem o gene da indolencia tem a capacidade de infectar decretos e leis típicas dos vagabundos, como esse do febriado, digo, feriado de hoje: "dia da consciência negra"... Ah! façam-me o favor... Chamem um infectologista com urgência ou o imprescindível Joseph Arpaio.


Joseph Arpaio é o xerife do Condado de Maricopa, no Arizona, já há bastante tempo. Pela sua postura profissional e conduta de defesa do cidadão-contribuinte, continua sendo re-eleito para o cargo a cada nova eleição.

Ele criou a ‘cadeia-acampamento’, que são várias tendas de lona, cercadas por arame farpado e vigiadas por guardas como numa prisão normal. Só que com um custo extremamente reduzido se comparada a outras prisões do país.


Baixou, ainda, os custos da refeição para 40 centavos de dólar, que os detentos, inclusive, têm de pagar.

Proibiu o fumo, não permite a circulação de revistas pornográficas e nem permite que os detentos pratiquem halterofilismo. (Um hábito bem americano.)

Montou equipes de detentos que, acorrentados uns aos outros, (chain gangs), são levadas à cidade para prestarem serviços para a comunidade e trabalhar nos projetos do condado. Para não ser acusado por discriminação, montou, igualmente, equipes de detentas, que prestam os mesmos serviços comunitários.


Cortou a TV a cabo, mas ao saber que esta, nas prisões, era uma determinação judicial, religou-a, mas, só permitindo o canal do Tempo e o da Disney.
Quando perguntado por que o canal do tempo, responde que é para os detentos saberem que temperatura vão enfrentar durante o dia quando estiverem prestando serviço na comunidade, trabalhando nas estradas, nas construções, etc.

Em 1994, cortou o café, informando que, além do baixo valor nutritivo, estava protegendo os próprios detentos e os guardas, pois muitos já haviam sido atacados com café quente por outros detentos. Além da economia anual de quase US$ 100,000.00 aos cofres públicos.

Quando os detentos reclamam, ele responde: "Isto aqui não é hotel 5 estrelas e se vocês não gostam, comportem-se como cidadãos e não voltem mais". Além dos dois canais, o Joe só permite vídeos religiosos aos prisioneiros.

No verão uma agência de notícias publicou: Com a temperatura atingindo 116º F (47º C), no Arizona, mais de 2000 detentos na prisão acampamento de Maricopa tiveram permissão de tirar o uniforme e ficar só de shorts, (cor-de-rosa) que os detentos recebem do governo.

Joe Arpaio, o xerife durão que inventou a prisão-acampamento, não faz questão alguma de parecer simpático com os prisioneiros, e nem com a mídia. Tem consciência de estar cumprindo bem o seu dever, mantendo os prisioneiros "na linha" e economizando o dinheiro dos contribuintes.
Diz ele aos detentos: "Nossos soldados estão no Iraque onde a temperatura atinge 120° F (50° C), vivem em tendas iguais a vocês, e ainda tem de usar fardamento, botinas, carregar todo o equipamento de soldado e, além de tudo, não cometeram crime algum, portanto, calem a boca e parem de reclamar".
A esmagadora maioria dos cidadãos concorda com Joseph Arpaio e dizem: "Se houvessem mais prisões como essa, certamente, o número de criminosos e, principalmente, reincidentes diminuiria consideravelmente". Ninguém gostaria de voltar à prisão de Joe Arpaio.
Criminosos têm de ser punidos pelos crimes que cometeram e não serem tratados a pão-de-ló, até serem soltos para cometer os mesmos crimes e voltar para prisões, cheias de regalias e reivindicações.

Muitos cidadãos, cumpridores da lei e pagadores de impostos não tem, muitas vezes, as mesmas regalias que bandidos têm num grande número de prisões hoje em dia.


(*) Artigo Publicado pelo site “ Pela Legitima Defesa”. (extraído e traduzido de um documentário da televisão Americana…) Está editado pelo Freeman.

segunda-feira, novembro 17, 2008

O Estado corrompido...


EM OUTUBRO de 2002, o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) emitiu uma resolução (315) determinando que, a partir de Janeiro de 2009, a quantidade de enxofre no diesel baixasse de 2.000 ppm para 500 ppm, quando vendido nas áreas não urbanas e, 50 ppm, quando vendido nas áreas metropolitanas. Nos EUA essa proporção é de 15 ppm; na Europa, de 10 ppm; e, em alguns países da América Latina, já é de 50 ppm.

O Conama determinou também que a indústria automobilística passasse a comercializar a partir da mesma data motores menos poluidores (Euro 4).
A resolução se deve ao terrível impacto que as partículas de enxofre têm sobre a saúde pública, sendo responsáveis por graves doenças pulmonares e pela morte prematura (sobretudo de crianças e idosos) de cerca de 3.000 pessoas por ano na cidade de São Paulo e de 10 mil nas principais regiões metropolitanas do país.

Embora tivessem quase sete anos para se prepararem, a Petrobras e a Anfavea (representando a indústria automobilística) declararam que não irão cumprir a resolução, apesar de a Petrobras possuir recursos financeiros e tecnológicos imensos e as indústrias automobilísticas fabricarem os motores da geração Euro 4 nos seus países de origem e mesmo no Brasil, só que apenas para exportação.

Ao assumir o Ministério do Meio Ambiente, Carlos Minc disse publicamente que seria inadmissível o descumprimento da resolução. Pouco a pouco, diante das pressões mudou de atitude e, em vez de continuar exigindo o cumprimento, enviou o caso para o Ministério Público.

A promotora Ana Cristina Bandeira Lins, encarregada de conduzir o processo, adotou inicialmente, em declarações e entrevistas, uma atitude firme pelo cumprimento integral da resolução. Pouco a pouco também se recolheu, passou a não atender a mídia, afastou qualquer contato com a sociedade civil, negociando basicamente com Petrobras, a Anfavea e Minc.

Diante da mobilização e pressão de várias organizações sociais que tentavam evitar um péssimo acordo, o ministro Carlos Minc se comprometeu a promover uma audiência pública com a sociedade civil antes da assinatura de qualquer acordo. Mas não cumpriu sua promessa.

A promotora Ana Cristina aceitou praticamente todas as propostas da Petrobras e da Anfavea (só em 2014 o diesel de 2.000 ppm será substituído pelo de 500 ppm - o mesmo que hoje já circula nas regiões metropolitanas) e impôs compensações pífias (doação de um laboratório e campanha educativa para regulagem de motores).

É muito provável que todos os leitores deste artigo e suas famílias terão a saúde afetada de alguma forma por essa decisão.

Desse episódio ficam algumas tristes conclusões e perguntas:

1 - Para quem tem poder político e econômico, descumprir a legislação ainda compensa no Brasil.

2 - Há empresas que confundem responsabilidade social com marketing, com patrocínios e ações filantrópicas, e ainda não entendem que a ética deve se estender a todas as suas atividades, de forma igual, e a todos os países onde atuam.

3 - Onde está a cúpula do Ministério Público?
Como pode uma promotora aceitar acordo tão lesivo à saúde pública? Ao aceitar esse acordo, só se incentiva o desrespeito à legislação; ao recusar qualquer diálogo com a sociedade civil, arranhou (mais uma vez) a imagem do Ministério Público, instituição importante para a democracia e a defesa dos cidadãos.

4 - O ministro Minc, por não cumprir a sua palavra e por se mostrar tão vulnerável a pressões, perde credibilidade, confiança e o respeito da sociedade. Não se confundem ações pirotécnicas e performances midiáticas com um real compromisso com o meio ambiente, a saúde pública e a ética profissional.

5 - O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, não deveria aceitar passivamente pagar a conta em doenças, vidas e recursos, mas exigir o cumprimento integral da resolução.

6 - Serão os cidadãos que pagarão pelas graves doenças pulmonares e pelas mortes resultantes do descumprimento dessa importante resolução (A Faculdade de Medicina da USP estima em U$ 400 milhões por ano o custo para o SUS, apenas na cidade de São Paulo).

7 - Infelizmente nada disso é novidade no Brasil. O Estado e suas instituições corrompidas só atuam eficazmente quando estão envolvidos os donos momentâneos do poder. Pavoneiam-se de defensores dos cidadãos quando, de fato, deles só se servem, para garantir as suas mordomias e suas imoralidades.

Esse acordo judicial foi, na realidade, uma sentença de morte para milhares de brasileiros e um estímulo à impunidade. A sociedade brasileira deve cobrar explicações e responsabilidade de quem patrocinou, participou, assinou e compactuou com essa lamentável decisão.

Publicado na Folha de S. Paulo Oded Grajew, 64, empresário, é um dos integrantes do Movimento Nossa São Paulo e presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos. Conclusões editadas pelo Freeman.

sexta-feira, novembro 07, 2008

O Kosovo da Amazônia !



Kosovo é uma região no sul da Sérvia, país que fazia parte da antiga Iugoslávia. É um lugar muito especial para os sérvios, que o consideram o berço da sua civilização, e é o local onde se desenrolaram os mais importantes eventos de seus 2 mil anos de história.

Para reforçar a sua política de integração o regime autoritário do presidente Tito deu muitos incentivos às diferentes minorias étnicas, entre outras, à albanesa, já que a Albânia faz fronteira com Kosovo. Jornais de língua albanesa, noticiários, escolas... pouco a pouco, em razão dos incentivos governamentais, a população de Kosovo foi se tornando predominantemente albanesa. Quando do fim da União Soviética, seguido do desmembramento da Iugoslávia, os kosovares albaneses aproveitaram o momento oportuno para reivindicar a independência de Kosovo. Os sérvios, indignados, negaram qualquer possibilidade de acordo.

Criou-se uma polêmica entre os outros países. Juristas especializados em direito internacional consideravam a reivindicação improcedente. Por outro lado, muitos opinavam que a solicitação era justa dada a maioria esmagadora da atual população ser albanesa. Quem está com a razão?

É uma questão difícil de ser respondida e para cada argumento haverá um contra-argumento. Kosovo já proclamou unilateralmente a sua independência, apoiado pelas potências européias. A Sérvia vive um impasse político: recusar e perder para sempre a fonte da sua identidade cultural ou concordar, comprando assim o seu ingresso na União Européia.

Recentemente, a Rússia invadiu a Geórgia para garantir a autoproclamada independência da Ossétia do Sul, baseada no fato de que a população dessa região é predominantemente russa. Ante as críticas do Ocidente, a Rússia rebateu dizendo que a situação é idêntica à de Kosovo, em que os países ocidentais, liderados pelos EUA, reconheceram a proclamação unilateral da independência. No fundo, à margem de julgamentos éticos, cada país está apenas defendendo os seus interesses: os EUA minando a Sérvia, tradicional aliada dos russos e enclave estratégico nos Bálcãs, e a Rússia, em contrapartida, enfraquecendo a Geórgia, aliada dos norte-americanos.

O propósito deste artigo é alertar para a situação similar em que se encontra o Brasil em relação às reservas indígenas na Amazônia. Tomemos como exemplo a reserva ianomâmi, no extremo norte do Brasil. Não é de hoje que diversos países estrangeiros vêm questionando a soberania brasileira na Amazônia. Grande parcela da população no exterior considera a Amazônia patrimônio da humanidade e, portanto, defende a idéia de que o controle e a gestão desse “pulmão do mundo” não deveriam estar concentrados num único país. As notícias recorrentes de desmatamentos e queimadas monumentais, de descaso e corrupção das autoridades e da total falta de infra-estrutura do governo para fazer valer a lei não contribuem para melhorar a imagem do Brasil no exterior. Junte-se a isso o fato de que os índios na reserva se autodenominam “nação ianomâmi”, de etnia, cultura e língua totalmente distintas, detentora de um vasto território fronteiriço e bem demarcado, e teremos uma situação potencialmente explosiva.

Os “nossos” índios, em sua maioria, vivem num limbo socioeconômico-cultural, marginalizados como brasileiros e vivenciando o pior da civilização moderna. Eles percebem o governo como o grande obstáculo que os impede de explorar os imensos recursos minerais, biológicos e energéticos das terras herdadas de seus antepassados.

Vamos imaginar um agravamento drástico das relações internacionais e uma deterioração das relações Brasil-EUA, a exemplo do que já ocorre entre os EUA e a Venezuela. Somemos a isso um eventual aprofundamento da ainda longe de ser superada crise boliviana ou o reaquecimento do confronto Venezuela-Colômbia, polarizando a geopolítica sul-americana. Vamos supor que a Rússia aumente ainda mais a sua presença militar no continente por meio de sua parceria com a Venezuela e com os outros aliados. Aproveitando a oportunidade, a “nação ianomâmi” declara a sua independência. Imediatamente, diversas entidades ambientais apóiam o ato, seguidas do reconhecimento diplomático dos EUA e dos países que estão na vizinhança do território. Outras reservas indígenas seguem o exemplo, desmembrando o Brasil.

A moeda de troca é fácil de encontrar: independência para os índios, dando-lhes o direito de usufruir os recursos minerais e ambientais de suas terras. Em contrapartida, ao mundo é feita a promessa de uma exploração racional dos recursos, implantação de lei e ordem na região, viabilizando a preservação do ecossistema. Aos EUA é dada exclusividade na produção e comercialização dos produtos e, principalmente, em acordos para a instalação de bases militares estrategicamente situadas no centro do continente, como contrapeso à expansão russa. A redução do poder brasileiro é vista com bons olhos pelos países vizinhos, ainda ressentidos das diversas disputas territoriais perdidas para o País no passado. Kosovo e Ossétia do Sul servem de jurisprudência e uma força internacional de “paz” é formada para garantir a independência dos novos países.

Imaginação fértil? Antes da crise balcânica, se dissessem a um sérvio que Kosovo seria anexado pela Albânia em poucos anos, ele certamente chamaria o interlocutor de insano. No entanto, é isso o que está acontecendo.

Num mundo cada vez mais dependente de espaços livres e recursos naturais, a pressão externa sobre a Amazônia será cada vez maior. Agir preventivamente, com a adoção de políticas adequadas e investimentos condizentes com a amplitude do problema, é a única forma de garantir a soberania para as gerações futuras.


Artigo original de Predrag Pancevski, mestre em Economia e Finanças, professor na Fundação Getúlio Vargas, nasceu em Belgrado, na antiga Iugoslávia E-mail: pancevski@fgvmail.br

domingo, outubro 19, 2008

Quantos zeros formam um bilhão?



Recebí de um amigo este email que, aparentemente, anda circulando pelos Estados Unidos.
É uma outra forma de enxergar a crise e, bem verdadeira é a sua essência
.

"Desde o início desta crise, só se houve falar de bilhão prá cá, bilhão prá lá, mas para nós, comum dos mortais, é difícil ter a real noção do que esse número significa.
De qualquer forma, a próxima vez que você ouvir um político usando a palavra “bilhão” de maneira simplória, pense se você realmente quer que ele administre todo o dinheiro que você paga de impostos...
Um bilhão é um número difícil de ser assimilado entretanto, uma agência de publicidade conseguiu demonstrá-lo de uma forma bem interessante.

  • Um bilhão de segundos atrás estávamos em 1959.

  • Há um bilhão de minutos, Jesus estava vivo.

  • Há um bilhão de horas, nossos ancestrais viviam na Idade da Pedra.

  • Há um bilhão de dias, ninguém caminhava na Terra sobre dois pés.

  • Um bilhão de dólares é quanto o governo americano gasta em 8 horas e vinte minutos, pelo seu atual ritmo de gastos.
Como o assunto aqui é financeiro e político, um exemplo da simploriedade dos ditos representantes do povo pode ser dado pela proposta da senadora Americana Mary Landrieu (D) que está solicitando 250 bilhões do Congresso para reconstruir New Orleans.
O que esse número, realmente, significa? (É incrível como algumas simples contas aritméticas podem esclarecer muitas coisas)

A.
Bem...se você for um dos 484.674 residentes de New Orleans (homem, mulher e criança) você vai receber U$515.810,63
B.
Ou… se você é o proprietário de uma das 188.251 residências, você recebera U$1.328.014,19
C.
Ou... se você pertencer a uma família de quatro membros sua família recebera U$2.063.242,51

Agora, esta crise financeira fará o governo gastar, pelo menos, outro trilhão e 400 bilhões de dolares, o que significa que para cada cidadão a brincadeira vai custar U$4.681,33...esteje você hipotecado ou não!


Alô Washington, D.C. acordem!
Suas calculadoras estão quebradas, ou o quê?


Cigarette Tax Corporate Income Tax
Dog License Tax
Federal Income Tax
Federal Unemployment Tax
Fishing License Tax
Food License Tax
Fuel P ermit Tax
Gasoline Tax
Hunting License Tax
Inheritance Tax
Inventory Tax
IRS Interest Charges (tax on top of tax)
IRS Penalties (tax on top of tax)
Liquor Tax
Luxury Tax
Marriage License Tax
Medicare Tax
Property Tax
Real Estate Tax
Service charge taxes
Social Security Tax
Road Usage Tax (Truckers)
Sales Taxes
Recreational Vehicle Tax
School Tax
State Income Tax
State Unemployment Tax (SUTA)
Telephone Federal Excise Tax
Telephone Federal Universal Service Fee Tax
Telephone Federal, State and Local Surcharge Tax
Telephone Minimum Usage Surcharge Tax
Telephone Recurring and Non-recurring Charges Tax
Telephone State and Local Tax
Telephone Usage Charge Tax
Utility Tax
Vehicle License Registration Tax
Vehicle Sales Tax
Watercraft Registration Tax
Well Permit Tax
Workers Compensation Tax

Ainda acha engraçado?

NENHUM
desses impostos existia há 100 anos... e, os Estados Unidos, até recentemente, pelo menos, era a Nação mais próspera do Mundo... Não existia nenhuma dívida nacional e tínhamos a maior classe média do mundo...
O que aconteceu?
Simplesmente acreditamos nos políticos...
"


Observações:
1 bilhão de segundos atrás era 1976 e não 1959.
1 bilhão de minutos atrás, Jesus já havia morrido há 73 anos. (pelo calendário gregoriano...)
1 bilhão de horas atrás significa há 114.156 anos. Sim, a "Idade da Pedra", período: "Paleolítico Médio".
1 bilhão de dias = 2.739.726 anos atrás. O primeiro "hominídio" totalmente bípede já existia: "Australopithecus Anamensis".


(Tradução, edição e observações do Freeman)

segunda-feira, outubro 13, 2008

Afinal, como tudo começou?



Nestas últimas duas semanas estive “garimpando”, nos bastidores, as causas prováveis do tsunami financeiro que se abateu sobre o mundo. Entre o que recebí do exterior, um resumo: 'What Caused the Loan Crisis' me pareceu muito convincente ao ser avaliado em conjunto com outras informações.

Está claro, em boa medida, que o gerenciamento irresponsável de grandes e “key players” do mercado financeiro mundial acionaram, com efeito retardado, o gatilho do desastre. Mas, o crédito promíscuo, num ambiente de liquidez abundante também tiveram o seu papel fundamental. Entretanto, a causa das causas, a mãe dos vícios é outra. Um longo caminho de irregularidades e espertezas políticas é que criou as condições verdadeiras para o desastre. E sobre isso, pouca gente quer falar. Mas, como dizem os franceses quando querem se referir a uma verdadeira causa oculta: “chercher la femme”. E ela aqui é muito mais do que os bodes espiatórios que a grande imprensa publica, como a “falta de regulamentação”, ou das “imperfeições do mercado”, ou qualquer outro qualificativo que se queira dar ao evento. Ela envolve os políticos em atos irresponsáveis. Muito mais do que qualquer um imaginaria...

Vejam a retrospectiva: (na lingua original)


1977: Pres. Jimmy Carter signs into Law the Community Reinvestment Act the foundation and cornerstone for the impending disaster.. The law pressured financial institutions to extend home loans to those who would otherwise not qualify.

The publicized premise: Home ownership would improve poor and crime-ridden communities and neighborhoods in terms of crime, investment, jobs, etc.

The Results: Statistics bear out that it did not help.

How did the government get so deeply involved in the housing market?
Answer:
Bill Clinton and the Democrats in Congress wanted it that way.

1992: Republican representative Jim Leach (IO) warned of the danger that Fannie and Freddie were changing from being agencies of the public at large to money machines for the principals and the stock holding few.

1993: The Clinton administration extensively rewrote Fannie Mae and Freddie Mac's rules turning the quasi-private mortgage-funding firms into semi-nationalized monopolies dispensing cash and loans to large Democratic voting blocks and handing favors, jobs and contributions to political allies. This potent mix led inevitably to corruption and now the collapse of Freddie and Fannie.

1994: Despite warnings, Clinton unveiled his National Home-Ownership Strategy which broadened the CRA in ways congress never intended.

1995: Congress, about to change from a Democrat majority to Republican, Clinton orders Robert Rubin's Treasury Dept to rewrite the rules. Rubin's Treasury reworked rules, forcing banks to satisfy quotas for sub-prime and minority loans to get a satisfactory CRA rating. The rating was key to expansion or mergers for banks. Loans began to be made on the basis of race and little else.

1997 - 1999: Clinton, bypassing Republicans in Congress, enlisted Andrew Cuomo, then Secretary of Housing and Urban Developement, allowing Freddie and Fannie to get into the sub-prime market in a BIG way. Led by Rep. Barney Frank and Sen. Chris Dodd, congress doubled down on the risk by easing capital limits and allowing them to hold just 2.5% of capital to back their investments vs. 10% for banks. Since they could borrow at lower rates than banks their enterprises boomed.

With incentives in place, banks poured billions in loans into poor communities, often 'no doc', 'no income', requiring no money down and no verification of income. Worse still was the cronyism: Fannie and Freddie became home to out-of work-politicians, mostly Clinton Democrats. 384 politicians got big campaign donations from Fannie and Freddie. Over $200 million had been spent on lobbying and political activities. During the 1990's Fannie and Freddie enjoyed a subsidy of as musch as $182 Billion, most of it going to principals and shareholders, not poor borrowers as claimed.

Did it work? Minorities made up 49% of the 12.5 million new homeowners but many of those loans have gone bad and the minority homeownership rates are shrinking fast.

1999: New Treasury Secretary, Lawrence Summers, became alarmed at Fannie and Freddie's excesses. Congress held hearings the ensuing year but nothing was done because Fannie and Freddie had donated millions to key congressmen and radical groups, ensuring no meaningful changes would take place. 'We manage our political risk with the same intensity that we manage our credit and interest rate risks,' Fannie CEO Franklin Raines, a former Clinton official and current Barack Obama advisor, bragged to investors in 1999.

2000: Secretary Summers sent Undersecretary Gary Gensler to Congress seeking an end to the 'special status'. Democrats raised a ruckus as did Fannie and Freddie, headed by politically connected CEO's who knew how to reward and punish. 'We think that the statements evidence a contempt for the nation's housing and mortgage markets' Freddie spokesperson Sharon McHale said. It was the last chance during the Clinton era for reform.

2001: Republicans try repeatedly to bring fiscal sanity to Fannie and Freddie but Democrats blocked any attempt at reform; especially Rep. Barney Frank and Sen.Chris Dodd who now run key banking committees and were huge beneficiaries of campaign contributions from the mortgage giants.

2003: Bush proposes what the NY Times called 'the most significant regulatory overhaul in the housing finance industry since the savings and loan crisis a decade ago'. Even after discovering a scheme by Fannie and Freddie to overstate earnings by $10.6 billion to boost their bonuses, the Democrats killed reform.

2005: Then Fed chairman Alan Greenspan warns Congress: 'We are placing the total financial system at substantial risk'. Sen. McCain, with two others, sponsored a Fannie/Freddie reform bill and said, 'If congress does not act, American taxpayers will continue to be exposed to the enormous risk that Fannie Mae and Freddie Mac pose to the housing market, the overall financial system and the economy as a whole'. Sen. Harry Reid accused the GOP ;of trying to 'cripple the ability of Fannie and Freddie to carry out their mission of expanding homeownership' The bill went nowhere.

2007: By now Fannie and Freddie own or guarantee over HALF of the $12 trillion US mortgage market. The mortgage giants, whose executive suites were top-heavy with former Democratic officials, had been working with Wall St. to repackage the bad loans and sell them to investors. As the housing market fell in '07, subprime mortgage portfolios suffered major losses. The crisis was on, though it was 15 years in the making.

2008: McCain has repeatedly called for reforming the behemoths, Bush urged reform 17 times. Still the media have repeated Democrats' talking points about this being a 'Republican' disaster. A few Republicans are complicit but Fannie and Freddie were created by Democrats, regulated by Democrats, largely run by Democrats and protected by Democrats. That's why taxpayers are now being asked for $700 billion!!


quarta-feira, setembro 24, 2008

Como defender o eleitor-contribuinte.


O presidente da Repúbli­ca enviou ao Congresso uma proposta de reforma do proces­so eleitoral vigente. Não acredito que vá resul­tar em melhoria alguma, pois, na realidade, neste Congresso os interesses dos eleitores-con­tribuintes pesam muito pouco. Para ser séria e honesta a refor­ma eleitoral teria de incluir a adoção do Orçamento im­positivo. Pode parecer a muitos que uma coisa não tem nada que ver com a outra, mas tem.

Na história do mundo, os go­vernos só existiram por conta dos tributos pagos pelos gover­nados. Entre a tirania e a demo­cracia, a diferença se revela na forma como o dinheiro é arreca­dado. Pode ser pela força, pela intimidação ou pode ser com a anuência dos contribuintes. Nos países que respeitam a li­berdade de seus cidadãos essa concor­dância se manifesta por inter­médio de representantes demo­craticamente eleitos. É a demo­cracia representativa.
Nela o povo exprime os seus desejos, revela as suas necessi­dades e exige a prestação de ser­viços públicos. Cabe a esses re­presentantes elaborar, anual ou plurianualmente, um plano de apli­cação desses recursos, sempre tendo em vista as exigên­cias dos eleitores-contribuintes.
Esses representantes deve­rão estudar os problemas, propor projetos, definir gastos e es­tabelecer limites para sua im­plementação. As receitas são identificadas, calculadas e fixa­das. As despesas são definidas. Discutidas e votadas, essas re­ceitas e essas despesas com­põem o Orçamento, que cabe ao governo executar. O Orça­mento tem força de lei. Lei é pa­ra ser obedecida, levada a sé­rio. As expectativas do povo ali es­tão. Suas exigências e suas von­tades se manifestaram na for­ma de como gastar os recursos hauridos da própria sociedade.

Fica muito claro, portanto, quão importantes e fundamen­tais, numa democracia repre­sentativa, são a elaboração, a discussão, a votação e a execu­ção do Orçamento. O povo ja­mais estará bem representado se, ao término do processo eleitoral, em que se es­colhe um prefeito e uma Câma­ra Municipal, um governador e uma Assembléia Legislativa, um presidente e um Congresso, tudo isso vai resultar em Orçamentos que são considerados apenas “autorizativos”. Então era tudo de brincadeirinha?
Não era para valer? Não era pa­ra ser respeitado? Só será obe­decido se o titular do Poder Exe­cutivo estiver com vontade? E, ainda por cima, é dado a ele o di­reito de mudar todas as verbas que quiser, com licença para gastar no que inventar?

Está mais do que na hora de aca­bar com essa farsa.
Dá pena ver o que está acon­tecendo com o povo brasileiro, iludido com uma série de sho­ws: etanol pra cá, biodiesel pra lá, cotas para negros, bolsa-fa­mília, pré-sal, nações indígenas dentro do País, créditos facilita­dos de forma perigosa. Mas, jun­tamente com tudo isso, a mais alta carga tributária do mundo!
O brasileiro não tem noção do quanto paga de impostos! O eleitor-contribuinte não tem a mínima idéia de quanto lhe é surrupiado o dia inteiro, desde que acorda até que apaga a luz para dormir. Paga na água, no gás, na luz, na gasolina, no ál­cool, no ônibus, no trem, na far­mácia, na padaria, no mercado, na compra do carro, na abertu­ra de um negócio, na viagem, na estrada, no livro, no aparelho de TV, no telefone, no esgoto, no teatro, no cinema, nas consul­tas, na escola, na faculdade, no trator, na Previdência, no plano de saúde, no seguro, enfim, até no ar que respira... Pois é tanto monóxido de carbono que ele acaba doente, e isso custa caro.

Tudo isso para quê? Deveria ser para receber, em troca, ex­celentes serviços públicos. Mas não é isso o que acontece. A maior parte desses recursos se esvai pelo ralo da burocracia ineficiente, pelas malandragens dos espertos, pela sustentação de projetos demagógicos, im­produtivos, pelos gastos pouco controláveis das autoridades de plantão. Infelizmente, verbas votadas com fins específicos são anuladas e transferidas para dar suporte às centenas de me­didas provisórias, quase todas sem relevância e sem urgência.
O ritual, no entanto, foi man­tido. Dentro dos prazos e cum­prindo as leis, os diversos Orça­mentos foram votados. Meses e meses de pura encenação. Estu­dos. Comissões. Sessões. Espe­cialistas. Técnicos. Tudo, tudo, sem a menor intenção de respei­tar a tão decantada representa­tividade republicana. O eleitor­-contribuinte, no Brasil, não pas­sa de um imprescindível figu­rante da comédia política.
Se a pretendida reforma pro­posta pelo presidente mantiver o Orçamento autorizativo, vamos continuar fingindo de democra­cia representativa. Tanto faz se o voto vai ser distrital, de listas ou proporcional. O essencial não muda.

Sem a adoção do Orçamen­to impositivo, que permite a real fiscalização do uso dos re­cursos arrecadados, não há democracia.
Trata-se de um risco. Na história do Brasil, a Inconfi­dência nasceu de uma revolta contra impostos injustos. No Brasil de ho­je, o imposto é alto, pesado e não retorna como serviço. O pior é que os recursos são apli­cados sem respeitar a vonta­de do eleitor-contribuinte, ex­pressa pelos seus represen­tantes, no infeliz Orçamento de mentirinha.

Por incrível que pareça, a reforma do processo eleitoral passa, antes, pela forma de execução do Orçamento. Essa, também diz diretamente respeito ao eleitor-contribuinte. Se nessa reforma tributária a carga de impostos não for diminuída e se, na reforma eleitoral, os re­presentantes do povo conti­nuarem sem o dever e o direi­to de elaborar um Orçamento para valer, nada feito. Tudo continuará como dantes nes­te quartel de Abrantes.


O artigo original é da professora e jornalista Sandra Cavalcanti. Está editado pelo Freeman.

quarta-feira, setembro 17, 2008

A crise financeira e o besteirol da esquerda.



A decisão do Tesouro Americano de socorrer com US$ 200 bilhões as duas agências de crédito imobiliário para evitar uma quebradeira geral ou, como se dizia aqui no Brasil, para evitar um risco sistêmico, foi o bastante para que vários sobreviventes tupiniquins das teorias estatizantes, ligados a política econômica do pais, passassem a trombetear o fim do ”neoliberalismo”.
O alegre festival de asneiras parece ter sido liderado pela sempre beligerante energúmena- mór, a professora Maria da Conceição Tavares: "É fantástico o país mais liberal do mundo ter de estatizar. Enterraram o neoliberalismo de maneira trágica", teria ela dito, segundo o jornal O Globo. "O nosso Proer foi mais baratinho.
Sua sumidade, a ministra-guerrilheira Dilma Rousseff, também pavoneou o fim do neoliberalismo. Do fundo do seu baú de sabedoria sobre todas as coisas, inclusive economia, sacou tesouros definidores: "O neoliberalismo é uma política para os países em desenvolvimento. Essa história de neoliberalismo valia para nós e somente para nós. No mundo capitalista, desenvolvido, jamais houve isso."
Também o sempre confuso e prolixo ex-ministro , Bresser Pereira, acredita que a ajuda oficial americana "decreta o fim do neoliberalismo (...) essa ideologia dominante nos últimos 30 anos". E mais: que "é fundamental uma intervenção do Estado para complementar e corrigir os mercados".
Bem, na visão dessa gente, parece que houve um suposto funeral da doutrina econômica apelidada, por eles, de neoliberalismo.
Apelidada, porque neoliberalismo não é doutrina. A doutrina que de fato existe é o liberalismo, que não tem nada de "neo" e cujo fundamento, em resumo, é que, quanto menos governo na vida das pessoas, melhor. O neo foi incluído na palavra pelos orelhudos do PT, quando na oposição, com o objetivo de melhor combater o capitalismo, ao qual, diga-se de passagem, aderiu alegremente desde que se tornou governo e, inovando, oficializou a corrupção como norma do seu sistema de governo...
As respostas:
De fato. O que predomina no mundo desenvolvido é, em pequena dose, o liberalismo. O mercado não é perfeito, nunca foi, como relatam as recentes crônicas da cruel exploração do homem pelo homem nos países capitalistas. Mas foi assim que esses países se desenvolveram e criaram um nível de vida inigualável para suas populações. E é oportuno lembrar que os Estados Unidos, sozinhos, representam, ainda hoje, mais de 25% da economia mundial, mesmo após o vertiginoso crescimento, nos últimos dez anos, de muitos países, entre eles a China.
Já nos países onde se implantou a exploração do homem pelos governantes, a pretexto de impedir que alguns homens explorassem outros homens, o desenvolvimento não foi e nem tem sido tão auspicioso assim. No Brasil, particularmente, o que mais se tem desenvolvido é o próprio governo, sua arrecadação e a riqueza pessoal dos políticos, a despeito das penúrias que o povo continua agüentando.
À Bresser Pereira, particularmente, mas não exclusivamente, a resposta a sua afirmação: "é fundamental uma intervenção do Estado para complementar e corrigir os mercados". Sim, talvez. Principalmente intervenções como aquela de 1987, quando ele mudou o indicador da correção das cadernetas de poupança, prejudicando cerca de 80 milhões de cidadãos que até maio do ano passado, 20 anos depois, tentavam se ressarcir à custa de um dos grandes esqueletos das contas nacionais.
Aliás, TODOS os planos “heterodoxos” de suas sumidades intervencionistas estatizantes, sempre tiveram como objetivo primeiro, “garfar”, ludibriar, extorquir os cidadãos e as empresas em suas poupanças, direitos e patrimônios, a fim de compensar a absurda inflação criada pelos governantes, através da incompetência, do desperdício e descontrole dos gastos públicos.
Outra campeã do intervencionismo estatal, a ex-ministra Zélia Cardoso de Melo, dizia que não tem nenhuma saudade de ter sido ministra da Fazenda. Uma pesquisa ampla talvez possa revelar que ninguém tem...saudade dela ter sido ministra! Mas foi interessante ela ter dito que "é muito mais fácil ser ministro da Fazenda agora do que em minha época". Por que será? Talvez porque os "neoliberais" puseram ordem no caos deixado pelos intervencionistas com seus vários planos , desde o “Cruzado I”...


O artigo original, significativamente alterado pelo Freeman, é do jornalista Marco Antonio Rocha.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Dependência, Servidão, Atraso.


Parece brincadeira de mau gosto. Mas não é.
Mal acabamos de falar do enorme problema e do péssimo ranking do Brasil na educação e no “índice de liberdade econômica”, da Heritage Foundation, e vem o Banco Mundial com seu relatório 2009: “Doing Business” nos lembrar de outra lamentável posição do país no cenário internacional. Apenas lembrar, pois sentir e vivenciar, já estamos plenamente acostumados...

O Doing Business analisa dez áreas relacionadas com o ambiente de negócios de um país: abrir e fechar uma empresa; comércio exterior; alvarás de construção; contratação de funcionários; registro de propriedades; proteção a investidores; acesso a crédito; pagamento de impostos e cumprimento de contratos. O estudo avalia o tempo gasto em cada uma dessas ações, o número de procedimentos necessários para concretizá-las e o custo.

Dentre as áreas analisadas, o Brasil melhorou, no último ano, apenas em uma: comércio exterior. Vejam só: o tempo necessário para se fazer uma exportação é de 14 dias (diminuímos 4 dias). Com isso, passamos do 126º lugar para o 125º, atrás de países como a Nigéria (118º), Bangladesh (110º), Zâmbia (100º). Mesmo na América Latina, o Brasil só ganha da Venezuela (174º), Bolívia (150º), e Equador (136º), em termos de dificuldade dos cidadãos para fazer negócios.

O Brasil ainda mantém o título de campeão absoluto em tempo gasto para pagar impostos: essa tarefa é tão complicada no país que requer nada menos que 2.600 horas – 108 dias por ano. Para vocês terem uma idéia da nossa hegemonia, nessa área, basta lembrar que o segundo pior é Camarões com 1.400 horas – praticamente a metade.
Além disso, o Brasil está entre os países que mais dificultam a abertura de uma empresa. São necessários 18 procedimentos e 152 dias! No Canadá e na Nova Zelândia, 1 procedimento e apenas 1 dia.
Para registrar uma propriedade a burocracia brasileira exige 14 procedimentos. Na Noruega e Suécia: um procedimento. Um alvará de construção no Brasil leva em média 411 dias!

As regiões que fizeram mais reformas para facilitar a vida dos cidadãos no ambiente de negócios foram o Leste Europeu e a Ásia Central. Pelo segundo ano consecutivo, neste sexto ano de avaliação, a Colômbia foi o país sul americano que introduziu mais reformas. Eles melhoraram em 5 das 10 áreas analisadas, com isso, pularam do 66º lugar para o 53º.

Cingapura é o país com maior facilidade para se fazer negócios no mundo. Em seguida estão: Nova Zelândia e Estados Unidos. Na América Latina o melhor classificado é o Chile em 40º lugar.

Obviamente, o problema da burocracia no Brasil não é novo, nem culpa de um único governo. Por essa razão que é tão absurdo.
Esse lamentável comportamento dos governantes revela muito do caráter nacional. Primeiro, com essa atitude de beócios, dificultando o ambiente de negócios, atrasam o desenvolvimento da nação, que em última análise reflete na própria arrecadação de impostos. Mas isso não é o principal. Indica apenas que eles estão sempre dispostos a sacrificar a vida da nação em benefício próprio, e põe a nu a regra intrínseca dos detentores do poder público, em qualquer nível: “criar dificuldade para vender facilidade”.

Agora, imaginem o potencial deste país sem essas restrições...

domingo, setembro 07, 2008

Independência? Liberdade? Onde?


Após quase dois séculos de independência da coroa portuguesa, o brasileiro continua refém do próprio Estado.
Vejamos:
No último ranking do índice de liberdade econômica emitido pela Heritage Foudation, o Brasil aparece numa lamentável 101ª posição, ao lado de países como Zambia, Argélia, Camboja e Burkina Faso. Em 2003, no primeiro ano do governo Lula, o Brasil estava na 58ª posição. Nada honroso, mas ainda era considerado um país “moderadamente livre”.
Hoje somos considerados: “majoritariamente não livre”.

O índice mede, comparativamente, a facilidade com que cidadãos dos diversos países conseguem começar um negócio; escolher um emprego; tomar dinheiro emprestado; etc..
Como conseguimos cair tanto?
Corrupção e falta de liberdade econômica. Segundo a “Transparência Internacional”, que mede o grau de corrupção dos países, o Brasil aparece na 72ª posição numa lista de 179 nações. No quesito corrupção, é mais uma prova que só não enxerga isso, o próprio governo tupiniquim e o botocudo povão, que o mantém em alta popularidade...
Quanto à liberdade econômica, basta vivenciar o cotidiano para reconhecer o grande fardo que carregamos com a enorme burocracia (sempre recheada de endêmica corrupção em qualquer repartição pública) e os pesados tributos, que tem como segundo objetivo, massacrar os empreendedores.
Dividindo os países do mundo em cinco grupos, usando o grau de liberdade econômica como parâmetro, o estudo mostra que o grupo de países mais livres tem uma renda per capita, cinco vezes maior que o grupo de nações consideradas repressoras. O desemprego é de 6% enquanto nos considerados economicamente repressores é de 19%! As nações mais livres também possuem menor inflação.
À exceção do Chile, a América Latina está piorando a sua posição incluindo-se, além do Brasil, a Argentina e, obviamente a Venezuela de Hugo Chavez.
Nos últimos 10 anos, países outrora periféricos que adotaram a liberdade econômica, avançaram no Estado de Direito e na transparência de seus governos, todos, além da estabilidade política e econômica, tiveram um aumento médio do PIB superior a 5% ao ano. Elevaram o padrão de vida dos seus povos. Entre eles: Botsuana, Estônia, Irlanda e até a Mongólia.

A função do bom governante é criar e manter oportunidades iguais para que cada um busque a sua própria felicidade. As pessoas possuem talentos e disposição diferentes uma das outras.
O verdadeiro capitalismo promove níveis desiguais de prosperidade, mas como diria Winston Churchill, isso é muito melhor do que produzir miséria igual para todos, como fazem os regimes socialistas...


Dados da entrevista de James Roberts, pesquisador da Heritage Foundation à Duda Teixeira.

domingo, agosto 31, 2008

Uma pausa...sem palavras...


Um entardecer nas montanhas...




Um amanhecer nas montanhas...




fotos do Freeman


quarta-feira, agosto 20, 2008

Preparados para o século XIX





Por que o ensino brasileiro tem ido tão mal nas avaliações internacionais?
Por que a cada ano que passa o nível dos estudantes parece piorar?
Por que o anlfabetismo funcional é imenso no Brasil?

Muito simples. Porque ao invés de ensinarem as matérias curriculares, as escolas brasileiras estão, na sua maioria, ideologizando os alunos. Com a justificativa de "incentivar a cidadania", incutem a anacrônica ideologia comunista, em pleno século XXI, falsificando e distorcendo fatos do cotidiano e da própria História, sem o menor constrangimento.

Segundo a avaliação realizada nesta matéria, dos 130 livros e apostilas de história, geografia e português, mais adotados por 2000 escolas do país, cerca de 75% deles trazem informações distorcidas pelo viés ideológico, erros factuais ou ambos.

Além de atrapalhar a compreensão lógica do mundo real, inculcam nos alunos uma visão hostil a economia de mercado e simpática ao comunismo, ideologia do século XIX, testada e reprovada na prática, por mais de 70 anos, no século XX e que sobrevive, neste nosso século XXI, apenas em Cuba e na Coréia do Norte por causa dos seus governos ditatoriais.

Leia a matéria abaixo. Se você é um pai ou mãe conciente e participativo na vida dos filhos, provavelmente você só ficará horrorizado. Se você for do tipo relapso, mas ainda assim preocupado com os filhos, certamente você mudará de atitude.

Vale a pena usar chocadeiras artificiais para acelerar a produção de frango? Foi assim o início de uma das aulas de geografia no Colégio Ateneu Salesiano Dom Bosco, de Goiânia, escola particular que aparece entre as melhores do país em rankings oficiais. Da platéia, formada por alunos às vésperas do vestibular, alguém diz: "Com as chocadeiras, o homem altera o ritmo da vida pelo lucro". O professor Márcio Santos vibra. "Você disse tudo! O homem se perdeu na necessidade de fazer negócio, ter lucro, exportar." E põe-se a cantar freneticamente Homem Primata / Capitalismo Selvagem / Ôôô (dos Titãs), no que é acompanhado por um enérgico coro de estudantes. Cena muito parecida teve lugar em uma classe do Colégio Anchieta, de Porto Alegre, outro que figura entre os melhores do país. Lá, a aula de história era animada por um jogral. No comando, o professor Paulo Fiovaranti. Ele pergunta: "Quem provoca o desemprego dos trabalhadores, gurizada?". Respondem os alunos: "A máquina" Indaga, mais uma vez, o professor: "Quem são os donos das máquinas?" E os estudantes: "Os empresários!" É a deixa para Fiovaranti encerrar com a lição de casa: "Então, quem tem pai empresário aqui deve questionar se ele está fazendo isso". Fim de aula.

Os dois episódios, ambos presenciados por VEJA, não são raridade nas escolas brasileiras. Ao contrário. Eles exemplificam uma tendência prevalente entre os professores brasileiros de esquerdizar a cabeça das crianças. Parece bobagem, uma curiosidade até pitoresca num mundo em que a empregabilidade e o sucesso na vida profissional dependem cada vez mais do desempenho técnico, do rigor intelectual, da atualização do pensamento e do conhecimento.

Não é bobagem. A doutrinação esquerdista é predominante em todo o sistema escolar privado e público. É algo que os professores levam mais a sério do que o ensino das matérias em classe, conforme revela a pesquisa CNT/Sensus encomendada por VEJA. Pobres alunos. Além de não aprenderem as matérias curriculares, têm suas cabeças preenchidas por bobagens e asneiras do mais grosso calibre, além da falsificação da História. Não é à toa que o Brasil se sai cada dia pior nas avaliações internacionais de educação!



'

"Capitalismo selvagem"Colégio Dom Bosco,
de Goiânia: Titãs e crítica às chocadeiras
artificiais na aula de geografia


Vejam o absurdo: nossos alunos estão sendo preparados como se fossem viver no fim do século XIX, quando o marxismo surgiu como ideologia.

Bem, estamos no século XXI, o comunismo destruiu a si próprio em miséria, assassinatos e injustiças durante suas experiências reais no século passado. É embaraçoso que o marxismo-leninismo sobreviva apenas em Cuba, na Coréia do Norte e nas salas de aula de escolas brasileiras. As chocadeiras produzem os frangos vendidos a menos de 5 reais nos supermercados brasileiros, e isso propicia a dose mínima de proteína a famílias que, de outra forma, estariam mal nutridas. A realidade não interessa nas aulas como a do professor Márcio Santos. O que interessa? Passar a absurda idéia de que as máquinas tiram empregos. Elas tiram? Tiraram no começo dos processos de robotização e automação de fábricas nos anos 90. Hoje, sem robôs e máquinas, os empregos nem sequer seriam criados. Mas dizer isso pode desagradar ao espírito do velho barbudo enterrado no novo Cemitério de Highgate, em Londres. Os professores esquerdistas veneram muito aquele senhor que viveu à custa de um amigo industrial, fez um filho na empregada da casa e, atacado pela furunculose, sofreu como um mártir boa parte da existência. Gostam muito dele, fariam tudo por ele, menos, é claro, lê-lo – pois Karl Marx é um autor rigoroso, complexo que, mesmo tendo apenas uma de suas idéias ainda levada a sério hoje – a Teoria da Alienação –, exige muito esforço para ser compreendido. "A salada ideológica resulta da leitura de resumos dos grandes pensadores", diz o filósofo Roberto Romano. Gente que vê maldade em chocadeiras e mal em empresários que usam máquinas em suas fábricas no século XXI não pode ter lido Karl Marx. É muito provável que não tenham lido muito, quase nada. Mas são esses analfabetos maliciosos que ensinam nossos filhos nas melhores escolas brasileiras – sem, diga-se, que os pais se incomodem com isso.




'

Lição de casa Colégio Anchieta, em Porto Alegre:
o professor pede aos alunos que questionem
os "pais empresários"



A pesquisa CNT/Sensus ouviu 3 000 pessoas de 24 estados brasileiros, entre pais, alunos e professores de escolas públicas e particulares. Sua conclusão nesse particular é espantosa. Os pais (61%) sabem que os professores fazem discursos politicamente engajados em sala de aula e acham isso normal. Os professores, em maior proporção, reconhecem que doutrinam mesmo as crianças e acham que isso é sua missão principal – algo muito mais vital do que ensinar a interpretar um texto ou ser um bamba em matemática. Para 78% dos professores, o discurso engajado faz sentido, uma vez que atribuem à escola, antes de tudo, a função de "formar cidadãos" – à frente de "ensinar a matéria" ou "preparar as crianças para o futuro". Muito bonito se não estivessem preparando os alunos para um mundo que acabou e diminuindo suas chances de enfrentar a realidade da vida depois que saírem do ambiente escolar. Para atacar um problema, o primeiro passo é reconhecer sua existência. Esse é o mérito da pesquisa CNT/Sensus.


'

Ódio às máquina. Na sala de aula e nos livros,
a tecnologia recebe a culpa pelo aumento
do desemprego no mundo


Adversária do exercício intelectual, a ideologização do ensino pode ser resultado em parte também do despreparo dos professores para o desempenho da função. No ensino básico, 52% lecionam matérias para as quais não receberam formação específica22% deles nunca freqüentaram faculdade. Para esses, os chavões de esquerda servem como uma espécie de muleta, um recurso a que se recorre na falta de informação. "Repetir meia dúzia de slogans é muito mais fácil do que estudar e ler grandes obras. Por isso, a ideologização é mais comum onde impera a ignorância", diz o historiador Marco Antonio Villa.


Está claro, e a própria experiência mostra isso, que o viés político retira da escola aquilo que deveria, afinal, ser seu atributo número 1: ensinar a pensar – verbo cuja origem, do latim, significa justamente pesar. Diz o sociólogo Simon Schwartzman: "O verdadeiro exercício intelectual se faz ao colocar as idéias e os juízos numa balança, algo que só é possível com uma ampla liberdade de investigação e de crítica".


'

Consumo, esse vilão
Na cartilha, as sociedades de consumo se prestam
a estimular a futilidade e poluir o ambiente


Não é o caso na maioria das salas de aula. Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores brasileiros ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado.


Contrários à doutrinação O advogado Miguel Nagib (sentado) fundou a
ONG Escola Sem Partido, junto com outros pais: todos acharam
na cartilha dos filhos exemplos de ideologia


"Eu e todos os meus colegas professores temos, sim, uma visão de esquerda – e seria impossível isso não aparecer em nossos livros. Faço esforço para mostrar o outro lado", diz a geógrafa Sonia Castellar, que há vinte anos dá aulas na faculdade de pedagogia da Universidade de São Paulo (USP) e escreveu Geografia, um dos best-sellers nas escolas particulares (livro que tem dois de seus trechos comentados por VEJA na reportagem seguinte). "Reconheço o viés esquerdista nos livros e apostilas, fruto da formação marxista dos professores. Mas não temos nenhuma intenção de formar uma geração de jovens socialistas", diz Miguel Cerezo, responsável pelo conteúdo publicado nas apostilas do COC (de onde foram extraídos quatro trechos comentados pela revista). À luz de outra pesquisa em profundidade feita pelo Ibope em colaboração com a revista Nova Escola, editada pela Fundação Victor Civita, os professores da rede pública revelam que, para eles, o principal problema da sala de aula é, de longe (77%), a ausência dos pais no processo educativo. Repousam na colaboração entre pais e professores a correção dos rumos do ensino no país e a aceleração da curva de melhora de desempenho que começa a se desenhar. A questão da ideologização é um desses problemas que podem ser abordados em conjunto por pais e professores. Demanda para o diálogo existe. O advogado Miguel Nagib fundou, há quatro anos, em Brasília, a ONG Escola Sem Partido, com o objetivo de chamar atenção para a ideologização do ensino na sala de aula. Nagib se incomodou com os sinais do problema na escola particular de sua filha, então com 15 anos, onde o professor de história gostava de comparar Che Guevara a São Francisco de Assis. Foi ao colégio reclamar. Diz Nagib: "As escolas precisam ficar sabendo que muitos pais não concordam com essa visão".









Artigo original da Revista Veja, Edição 2074, 20/08/2008 Monica Weinberg e Camila Pereira, com reportagem de Camila Antunes e Marcos Todeschini. Está editado pelo Freeman.

quinta-feira, agosto 14, 2008

A conta da diplomacia lulista.



As últimas semanas foram marcadas por más notícias pa­ra a política exter­na brasileira. Os erros da equivocada política "altiva" fo­ram todos desnudados em público. Pode-se imaginar o desconten­tamento no Itamaraty com o impacto sobre sua reputação, quando arrogantes esquerdopatas metem os pés pelas mãos. E isso não começou ontem! As deficiên­cias estratégicas da política ex­terna têm sido visíveis desde que a trupe petista pôs os pés no Planalto. Nem mes­mo o mais chapa-branca dos colunistas conseguiu salvar a face do Ministério de forma convincente. Agora, a conta mesmo, será paga pela sociedade produtiva, não pela burocracia “altiva” e incompetente.

Durante quase seis anos, o foco da política externa brasileira repousou na aproxi­mação Sul-Sul, não por questões pragmáticas de ganho, mas pela questão ideológica, calcada no exa­cerbado ranço anti norte-ame­ricano.

Um dos pilares dessa estratégia seria a aproxima­ção com os países sul-america­nos até então excluídos do Mer­cosul. O outro pilar seria a intensificação das re­lações bilaterais com as econo­mias em desenvolvimento. No caso das grandes economias emergentes, especialmente China e Índia, também no pla­no multilateral, por meio da coalizão do G-20 na Organiza­ção Mundial do Comércio (OMC). O terceiro pilar, de lon­ge o mais meritório, e sintoni­zado com os interesses econômicos concretos do Brasil, se­ria a ação na OMC, incluindo a Rodada Doha e a solução de controvérsias. Os objetivos concretos a alcançar seriam: a ampliação do Mercosul" como contrapeso à proliferação de acordos bilaterais dos Estados Unidos na região; a reforma do Conselho de Segurança da ONU com assento permanen­te para o Brasil; a conclusão de Doha e a implementação das decisões relativas aos panels agrícolas.

Todos esses aspectos fo­ram afetados desfavoravel­mente pelo recente fracasso das negociações em Genebra e seus desdobramentos. A suces­são de infortúnios foi iniciada antes mesmo do começo da reunião ministerial, com a ga­fe do ministro Celso Amorim ao criticar a atitude dos países desenvolvidos, citando Jo­seph Goebbels, ministro da Propaganda na Alemanha na­zista, sobre, o uso da repetição como técnica de persuasão. O ministro estava até cer­to na substância. O próprio Ita­maraty tem longa tradição na arte de transformar derrotas memoráveis em vitórias re­tumbantes pela saturação dos meios de comunicação. O pro­blema é que a boutade ensejou a reação pretensamente ofen­dida dos negociadores dos paí­ses desenvolvidos, com direito a referências ao holocausto. O que poderia ser um ponto a fa­vor antes da partida se tornou um ônus a exigir desculpas.

As negociações em Genebra se concentraram, inicialmen­te, no equilíbrio entre conces­sões relativas a produtos agrí­colas por parte das economias desenvolvidas e concessões re­lacionadas a bens industriais por parte dos países emergen­tes. Acabaram por desembo­car em cabo-de-guerra entre os Estados Unidos e os gran­des países emergentes impor­tadores agrícolas, especial­mente a Índia. Os Estados Uni­dos resistiram a ir além de um teto máximo de US$ 14,5 bi­lhões para seus subsídios agrí­colas. A Índia insistiu na impor­tância de mecanismo de salva­guardas especiais (SSM, na si­gla em inglês) para a agricultu­ra que' permitisse tarifas maio­res do que as consolidadas (níveis máximos acordados multi­lateralmente) quando os volu­mes importados excedessem em 10% a média do triênio ante­rior. As negociações naufraga­ram diante desse impasse, antes que temas como subsídios ao algodão e cláusula da paz fos­sem abordados ou resolvidos.

Quando os Estados Unidos - após oferta inicial de teto nos subsídios de US$ 15 bilhões ­ofereceram redução de US$ 500 milhões, o Brasil, que não havia concordado com a Índia sobre SSM no G-20, aceitou a proposta. Na Argentina, falou­-se em traição, pois teria sido aceita excessiva redução de ta­rifas industriais. O negociador indiano saiu da reunião decla­rando que representava mais de cem países, citando o G-33, 'e não o G-20. O economista in­diano Jagdish Bhagwati, radicado nos Estados Unidos, fa­lou em 'traição reincidente do Brasil nas negociações multilaterais, minimizando os tradi­cionais excessos protecionistas indianos. As limitações do G-20, já detectadas por alguns desde 2003, ficaram claras. A diplomacia brasileira confundiu aliança tática contra os subsídios agrícolas dos desenvolvidos com aliança estratégica baseada em convergência de ob­jetivos de liberalização agrícola, que não tinha condições de vicejar.

Em meio ao rescaldo do fra­casso, após a volta ao Brasil, a veia histriônica do ministro das Relações Exteriores, Cel­so Amorim, voltou a se mani­festar. Ao comentar as possibi­lidades de ressuscitar a Roda­da Doha, o chanceler teceu con­siderações -sobre o temor de que viesse a ser necessário evento semelhante ao ataque terrorista ao World Trade Cen­ter em 2001 como incentivo à retomada de negociações ...

Para coroar, o presidente Lula da Silva foi à Argentina com uma comitiva de centenas de empresários pa­ra, inclusive, tentar remendar os arrufos genebrinos e encon­trou ... Hugo Chávez. Nem no âmago do Mercosul a diploma­cia brasileira tem condições de operar sem interferências indesejáveis.
Passadas três semanas fu­nestas, a diplomacia brasileira enfrenta desgaste sério em to­das as frentes. A acertada con­centração de esforços na OMC foi vitimada por impasse difícil de contornar. No processo de negociação, o Brasil viu o G-20 explodir, os demais países em desenvolvimento se alinha­rem à Índia e a Argentina ficar insatisfeita. Foi um strike completo, só que na direção errada! Depois de tantos equívocos, não vai ser sufi­ciente o presidente Lula insis­tir em dizer que Doha está vi­va...

O artigo original é do prof. Marcelo de Paiva Abreu, está significativamente editado pelo Freeman.

quinta-feira, julho 31, 2008

Uma proposta para a ação.

Você apoiaria um partido político que tivesse como princípio a defesa da liberdade individual, da livre iniciativa e o cumprimento do efetivo Estado de Direito?

Você participaria de um partido que entre os seus objetivos propusesse e buscasse:

  • A aplicação dos princípios do Federalismo.

  • Reduzir a carga tributária a um máximo de 20 % do PIB.

  • Reduzir o tamanho do Estado, para que dentro dessa carga tributária recursos significativos pudessem ser investidos em benefícios reais para a sociedade como um todo.

  • Afastar o Poder Público de qualquer atividade econômica, mantendo-o apenas nos órgãos normativos.

  • Transformar o sistema eleitoral atual, num sistema de representação efetiva, através do voto distrital, do respeito ao coeficiente eleitoral, e da fidelidade partidária.

    Se você responder SIM para estas duas questões, você certamente é uma pessoa que reconhece a sua capacidade e preza o seu valor individual. E, certamente, está cansado de ser sugado por esse Estado corrupto e inútil aos cidadãos que trabalham e se sustentam. Isso para dizer o mínimo.

    A má notícia é que esse partido não existe no Brasil.

    A segunda má notícia é que, não é fácil criá-lo e fazê-lo prosperar numa terra onde, na melhor das hipóteses, uma parcela ponderável dos cidadãos ainda desconhece o papel e as atribuições do servidor público. Nessa seara prevalece, além da incompetência, a corrupção, o fisiologismo e o patrimonialismo. Comprovamos isso, cotidianamente, ao ler os jornais e não distinguirmos mais entre o noticiário policial e o político.

    A terceira má notícia é que, se correr tudo bem e um partido como esse prosperar, é quase certo que os benefícios maiores só serão colhidos pela próxima geração.

    A boa notícia?
    Infelizmente não existe.
    Se quisermos mudanças, teremos que fazê-las!
    O prêmio de consolação é sabermos que não pertencemos a essa raça de parasitas, e não concordamos com esse estado de coisas! E, se quisermos alguma mudança verdadeira, os cidadãos que acreditam no seu potencial, na sua iniciativa e na sua liberdade, precisam fazer alguma coisa.

    A história política da relação Estado/Sociedade, neste país, é simplesmente um desastre! A história recente, então, é inominável...
    Vivemos, na prática, numa monarquia absolutista, onde a nós, súditos, só cabe pagar os tributos, cada vez maiores. Os atuais monarcas sindicalistas, cuja capacidade intelectual sempre limitou-se a ser apenas revindicatória, aliou-se aos Alí-Babás de plantão, usufruindo e sugando o trabalho da Nação produtiva...

    Podemos ficar aqui resmungando nos blogs, mas quase nada mudará. Isso, não quer dizer que devamos abandonar a formidável missão de esclarecer a opinião pública e mostrar indignação. Mas, algo mais concreto precisa ser feito. E a forma de fazê-lo é através do jogo político. Não há outra saída.

    Uma vez que não temos os poderes dos super-heróis da “Liga da Justiça” para mudar tudo, da noite para o dia, temos que nos submeter aos fatos.
    Se plantarmos agora, talvez, nossos filhos e netos, poderão viver num país mais digno e civilizado.

    Como preliminar proponho uma simples enquete para sabermos quantos somos. Quantos comungam com os nossos princípios. Se conseguirmos difundir esta pequena, mas vital pesquisa, entre todos os blogs amigos, imagino que entre um e dois meses teremos uma noção se será possível constituirmos um partido.

    E depois?
    Não sei. Não tenho todas as respostas, ainda.
    O que sei é que não precisamos dos derrotistas, dos que só sabem se queixar, mas não sabem contribuir.
    Outra coisa, não sou candidato a NADA, nem pretendo sê-lo. Nem me arvorarei como coordenador desta proposta. Apenas tomo a iniciativa de fazê-la. O futuro e as reações à ela trarão as respostas.

    Adiante estão links ou algumas explicações mais didáticas sobre os temas dos “princípios” e do sintético “programa” para uma melhor compreensão dos que não conhecem meus artigos anteriores.

  • sobre a liberdade individual e a livre iniciativa:

Por que defender a liberdade individual e a livre iniciativa?

Porque ao fazermos isso estaremos defendendo a liberdade do indivíduo, na sociedade! E ao se defender a liberdade do indivíduo, estaremos defendendo uma das leis fundamentais da natureza humana, que é o livre arbítrio. E o livre arbítrio é a faculdade do ser humano de guiar-se por si, comandar seus próprios atos, ser autêntico, espontâneo, seguir sua vontade restrito apenas por normas gerais de conduta. E isto significa: maior liberdade de ação dos cidadãos, e menor interferência do Estado na vida da sociedade.

Menor interferência do Estado significa uma sociedade mais livre e espontânea. E está provado pela História, que uma sociedade livre, agindo espontaneamente, cria muito mais oportunidades à evolução e ao progresso humano do que em qualquer outra forma de organização.

Uma comunidade de indivíduos livres, atuando competitivamente, em igualdade de condições, certamente resultará na melhora do nível material e intelectual de toda a sociedade. Aplicada ao trabalho, a competitividade leva à maior produtividade. A maior produtividade em uma sociedade livre conduz, geralmente, a menores preços dos produtos e a maiores salários. O que significa uma elevação do padrão de vida.

Defender a livre iniciativa não é simplesmente ser contra a estatização e os monopólios. É ser a favor da eficiência econômica. É ser contra os privilégios de grupos, corporações ou entidades que, à sombra do Estado, usurpam os recursos gerados e pertencentes à sociedade produtiva.

Defender a livre iniciativa e os princípios do liberalismo, é ser a favor de um regime que permita maior liberdade aos cidadãos para produzir, investir, contratar, negociar, e consumir, atos naturais da atividade humana, mas que são hoje inibidos por causa da interferência espúria e excessiva do Estado.

O Estado, quando cresce desmesuradamente, como no Brasil, quando foge das suas atribuições essenciais que são: promover ordem e justiça eficazes e, suprir infra-estrutura básica às necessidades da sociedade; quando interfere regulando em excesso, ou controla diretamente empresas, deturpa as atividades econômicas e o equilíbrio da comunidade.

Defender a livre iniciativa, não é defender a classe empresarial. É defender a liberdade de ação dos cidadãos! É defender a possibilidade de que, com trabalho e iniciativa, cada um construa a sua prosperidade, e não a dos políticos e burocratas parasitas, como tem ocorrido, há muitos anos, neste País.

  • Sobre o Estado de Direito:

O “Estado de Direito” significa a adoção de dois princípios fundamentais que o homem civilizado aprendeu após longa experiência: o primeiro, que todos os órgãos de um sistema de governo devem ter perfeitamente definidas e limitadas as suas atribuições; e segundo, que as leis para serem verdadeiras devem possuir os seguintes atributos: serem normas gerais de justa conduta, iguais para todos, e aplicáveis a um número indefinido de casos futuros. Portanto, normas gerais; isonômicas; prospectivas!

É uma pena que ainda não tenhamos aprendido as lições da História e assimilado o que os filósofos constitucionalistas nos legaram desde o século XVIII.

Eles, justamente para prevenirem o arbítrio monárquico, idealizaram um sistema de governo imune aos abusos de quem quer que estivesse no poder. Formularam um sistema onde prevaleceriam os ditames da verdadeira lei, e não as vontades oportunistas dos homens no poder. Um sistema fundamentado na liberdade individual e no princípio do “Estado de Direito”, onde o voto – simples processo de escolha – era apenas uma das características.
E não se deve confundir “Estado de Direito” com a mera legalidade, coisa que os políticos não se cansam de mal interpretar, e para isso, basta chamar os advogados partidários de plantão. Para um grande número deles, as leis não precisam ser iguais para todos, podem ser discricionárias ante esse ou aquele segmento da sociedade, e até retroativas.

O que ocorre nos nossos dias é que, sem uma clara definição de atribuições, bem como, sem a efetiva separação de poderes, os políticos podem manipular a máquina governamental ao seu bel prazer! E esta é outra razão para que o Estado não possua qualquer atividade econômica!

  • Sobre o Sistema Eleitoral:

Uma grande parte dos nossos problemas está na deformação das regras político-partidárias, e no absurdo sistema representativo vigente.

Sem uma representação efetiva, isto é, sem controle, políticos e burocratas agem irresponsavelmente como monarcas absolutistas. E com um Judiciário (também mal definido dentro do sistema de governo) deficiente e corporativista como o nosso, quase nenhum político é condenado.

Políticos de todos os partidos vêm postergando, há anos, a aprovação da Reforma Política, sob os mais variados pretextos! Na verdade, eles vêm postergando desde o primeiro governo pós-militar. Da tribuna da Câmara já partiram inúmeros discursos condenando o chamado "entulho autoritário", mas "suas excelências" jamais tiveram interesse em alterar qualquer coisa...a partir do momento que descobriram que podiam ser beneficiados...

Precisamos de uma lei eleitoral que respeite o princípio fundamental de um homem, um voto (o coeficiente eleitoral); Um sistema que propicie ao eleitor, amplo conhecimento e permanente acesso ao seu candidato/representante (voto distrital); Precisamos de regras partidárias éticas e estáveis que possibilitem distinguir as agremiações pelas suas idéias e princípios, e não pelo carisma momentâneo dos seus candidatos. E a fidelidade partidária é fundamental para a efetiva representação dos cidadãos. Tem que ser absoluta!

Coeficiente eleitoral, quando distorcido, como no Brasil, faz com que o voto de um eleitor de S. Paulo, por exemplo, valha menos que o do seu compatriota do Norte/Nordeste ou do Centro/Oeste! Isto é, de fato, um estelionato eleitoral, uma discriminação política inaceitável, pois estamos sub-representados no parlamento da república...

Aliás, devemos propor, concomitantemente, uma redução geral de representantes, digamos, para a metade da atual, tanto no Congresso, como nas Assembléias Estaduais e Municipais! Imaginem só a economia em custeio e a diminuição do risco de corrupção...
Sem um sistema eleitoral decente: o voto distrital, a fidelidade partidária, e o respeito ao coeficiente eleitoral, jamais seremos representados efetivamente! Por essa razão, a reforma política é a mais importante das reformas! Com representantes verdadeiros, os cidadãos poderão empreender as demais reformas, com leis justas que beneficiem a Nação produtiva e não mais os políticos parasitas!

Mas mudanças só interessam aos cidadãos que têm que pagar a conta e que sentem profunda vergonha do país! Elas não interessam a maioria dos atuais políticos, nem a casta de apaniguados parasitas!
O Estado brasileiro, o país oficial é o que há de mais burocratizado, corporativista, patrimonialista e irresponsável, no mundo atual!

O Estado, por ser uma entidade abstrata, precisa de normas rígidas de funcionamento: éticas, coerentes e estáveis! E precisa ser controlado efetiva e permanente pelos seus cidadãos!

É incrível, mas muitos brasileiros acreditam que basta votar, trocando os homens do poder, que todos os problemas se resolverão! E acham que, por votarem, estamos todos na “Democracia Plena...” Acontece que permanecemos numa grande confusão institucional, agravada, ainda mais, pela irresponsável Constituição de 1988!

A simples aplicação do método democrático de escolha, sem uma clara definição que estabeleça os limites de ação do governo, é comparável à troca de monarcas.
O que precisamos numa Constituição é justamente definir esses limites. Definir as normas de um sistema de governo. E não as inúmeras “baboseiras” lá constantes, por pura ignorância (e má fé) dos deputados constituintes...

A representatividade popular obtida eleitoralmente, não é condição suficiente para garantir um regime verdadeiramente livre e democrático. Precisamos também responder à questão fundamental de como os representantes eleitos governarão para o povo.