quarta-feira, novembro 26, 2008

O Lixo pedagógico - 2

ou o porquê do ensino brasileiro ir de mal a pior...


Segunda-feira no fim do dia, li a entrevista que “ Veja” fez com a antropóloga Eunice Durham e pensei: está aqui um bom assunto para o blog.
Hoje, quarta, dia que tenho um pouco mais de tempo para escrever, começo a rabiscar o assunto quando decido dar uma volta pelos blogs que costumo ler. Pois, não é que encontro lá no “Resistência” uma ótima matéria sobre o assunto? (Aliás, tudo no “Resistência” é ótimo!)

Então, uma vez que a essência da matéria é a entrevista com a formidável antropóloga, peço permissão, fazendo minhas as palavras daquele trio de bravos "resistentes" e reproduzo o artigo de 22 de Novembro.



Faturando alto com o lixo pedagógico : O Livrinho Vermelho do camarada Freire, auto-ajuda para esquerdistas. A culpa é SEMPRE do sistema...



"A entrevista que a revista Veja fez com a antropóloga Eunice Durham, da qual eu reproduzo pequenos trechos abaixo, é leitura gratificante para quem já precisou assistir às aulas obrigatórias de Pedagogia que fazem parte dos cursos de licenciatura de todas as áreas do ensino superior. Eu, que já fui submetido a tal via crucis, conheço bem a completa inutilidade dessas "aulas", que não servem de nada quando se trata de preparar os alunos para ensinar. Pelo contrário: nelas, todos são submetidos a sessões intermináveis de blá-blá-blá anticapitalista ministradas por jaburús mal-resolvidas, cujo único objetivo - além da tortura aos alunos, é claro - parece ser o de encher os cofres da família do Guia Genial dos Povos Pedagógicos, o stalinistíssimo Paulo Freire.

E os cofres da família devem estar mesmo abarrotados: todos os que passam pela disciplina de "Pedagogia Geral" (ou nome equivalente) são obrigados a comprar um manualzinho chamado "Pedagogia da Autonomia", de Paulo Freire, uma espécie de cartilha de auto-ajuda para professores comunistas. O livrinho é inacreditavelmente ruim, escrito num ridículo estilo "mela-cueca-lírico-socialista", destinado a "ensinar" seus pobres leitores a "descobrir" o dedo cruel do capitalismo e do neoliberalismo em tudo de ruim que acontece com as pessoas. Fracassados de todo o mundo, uni-vos: a culpa não é sua, é do sistema!

Eu tenho aqui em mãos, nesse momento, a "obra" em questão. Na capa da edição que possuo (de 2004), está escrito que "mais de 450.000 mil exemplares" já foram vendidos. Ah, o capitalismo é tão bom para certos comunas: livreco pequenininho e barato, medíocre - portanto, de leitura fácil para qualquer idiota - e, o mais importante, obrigatório para milhares de alunos que passam todos os alunos pelos cursos de licenciatura, de Educação Física a Matemática. Assim é fácil vender muito e "fazer sucesso". Claro, no comunismo seria melhor: imaginem só ser o autor oficial do regime. Pensando melhor, não seria, não. Paulo Freire já é "autor oficial" sem que sua família, que recebe os direitos autorais, precise viver sob as misérias do socialismo.

E os alunos que agüentem o lirismo stalinista do livreco e as torturas mentais da jaburús."


A entrevista:

Sua pesquisa mostra que as faculdades de pedagogia estão na raiz do mau ensino nas escolas brasileiras. Como?
As faculdades de pedagogia formam professores incapazes de fazer o básico, entrar na sala de aula e ensinar a matéria. Mais grave ainda, muitos desses profissionais revelam limitações elementares: não conseguem escrever sem cometer erros de ortografia simples nem expor conceitos científicos de média complexidade. Chegam aos cursos de pedagogia com deficiências pedestres e saem de lá sem ter se livrado delas. Minha pesquisa aponta as causas. A primeira, sem dúvida, é a mentalidade da universidade, que supervaloriza a teoria e menospreza a prática. Segundo essa corrente acadêmica em vigor, o trabalho concreto em sala de aula é inferior a reflexões supostamente mais nobres.

(...)

O que, exatamente, se ensina aos futuros professores?
Fiz uma análise detalhada das diretrizes oficiais para os cursos de pedagogia. Ali é possível constatar, com números, o que já se observa na prática. Entre catorze artigos, catorze parágrafos e 38 incisos, apenas dois itens se referem ao trabalho do professor em sala de aula. Esse parece um assunto secundário, menos relevante do que a ideologia atrasada que domina as faculdades de pedagogia.


Como essa ideologia se manifesta?
Por exemplo, na bibliografia adotada nesses cursos, circunscrita a autores da esquerda pedagógica. Eles confundem pensamento crítico com falar mal do governo ou do capitalismo. Não passam de manuais com uma visão simplificada, e por vezes preconceituosa, do mundo.
O mesmo tom aparece nos programas dos cursos, que eu ajudo a analisar no Conselho Nacional de Educação. Perdi as contas de quantas vezes estive diante da palavra dialética, que, não há dúvida, a maioria das pessoas inclui sem saber do que se trata. Em vez de aprenderem a dar aula, os aspirantes a professor são expostos a uma coleção de jargões. Tudo precisa ser democrático, participativo, dialógico e, naturalmente, decidido em assembléia.


(...)

A senhora estende suas críticas ao restante da universidade pública?
Há dois fenômenos distintos nas instituições públicas. O primeiro é o dos cursos de pós-graduação nas áreas de ciências exatas, que, embora ainda atrás daqueles oferecidos em países desenvolvidos, estão sendo capazes de fazer o que é esperado deles: absorver novos conhecimentos, conseguir aplicá-los e contribuir para sua evolução. Nessas áreas, começa a surgir uma relação mais estreita entre as universidades e o mercado de trabalho. Algo que, segundo já foi suficientemente mensurado, é necessário ao avanço de qualquer país. A outra realidade da universidade pública a que me refiro é a das ciências humanas. Área que hoje, no Brasil, está prejudicada pela ideologia e pelo excesso de críticas vazias. Nada disso contribui para elevar o nível da pesquisa acadêmica.

(...)

quinta-feira, novembro 20, 2008

Chamem o Joe Arpaio, urgente!

Nesta nossa generosa terra tupiniquim, mas infestada de "Alí-Babas" precisamos URGENTEMENTE de um Joe Arpaio.
Logo abaixo vocês saberão o porquê.

Deus e a História nos presentearam com uma natureza maravilhosa, mas, cotidianamente, manchada e dilapidada por parasitas públicos e privados de toda ordem. Temos a subespécie "oficial", conhecida também como "dolce farniente". Desenvolvida nos gabinetes, é grande procriadora, afetando praticamente todas as outras espécies. Temos também a subspécie que sobrevive das "ONGs", inclusive, dos "direitos humanos", além de outras dezenas de subespécies mais comuns...

Os parasitas oficiais são os mais perigosos, como vocês podem imaginar. Num ambiente tropical propício, principalmente o do planalto central, espalham-se por todos os orgãos rapidamente causando "maracutaias" infecciosas por todo o país. Por terem o gene da indolencia tem a capacidade de infectar decretos e leis típicas dos vagabundos, como esse do febriado, digo, feriado de hoje: "dia da consciência negra"... Ah! façam-me o favor... Chamem um infectologista com urgência ou o imprescindível Joseph Arpaio.


Joseph Arpaio é o xerife do Condado de Maricopa, no Arizona, já há bastante tempo. Pela sua postura profissional e conduta de defesa do cidadão-contribuinte, continua sendo re-eleito para o cargo a cada nova eleição.

Ele criou a ‘cadeia-acampamento’, que são várias tendas de lona, cercadas por arame farpado e vigiadas por guardas como numa prisão normal. Só que com um custo extremamente reduzido se comparada a outras prisões do país.


Baixou, ainda, os custos da refeição para 40 centavos de dólar, que os detentos, inclusive, têm de pagar.

Proibiu o fumo, não permite a circulação de revistas pornográficas e nem permite que os detentos pratiquem halterofilismo. (Um hábito bem americano.)

Montou equipes de detentos que, acorrentados uns aos outros, (chain gangs), são levadas à cidade para prestarem serviços para a comunidade e trabalhar nos projetos do condado. Para não ser acusado por discriminação, montou, igualmente, equipes de detentas, que prestam os mesmos serviços comunitários.


Cortou a TV a cabo, mas ao saber que esta, nas prisões, era uma determinação judicial, religou-a, mas, só permitindo o canal do Tempo e o da Disney.
Quando perguntado por que o canal do tempo, responde que é para os detentos saberem que temperatura vão enfrentar durante o dia quando estiverem prestando serviço na comunidade, trabalhando nas estradas, nas construções, etc.

Em 1994, cortou o café, informando que, além do baixo valor nutritivo, estava protegendo os próprios detentos e os guardas, pois muitos já haviam sido atacados com café quente por outros detentos. Além da economia anual de quase US$ 100,000.00 aos cofres públicos.

Quando os detentos reclamam, ele responde: "Isto aqui não é hotel 5 estrelas e se vocês não gostam, comportem-se como cidadãos e não voltem mais". Além dos dois canais, o Joe só permite vídeos religiosos aos prisioneiros.

No verão uma agência de notícias publicou: Com a temperatura atingindo 116º F (47º C), no Arizona, mais de 2000 detentos na prisão acampamento de Maricopa tiveram permissão de tirar o uniforme e ficar só de shorts, (cor-de-rosa) que os detentos recebem do governo.

Joe Arpaio, o xerife durão que inventou a prisão-acampamento, não faz questão alguma de parecer simpático com os prisioneiros, e nem com a mídia. Tem consciência de estar cumprindo bem o seu dever, mantendo os prisioneiros "na linha" e economizando o dinheiro dos contribuintes.
Diz ele aos detentos: "Nossos soldados estão no Iraque onde a temperatura atinge 120° F (50° C), vivem em tendas iguais a vocês, e ainda tem de usar fardamento, botinas, carregar todo o equipamento de soldado e, além de tudo, não cometeram crime algum, portanto, calem a boca e parem de reclamar".
A esmagadora maioria dos cidadãos concorda com Joseph Arpaio e dizem: "Se houvessem mais prisões como essa, certamente, o número de criminosos e, principalmente, reincidentes diminuiria consideravelmente". Ninguém gostaria de voltar à prisão de Joe Arpaio.
Criminosos têm de ser punidos pelos crimes que cometeram e não serem tratados a pão-de-ló, até serem soltos para cometer os mesmos crimes e voltar para prisões, cheias de regalias e reivindicações.

Muitos cidadãos, cumpridores da lei e pagadores de impostos não tem, muitas vezes, as mesmas regalias que bandidos têm num grande número de prisões hoje em dia.


(*) Artigo Publicado pelo site “ Pela Legitima Defesa”. (extraído e traduzido de um documentário da televisão Americana…) Está editado pelo Freeman.

segunda-feira, novembro 17, 2008

O Estado corrompido...


EM OUTUBRO de 2002, o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) emitiu uma resolução (315) determinando que, a partir de Janeiro de 2009, a quantidade de enxofre no diesel baixasse de 2.000 ppm para 500 ppm, quando vendido nas áreas não urbanas e, 50 ppm, quando vendido nas áreas metropolitanas. Nos EUA essa proporção é de 15 ppm; na Europa, de 10 ppm; e, em alguns países da América Latina, já é de 50 ppm.

O Conama determinou também que a indústria automobilística passasse a comercializar a partir da mesma data motores menos poluidores (Euro 4).
A resolução se deve ao terrível impacto que as partículas de enxofre têm sobre a saúde pública, sendo responsáveis por graves doenças pulmonares e pela morte prematura (sobretudo de crianças e idosos) de cerca de 3.000 pessoas por ano na cidade de São Paulo e de 10 mil nas principais regiões metropolitanas do país.

Embora tivessem quase sete anos para se prepararem, a Petrobras e a Anfavea (representando a indústria automobilística) declararam que não irão cumprir a resolução, apesar de a Petrobras possuir recursos financeiros e tecnológicos imensos e as indústrias automobilísticas fabricarem os motores da geração Euro 4 nos seus países de origem e mesmo no Brasil, só que apenas para exportação.

Ao assumir o Ministério do Meio Ambiente, Carlos Minc disse publicamente que seria inadmissível o descumprimento da resolução. Pouco a pouco, diante das pressões mudou de atitude e, em vez de continuar exigindo o cumprimento, enviou o caso para o Ministério Público.

A promotora Ana Cristina Bandeira Lins, encarregada de conduzir o processo, adotou inicialmente, em declarações e entrevistas, uma atitude firme pelo cumprimento integral da resolução. Pouco a pouco também se recolheu, passou a não atender a mídia, afastou qualquer contato com a sociedade civil, negociando basicamente com Petrobras, a Anfavea e Minc.

Diante da mobilização e pressão de várias organizações sociais que tentavam evitar um péssimo acordo, o ministro Carlos Minc se comprometeu a promover uma audiência pública com a sociedade civil antes da assinatura de qualquer acordo. Mas não cumpriu sua promessa.

A promotora Ana Cristina aceitou praticamente todas as propostas da Petrobras e da Anfavea (só em 2014 o diesel de 2.000 ppm será substituído pelo de 500 ppm - o mesmo que hoje já circula nas regiões metropolitanas) e impôs compensações pífias (doação de um laboratório e campanha educativa para regulagem de motores).

É muito provável que todos os leitores deste artigo e suas famílias terão a saúde afetada de alguma forma por essa decisão.

Desse episódio ficam algumas tristes conclusões e perguntas:

1 - Para quem tem poder político e econômico, descumprir a legislação ainda compensa no Brasil.

2 - Há empresas que confundem responsabilidade social com marketing, com patrocínios e ações filantrópicas, e ainda não entendem que a ética deve se estender a todas as suas atividades, de forma igual, e a todos os países onde atuam.

3 - Onde está a cúpula do Ministério Público?
Como pode uma promotora aceitar acordo tão lesivo à saúde pública? Ao aceitar esse acordo, só se incentiva o desrespeito à legislação; ao recusar qualquer diálogo com a sociedade civil, arranhou (mais uma vez) a imagem do Ministério Público, instituição importante para a democracia e a defesa dos cidadãos.

4 - O ministro Minc, por não cumprir a sua palavra e por se mostrar tão vulnerável a pressões, perde credibilidade, confiança e o respeito da sociedade. Não se confundem ações pirotécnicas e performances midiáticas com um real compromisso com o meio ambiente, a saúde pública e a ética profissional.

5 - O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, não deveria aceitar passivamente pagar a conta em doenças, vidas e recursos, mas exigir o cumprimento integral da resolução.

6 - Serão os cidadãos que pagarão pelas graves doenças pulmonares e pelas mortes resultantes do descumprimento dessa importante resolução (A Faculdade de Medicina da USP estima em U$ 400 milhões por ano o custo para o SUS, apenas na cidade de São Paulo).

7 - Infelizmente nada disso é novidade no Brasil. O Estado e suas instituições corrompidas só atuam eficazmente quando estão envolvidos os donos momentâneos do poder. Pavoneiam-se de defensores dos cidadãos quando, de fato, deles só se servem, para garantir as suas mordomias e suas imoralidades.

Esse acordo judicial foi, na realidade, uma sentença de morte para milhares de brasileiros e um estímulo à impunidade. A sociedade brasileira deve cobrar explicações e responsabilidade de quem patrocinou, participou, assinou e compactuou com essa lamentável decisão.

Publicado na Folha de S. Paulo Oded Grajew, 64, empresário, é um dos integrantes do Movimento Nossa São Paulo e presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos. Conclusões editadas pelo Freeman.

sexta-feira, novembro 07, 2008

O Kosovo da Amazônia !



Kosovo é uma região no sul da Sérvia, país que fazia parte da antiga Iugoslávia. É um lugar muito especial para os sérvios, que o consideram o berço da sua civilização, e é o local onde se desenrolaram os mais importantes eventos de seus 2 mil anos de história.

Para reforçar a sua política de integração o regime autoritário do presidente Tito deu muitos incentivos às diferentes minorias étnicas, entre outras, à albanesa, já que a Albânia faz fronteira com Kosovo. Jornais de língua albanesa, noticiários, escolas... pouco a pouco, em razão dos incentivos governamentais, a população de Kosovo foi se tornando predominantemente albanesa. Quando do fim da União Soviética, seguido do desmembramento da Iugoslávia, os kosovares albaneses aproveitaram o momento oportuno para reivindicar a independência de Kosovo. Os sérvios, indignados, negaram qualquer possibilidade de acordo.

Criou-se uma polêmica entre os outros países. Juristas especializados em direito internacional consideravam a reivindicação improcedente. Por outro lado, muitos opinavam que a solicitação era justa dada a maioria esmagadora da atual população ser albanesa. Quem está com a razão?

É uma questão difícil de ser respondida e para cada argumento haverá um contra-argumento. Kosovo já proclamou unilateralmente a sua independência, apoiado pelas potências européias. A Sérvia vive um impasse político: recusar e perder para sempre a fonte da sua identidade cultural ou concordar, comprando assim o seu ingresso na União Européia.

Recentemente, a Rússia invadiu a Geórgia para garantir a autoproclamada independência da Ossétia do Sul, baseada no fato de que a população dessa região é predominantemente russa. Ante as críticas do Ocidente, a Rússia rebateu dizendo que a situação é idêntica à de Kosovo, em que os países ocidentais, liderados pelos EUA, reconheceram a proclamação unilateral da independência. No fundo, à margem de julgamentos éticos, cada país está apenas defendendo os seus interesses: os EUA minando a Sérvia, tradicional aliada dos russos e enclave estratégico nos Bálcãs, e a Rússia, em contrapartida, enfraquecendo a Geórgia, aliada dos norte-americanos.

O propósito deste artigo é alertar para a situação similar em que se encontra o Brasil em relação às reservas indígenas na Amazônia. Tomemos como exemplo a reserva ianomâmi, no extremo norte do Brasil. Não é de hoje que diversos países estrangeiros vêm questionando a soberania brasileira na Amazônia. Grande parcela da população no exterior considera a Amazônia patrimônio da humanidade e, portanto, defende a idéia de que o controle e a gestão desse “pulmão do mundo” não deveriam estar concentrados num único país. As notícias recorrentes de desmatamentos e queimadas monumentais, de descaso e corrupção das autoridades e da total falta de infra-estrutura do governo para fazer valer a lei não contribuem para melhorar a imagem do Brasil no exterior. Junte-se a isso o fato de que os índios na reserva se autodenominam “nação ianomâmi”, de etnia, cultura e língua totalmente distintas, detentora de um vasto território fronteiriço e bem demarcado, e teremos uma situação potencialmente explosiva.

Os “nossos” índios, em sua maioria, vivem num limbo socioeconômico-cultural, marginalizados como brasileiros e vivenciando o pior da civilização moderna. Eles percebem o governo como o grande obstáculo que os impede de explorar os imensos recursos minerais, biológicos e energéticos das terras herdadas de seus antepassados.

Vamos imaginar um agravamento drástico das relações internacionais e uma deterioração das relações Brasil-EUA, a exemplo do que já ocorre entre os EUA e a Venezuela. Somemos a isso um eventual aprofundamento da ainda longe de ser superada crise boliviana ou o reaquecimento do confronto Venezuela-Colômbia, polarizando a geopolítica sul-americana. Vamos supor que a Rússia aumente ainda mais a sua presença militar no continente por meio de sua parceria com a Venezuela e com os outros aliados. Aproveitando a oportunidade, a “nação ianomâmi” declara a sua independência. Imediatamente, diversas entidades ambientais apóiam o ato, seguidas do reconhecimento diplomático dos EUA e dos países que estão na vizinhança do território. Outras reservas indígenas seguem o exemplo, desmembrando o Brasil.

A moeda de troca é fácil de encontrar: independência para os índios, dando-lhes o direito de usufruir os recursos minerais e ambientais de suas terras. Em contrapartida, ao mundo é feita a promessa de uma exploração racional dos recursos, implantação de lei e ordem na região, viabilizando a preservação do ecossistema. Aos EUA é dada exclusividade na produção e comercialização dos produtos e, principalmente, em acordos para a instalação de bases militares estrategicamente situadas no centro do continente, como contrapeso à expansão russa. A redução do poder brasileiro é vista com bons olhos pelos países vizinhos, ainda ressentidos das diversas disputas territoriais perdidas para o País no passado. Kosovo e Ossétia do Sul servem de jurisprudência e uma força internacional de “paz” é formada para garantir a independência dos novos países.

Imaginação fértil? Antes da crise balcânica, se dissessem a um sérvio que Kosovo seria anexado pela Albânia em poucos anos, ele certamente chamaria o interlocutor de insano. No entanto, é isso o que está acontecendo.

Num mundo cada vez mais dependente de espaços livres e recursos naturais, a pressão externa sobre a Amazônia será cada vez maior. Agir preventivamente, com a adoção de políticas adequadas e investimentos condizentes com a amplitude do problema, é a única forma de garantir a soberania para as gerações futuras.


Artigo original de Predrag Pancevski, mestre em Economia e Finanças, professor na Fundação Getúlio Vargas, nasceu em Belgrado, na antiga Iugoslávia E-mail: pancevski@fgvmail.br