quarta-feira, janeiro 23, 2008

Outros desperdícios...


Criado logo no início do primeiro mandato do presidente Lula da Silva para ouvir a sociedade, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) completa cinco anos de existência sem nunca ter conseguido emplacar um só conselho.

Obviamente, dentro do governo sempre se soube que isso iria acontecer. Tirando os interessados em disseminar a (falsa) idéia de que o “diálogo com a sociedade” ocorreria por intermédio dos seus 103 conselheiros, cujas opiniões serviriam para “orientar ações do presidente”, o Conselho nasceu fadado a produzir palavras ao vento. Não que faltassem nas discussões temas importantes. Discutiu-se a respeito de tudo: as reformas essenciais; leis trabalhistas; política econômica; estrutura do Estado; estratégias futuras, etc.. Mas o fato é que nenhuma proposta produzida pelo CDES teve qualquer repercussão ou acolhimento. Os conselheiros falaram literalmente para as paredes. Os próprios conselheiros atestam o vazio dessa estrutura de aconselhamento, mas dessas reuniões sobra apenas a conta das passagens e estadia dos debatedores. Mais um dos desperdícios brasileiros...

O pior não é o custo dessas reuniões inúteis. É o custo para a sociedade de prováveis medidas sérias não encaminhadas. Isto, pela desfaçatez de um governo populista e irresponsável e que usa o tempo de muitos cidadãos para nada. Em contrapartida, é ridículo que os seus membros não percebam a atitude maquiavélica do presidente e seus assessores em manter o conselho: para afagar egos; cooptar indecisos e desencorajar adversários...É certamente pela proximidade com o poder que a maioria dessas marionetes continuam indo lá! Por vaidade, por interesse em manter contatos para solucionar questões pessoais, tudo, menos para servir à sociedade.

E, obviamente há uma fauna completa por lá.
O sindicalista da CUT Arthur Henriques da Silva Santos, acha a experiência do “dialogo social muito positiva” mas não cita uma experiência produtiva sequer.
Zilda Arns, ex-coordenadora da Pastoral da Criança elogia no conselho “a possibilidade de todos se manifestarem”. Cezar Britto, presidente da OAB, comemora o fato de acontecerem “discussões fundamentais para a sociedade”, mas reconhece um “vácuo entre produção e execução”. O presidente do Sindicato dos eletricitários de S. Paulo, Antonio Carlos Reis, gostaria que “os conselheiros fossem mais ouvidos pelo governo”.

Mas, pelo andamento das reformas da previdência, política e sindical e outros tantos assuntos de interesse da Nação, vemos na prática o quanto vale, no Congresso, a chancela do chamado “Conselhão”...
O próprio Antonio Carlos traça um quadro do mundo real: “O presidente fala, os ministros falam, o presidente sai, os ministros saem e aí ficam os conselheiros falando. Dali a pouco, todo mundo vai embora” E nada acontece, faltou ele acrescentar.
O mais estranho, aqui também na opinião do Freeman, é gente teoricamente preparada como o presidente da Fiesp, Paulo Scaf, ser entusiasta de um conselho que opera nessas condições. É um crítico de quem não entende a função de aconselhamento. “O conselho não nasceu para tomar decisões”. Para ele o papel de assessoria está muito bem cumprido. “Se alguém entende que não, é porque não entende o que é um conselho consultivo”.

De fato. É difícil entender qual a serventia de um conselho cujos aconselhamentos (nenhum, por sinal) não são levados em consideração. Skaf não esclarece este simples detalhe, mas, dá pistas à respeito de outros aspectos.
Sobre a importância para si (eh, vaidade) “Me considero um membro do conselho do presidente” – para seus pares – “É uma oportunidade para as pessoas se conhecerem”.
Isto vindo de um representante dos empresários é de lascar!
E a eficácia, onde fica?
Convalidam um gasto inútil de recursos, avalizam uma propaganda enganosa e protagonizam muita conversa, para nada?
O que é isso senhor Skaf? Muitos dos conselheiros podem ser beócios, mas o senhor que representa um setor que só sobrevive se for econômico e eficaz, achar isso é demais...(ah! Esqueci: neste país muitos sobrevivem, simplesmente, por bajularem o rei).
E mais senhor Skaf: numa empresa séria, esta situaçao não duraria: Ou o conselho seria disolvido pela sua inutilidade, ou a diretoria seria exonerada por não dar ouvidos ao conselho!
Dizer que conselhos semelhantes existem em outros 70 países não justifica a questão! Pois não é sobre o funcionamento deles que se impõe uma justificativa e SIM sobre o serviço que prestam à sociedade, supostamente representada.

A secretária Esther Bemerguy enxerga nele o valor da “composição heterogênea” que não busca o consenso, mas “o entendimento” (?!?)
Dizemos nós: desde que em torno de algo com algum objetivo prático e legitimado pelo reconhecimento da sociedade.

E ainda acrescentamos: êta Brasilsinho, heim!



O artigo original é de Dora Kramer, está significativamente editado pelo Freeman.

terça-feira, janeiro 22, 2008

Desperdícios brasileiros...


#1 – R$430 milhões em festas, congressos e conferências...

Desde o início da administração Lula da Silva, o governo federal já gastou 430 milhões de reais nesta rubrica informa o Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).
Num momento em que o próprio presidente determinou a racionalização de gastos, esse tipo de despesa supérflua é uma das que mais crescem na esplanada dos Ministérios e nos demais poderes.
Entre 2001 e 2003, o gasto médio com essa finalidade era em torno de R$42 milhões ao ano. Pulou para R$111 milhões entre 2004 e 2007. A ONG “Federação Brasileira de Convetion e Visitors Bureau” (é isso mesmo como você leu), já recebeu R$110 milhões desde o início do governo Lula e está entre as vinte entidades privadas – sem fins lucrativos – que mais recebem recursos do governo federal, embora não conste da lista investigada pela Corregedoria Geral da União...Hoje, o faturamento dessa entidade é do mesmo nível do Sesi – o Serviço Social da Indústria, imaginem...


#2 – R$ 313 milhões com “copa e cozinha”...

Entre compra de materiais e contratação de serviços de garçom, os poderes da república já gastaram 313 milhões. Até 2003 essa média era de R$30 milhões (o que não é pouco), em 2007 subiu para R$88 milhões.
E nós apertamos o cinto quando temos que pagar de R$800 a R$1000 reais/mês para uma empregada doméstica...


#3 – R$1,1 bilhão em “apoio administrativo”...

Outro gasto alarmante da União está na evolução dos números com “serviços de apoio administrativo”, que passaram de R$408 milhões para R$1,1 bilhão em 2007.
O que você pensa “meu”? Sindicalista gosta de emprego, NÃO de trabalho...


#4 – R$ 726 milhões em combustíveis...
A conta de combustíveis para abastecer os veículos oficiais também cresce velozmente: de R$312 milhões em 2002 para R$726 milhões em 2007.
Bem...imagine todos esses recursos sem sair do bolso dos cidadãos que pagam impostos...Que enorme bem que faria, ao invés de estarem malbaratados por esse governo de analfabetos, mentirosos e malandros enganadores de primeira...


Matéria de Sérgio Gobetti do Estadão

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Resistindo: sendo um anticomunista radical.


Alguns leitores afirmam que gostam do conteúdo daquilo que escrevo, mas criticam a forma com a qual me expresso, muitas vezes intolerante com os inimigos ideológicos. Acusam-me de “radical” ou “extremista”, coisas que não fazem muito sentido para mim. Afinal, radical em relação a que?
Por que seria ruim ser radical na defesa da liberdade? Por que seria indesejável ser extremista no combate à tirania? Alegam que através de uma forma mais suave eu poderia conquistar mais gente com meus argumentos. Pode ser que sim. Eu li, há muitos anos, “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, de Dale Carnegie. Um manual para políticos pragmáticos. Mas eu não sou político. Meu objetivo é sustentar com bons argumentos aquilo que considero verdadeiro. E, ser livre para falar o que penso, sem preocupação com aplausos ou com leitores ofendidos. Acredito no livre-arbítrio. Pessoas com algum bom senso e inteligência saberão o que é bom para elas.
Nosso mundo já é extremamente povoado por meias verdades e distorções semânticas. Pessoas que abusam dos eufemismos para parecerem simpáticas, mesmo que suas bandeiras sejam absurdas ou torpes...E, por fim gera-se a confusão, pela falta clareza (e coragem) de muitos debatedores que preferem agradar a gregos e troianos, a defender, verdadeiramente, suas idéias.
Um dos principais motivos para essa reação por parte dos leitores está sempre associado a minha agressividade para com os comunistas de qualquer matiz. Sim, reconheço que uso palavras duras contra eles. Mas como agir diferente tendo conhecimento dos fatos? Como alguém que sinceramente defende a liberdade deve tratar um defensor de Stalin ou Fidel Castro? Onde está o equívoco em chamar de hipócrita um notório hipócrita, como fiz no artigo sobre um idolatrado, e agora, centenário arquiteto comunista que nutre profunda admiração pelo ditador do Caribe e seu mentor, o genocida Stalin? Por mais que eu me esforce, não consigo entender esses apelos. Não vejo virtude alguma em compactuar com a hipocrisia que pretende manter certos tipos intocáveis à críticas.

Não acho razoável ter que contemporizar com quem considero parte da escória humana. Meu mundo simplesmente não funciona assim. Nele, os pingos estão nos “is” e os bois têm nome correto. O uso de eufemismos nunca me atraiu. Ser simpático com quem não presta não faz parte do meu código de conduta.
Os temas religiosos costumam desfrutar dessa aura de proteção, tratados como sagrados mesmo por aqueles que não enxergam nada de sagrado ali. Se você questionar a racionalidade de quem realmente acredita que o vinho se transforma em sangue de Cristo, ou que o corpo de Maria literalmente subiu ao Céu, você é acusado de ofensivo. A ofensa não está na crença irracional, dizem, mas naquele que mostra a irracionalidade.
O que sempre valeu para os assuntos religiosos, pretende-se se estender, agora no Brasil, também para certas posições ideológicas e políticas. Chamar um comunista de comunista, com o desdém que todo comunista merece, passa a ser visto como ofensa. Mas defender regimes assassinos e que mantém seus povos na miséria, isso pode.
Ora, não dá para aceitar! Como devemos lidar com aqueles que, se tivessem poder suficiente, nos mandariam para um Gulag na Sibéria? Como tratar imorais para quem os fins justificam quaisquer meios? Como ser tolerante com indivíduos que aceitam e incentivam o cerceamento da liberdade individual e, absurdamente, ainda preconizam a estatização dos meios de produção, apesar de todos os exemplos históricos da ruína e da miséria desses países?

O teste final que faço com todos que pedem mais tolerância e suavidade com comunistas normalmente é muito bem sucedido. Eu simplesmente pergunto se eles estão dispostos a conceder o mesmo tratamento aos nazistas. A resposta costuma ser o silêncio, pois poucos relativistas estão dispostos a ir tão longe no seu relativismo. No máximo, eles reagem com uma fuga tradicional, falando que não são coisas comparáveis, sem explicar os motivos.

Ora, por que a analogia não é válida? Por que devemos ser obsequiosos com os defensores do comunismo ou socialismo, responsáveis pela miséria dos povos, pelo cerceamento da liberdade e pelo extermínio de milhões de pessoas, mas devemos ser intransigentes com os nacional-socialistas? Por que tratar com respeito imerecido os seguidores de Lênin, Stalin, Pol-Pot, Mao ou Fidel Castro, mas abominar os seguidores de Hitler, farinha do mesmíssimo saco!
Por que defender a proibição do uso da suástica como símbolo, mas aceitar, até mesmo em partidos oficiais, a foice e o martelo, ícones do regime mais nefasto que já existiu? Nunca obtive uma resposta com argumentos decentes. E quem deseja respeito por suas idéias, deve apresentar um bom motivo para tanto, ou seja, argumentos embasados, fatos verídicos avalizados pela História.
Portanto, pretendo continuar sendo um anticomunista “radical”, ou seja, intransigente com aqueles que odeiam a liberdade individual. Lembro do alerta de Karl Popper: “Não devemos aceitar sem qualificação o princípio de tolerar os intolerantes senão corremos o risco de destruirmos nós próprios e a própria atitude de tolerância”.
Todo comunista é, ou um completo ignorante, ou um malandro aproveitador. Não há outra hipótese. O comunismo agride a lógica e os fatos empíricos. Um comunista inteligente, que domina o assunto econômico e político, e é honesto intelectualmente, além de íntegro como pessoa, existe tanto quanto unicórnios, gnomos e sereias.
O artigo original é de Rodrigo Constantino, está significativamente editado pelo Freeman.