terça-feira, janeiro 31, 2006

A verdade nua e crua...


Podemos dar mil explicações, inúmeras justificativas e até lançar teses.
Podemos ficar indignados, coléricos, revoltados (e graças a Deus, ficamos). Podemos falar o que for, mas... O povo brasileiro merece o Congresso que tem.
Se deputados, senadores e políticos em geral são a escumalha, a choldra, a escória do Brasil, quem os elegeu é igual. A cada legislatura, a ácida verrina da crônica política atribui, justificadamente, desqualificações aos parlamentares. Não falta quem identifique um novo bicheiro, um obscuro iletrado, um estelionatário ou um espertalhão de alto jaez, para atestar a completa desmoralização do Legislativo (na verdade, e com raríssimas exceções, de qualquer Legislativo do Brasil). Efetivamente, o Parlamento, bem como o Executivo e o Judiciário, têm piorado a cada quatro anos. Entretanto, tão grave quanto, é o povo, que se desqualifica a cada dia.
Queiramos ou não, gostemos ou não, o Congresso é o microcosmo da Sociedade. Se lá dentro existem batedores de carteira, quadrilhas organizadas, facínoras disfarçados, radialistas bizarros, sindicalistas incapazes, competentes estrategistas, homens públicos sérios ou larápios de subúrbio; aqui fora, na mesma proporção, habitam ladrões, quadrilheiros, traficantes, homens dignos, profissionais severos e cidadãos conseqüentes. O que se passa lá dentro existe aqui fora. A casa dos deputados e senadores não é uma invenção da extravagância eleitoral. O Congresso reflete, exatamente, o nível da população que o elegeu.
A verdade, nua e crua, é que no Brasil, o que não presta é um grande número de brasileiros. Esta Terra dos Papagaios, abençoada por Deus, no imaginário sincrético das crendices populares, já foi muito melhor. Houve época em que a elite era, verdadeiramente, a nata de um bom leite.
Sem dúvida, nas estatísticas puramente básicas o Brasil melhorou relativamente (também, seria difícil piorar). Mas, apodreceu no dia-a-dia das ruas. A raiz dessa necrose social é a falta de educação do brasileiro. Educação na acepção integral da palavra. O povo piorou porque está muito mais ignorante e menos educado. Ninguém duvida, que a grande culpa disso tudo está nas costas dos homens públicos. Políticos ambiciosos e maquiavélicos preferem um povo estúpido: é mais fácil manobrar! Perdemos o salto qualitativo da História, quando, no início dos anos 80, a educação começou, propositadamente, a se deteriorar. Justamente no período desta chamada “Nova República...”
O que falta ao povo é um bom ginásio. Mas também os valores básicos, a disciplina e a responsabilidade individual ensinadas em lares verdadeiros. E isso não tem nada a haver com o nível social da população!
Há duas gerações, um jovem de 18 anos já havia lido os clássicos, dominava os códigos da gramática, se ilustrava com os exemplos da história e até se encantava com os devaneios da filosofia e a doçura da poética. Hoje, a juventude chega às universidades por decurso de prazo. O fim das reprovações e a promoção automática dos alunos criaram um exército de incapazes. Como se não bastasse, a religiosa esquerdice dos comissários do PT, inventou essa bobagem de cotas raciais nas universidades. Os bolsões excluídos da sociedade, agora, continuam excluídos, mas terão nível universitário. Ler que é bom, nem pensar. O Brasil é um país onde a circulação de jornais e revistas cai a cada ano.O povo lê cada vez menos e escreve cada dia pior.
Temos um presidente ignorante e boçal, que sensibiliza o povo com a banalidade de suas tolices. Os tropeços na gramática e o primarismo da sua lógica são cantados como virtude! Glamurizou-se a estupidez. Festeja-se a estultice. Além disso, esquerda obcecada pelo poder e sonhando com a perpetuidade, extorque o Estado. E assim segue a nossa mazela política...
Os políticos serão melhores quando as pessoas forem mais educadas. Os homens públicos sairão da lama no dia que o povo aprender a tomar banho.


A obra prima é mais um Velásquez.
O artigo original é do jornalista Ronald de Carvalho. Foi editado por Freeman.

domingo, janeiro 29, 2006

Outros Pensamentos...


Há bons artigos para serem comentados, outros tantos no meu processador de textos aguardando para serem editados, mas os pensamentos estão em outro lugar...
É um domingo chuvoso nesta terra paulistana...um terço das páginas do livro "The House of Medici" de Christopher Hibbert já cruzou os neurônios, transportando o pensamento para outros tempos. Em política e nos costumes as analogias são inevitaveis.
Mas a mente está mais uma vêz em outro lugar... e já são outros os pensamentos...

...a foto é de skylight verlags.

domingo, janeiro 22, 2006

Exemplos de Burrice


A condição "sine qua non" para que os homens possam interferir eficazmente na realidade, em qualquer plano, sobretudo no político, é ter uma correta compreensão da mesma. Muitos são os instrumentos para que essa correta compreensão possa acontecer, desde a observação direta, o bom senso, a História e as ciências de um modo geral. Evidente que não ter esse discernimento correto equivale a um vôo cego em noite escura, em meio à tempestade: só pode terminar em catástrofe. Decisões fundadas em falsas análises são o caminho para o inferno.
Em suma, é arrematada burrice uma incompreensão voluntária da realidade, sobretudo quando os instrumentos para sua correta percepção estão à disposição. E é esse o nosso grande problema enquanto Nação, que aderimos a uma espécie de burrice voluntária, que insiste em negar o que os olhos vêem, os ouvidos ouvem e o tato sente. O cheiro imundo do ogro Estatal não é percebido pelas narinas mais refinadas, daquelas pessoas que comandam o Estado e as grandes corporações empresariais. O gosto amargo de seu excremento fétido, servido à moda de caviar nos salões de nossa elite econômica, é saboreado como um manjar dos deuses.
A burrice induzida pelo soporífero poderoso do discurso da esquerda tomou conta dos homens que conduzem os nossos destinos, da mídia, da universidade, das igrejas, de todas as instâncias críticas relevantes que se poderiam levantar contra esse devaneio teratológico, a fim de corrigir a realidade sem maiores traumas. Quero aqui me referir a dois exemplos bastante didáticos desse fenômeno, que saltam aos olhos. O primeiro é a entrevista dada por Paulo Skaf, presidente da Fiesp, à Folha de São Paulo na edição de 25 de Dezembro. O segundo, a reportagem trazida na edição de Veja que chegou às bancas listando os supostos sete pecados capitais que fazem prosperar a corrupção, na visão de especialistas.
Skaf destila ressentimento contra a política monetária partindo do falso pressuposto de que um afrouxamento na sua condução colocaria o Brasil no rumo do desenvolvimento e que não haveria nenhuma seqüela nessa aparentemente simples mudança. Teríamos o retorno rápido da inflação e uma crise incontornável no balanço de pagamentos internacionais. Para Skaf há uma conspiração dos “monetaristas”, que destruíram o monstro inflacionário, mas que ficaram no poder e só pensam em inflação. Skaf quer porque quer uma redução rápida e arbitrária na taxa de juros, como se isso fosse possível.
É bom recordar que os juros encontram-se nesse nível única e exclusivamente em virtude do tamanho da dívida pública, que foi gerada ao longo dos anos pela irresponsabilidade de governantes gastadores, que jamais tiveram a preocupação de avaliar o impacto de suas decisões para as gerações futuras. Eles, os juros, são conseqüência, e não causa, do que acontece na economia. Só há uma causa para os juros altos, assim como para a tributação extorsiva, assunto que o presidente da Fiesp cuidadosamente evita tocar: o tamanho do monstro Estatal. Querer reduzir seriamente a taxa de juros, para trazê-la aos patamares internacionais, é lutar pela redução do Estado, da sua dívida pública, de seu viés distributivista. Em suma, lutar contra o politicamente correto em matéria econômica, lutar pela implantação das idéias liberais. Redução do Estado e separação entre a coisa pública e a privada: é essa a receita para o paraíso econômico que populistas como Skaf jamais pensariam em fazer. Eles querem que o Estado continue a ser o cartório que é, conspirando contra os consumidores e contra pagadores de impostos para manter os interesses estabelecidos. Paulo Skaf não é propriamente um mentiroso, é um arauto das idéias aleijadas da nossa elite, que viraram lugares-comuns, elite econômica assim como a pensante, que domina a mídia e a universidade.
A reportagem, de Veja vai no mesmo sentido. Os sete pecados capitais listados: 1- Impunidade; 2- Distribuição política de cargos; 3- Sucateamento do Estado; 4- Conivência da sociedade; 5- Caixa 2 nas campanhas; 6- Excesso de burocracia; 7- Ausência de políticas anticorrupção. A corrupção, como qualquer pessoa letrada sabe, tem apenas duas causa: 1- a condição humana e 2: o tamanho do Estado.
O único antídoto eficaz contra a corrupção é a redução do Estado, vez que a condição humana, o mal metafísico que nos acompanha desde a origem, esse nem Deus quis abolir. É um dado da realidade. Os “especialistas” esqueceram-se apenas do que é relevante.
Se olharmos as causas listadas por Veja veremos que nas entrelinhas os “especialistas” propõem mesmo é a ampliação do ogro estatal. Por sucateamento do Estado devemos entender que o mesmo não é ainda suficientemente grande, invertendo a relação ente causa e efeito. Por ausência de política anticorrupção – uma falsa avaliação da realidade, visto que o Código Penal, a grande e consolidada política anticorrupção, está em vigor, faltando aos agentes apenas terem o comando político para pegar os culpados – entenda-se um aumento ainda maior da ingerência estatal na vida das pessoas. Esse é outro exemplo de como a burrice voluntária cega e leva os burros a clamarem exatamente pelo oposto do que seria eficaz na sua ação no mundo.
Não falta nenhuma lei para que Marcos Valério, Delúbio Soares, José Genoino, José Dirceu e tutti quanti estivessem respondendo na Justiça pelo malfeito que praticaram e mesmo já atrás das grades. Mas quando o presidente do próprio STF porta-se como advogado de um réu confesso como José Dirceu, a inversão de todos os valores foi consumada e o Código Penal virou letra morta. Falta-nos mesmo é vergonha na cara para varrer esses imundos dos postos de poder. No ano que vem haverá eleições e quero acreditar que os eleitores repetirão a gostosa experiência que vivemos por ocasião do Referendo: vão mandar essa malta mentirosa e burra para o esgoto. A superação da nossa burrice coletiva terá que acontecer de baixo para cima, a partir dos homens simples, que não precisam de lupas desfocadas para enxergar o óbvio. Vamos esperar o grande momento.

Este é um excelente artigo do Nivaldo Cordeiro, publicado pelo "Mídia Sem Máscara" em 26 de Dezembro último.
A pintura é outro maravilhoso Velásquez.

domingo, janeiro 08, 2006

Sem Palavras...


Depois da "palavra digna," a modern Velásquez, by Rod Howe (e...sem palavras)

segunda-feira, janeiro 02, 2006

A palavra digna.


Um novo ano se inicia e, mais uma vez, nos inclinamos para novos e às vezes velhos propósitos. É uma forma de renovação, mantendo como nossa fiel companheira, a Esperança.
O que proponho aos meus amigos da blogosfera é mantermos digna a "palavra", pois ela é a expressão magnífica do homem civilizado!
Mas para dignificarmos a palavra, além do uso correto de suas difíceis regras, devemos nos manter fiéis aos princípios da Verdade e da Boa Vontade.
A Verdade não frutificará sem a Boa Vontade entre os homens, e a Boa Vontade não existirá na ausência da Verdade...
Aliado a estes princípios, só a defesa da Liberdade e o respeito mútuo engrandecerão mais o ser humano! E o engrandecimento será possível se mantivermos, no cotidiano, esta conduta.
No Brasil dos nossos dias esta não é uma tarefa fácil! Não é fácil, porém é certamente digna!
E se porventura nos sentirmos minoria nesta empreitada, lembremo-nos que maioria é apenas um critério aritmético, nunca uma medida de valor...
Um 2006 pleno de realizações à todos!