domingo, dezembro 24, 2006

Uma reflexão de Natal...




Natal,
Natal Cristão.
Se, por um momento,
pudéssemos nos apartar do cotidiano,
dessa distorção maluca
que se tornou a comemoração,
reconheceríamos que o Natal é um tempo de reflexão,
de mudança, de oração íntima, qualquer que esta seja, de introspecção verdadeira.
Lembraremos que o Mundo já era injusto no tempo de Cristo e que, vinte séculos depois,
ainda o é, embora numa roupagem futurista...
Pela iniciativa e descortino de uns poucos, nas ciências, a humanidade evoluiu.
Talvez...
Mas, o individuo,
o ser humano, a grande massa humana continua medíocre,
tacanha, sem largueza de alma,
como
no tempo de Cristo.
Não aprenderam
os ensinamentos fundamentais,
entre os quais, o “livre arbítrio”.
Talvez, o mais importante deles.
A faculdade de decidir por si, de guiar-se, comandar seus próprios atos, ser autêntico, espontâneo, seguir sua vontade, restrito apenas por normas gerais de conduta.
Pobre ser...
É prisioneiro da sua própria ignorância,
causada, na maioria das vezes, pela preguiça, pela falta de vontade própria de evoluir.
O pior cárcere, não é o que aprisiona o corpo. É o que limita a mente e asfixia a alma...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

A quem beneficia essa sociedade de órfãos?








À primeira vista e, independentemente do nosso status social, sempre nos parece louvável o estabelecimento de programas de combate à pobreza e à miséria. Infelizmente, a nossa louvação é um grande engano causado, via de regra, pela nossa natural compaixão.

A experiência mundial tem ensinado que os resultados alcançados por programas dessa natureza, instituídos e administrados pelos governos, estão muito longe de alcançar qualquer coisa parecida com os objetivos originais dos idealistas que os vislumbraram. E aqui não estamos especificando a vergonhosa característica brasileira da endêmica corrupção oficial.

O tema, que é de predileção de qualquer político, precisa ser avaliado desapaixonadamente.
Nele, três pontos são essenciais e comuns ao bom senso, além de amparados por uma longa experiência histórica.

O primeiro, relativo a natureza humana, nos ensina que a pobreza só é eliminada, efetivamente, quando as pessoas ajudam a si próprias.

O segundo ponto, aparentemente óbvio, e de contexto macroeconômico, nos ensina que a efetiva eliminação dos bolsões de miséria requer e pressupõe ambientes prósperos e de oferta de bens abundante.

E o terceiro, fruto dos exemplos mundiais, já conclui inúmeras vezes que: nenhum programa governamental eliminou, até hoje, a pobreza.

Com relação ao primeiro aspecto - que certamente merece uma análise específica das motivações do comportamento humano – o bom senso nos indica que o objetivo essencial de um programa antipobreza deveria ser a ênfase educacional e exaustiva para a auto-suficiência das pessoas! Devemos lembrar aqui, uma magnífica frase de Roosevelt perante o Congresso americano, há mais de 60 anos: “A dependência continuada de ajuda induz a uma desintegração moral e espiritual do cidadão e fundamentalmente destrutiva da fibra da Nação...”

O segundo aspecto, fruto da avaliação macroeconômica, nos indica que, quanto mais bens forem produzidos, maiores serão as chances de estendê-los a todos.
Para isso é fundamental o ambiente destinado à criação de empresas e empreendedores... Aliás, esta era uma das principais recomendações do veterano professor John Due, da Universidade de Berkeley, há mais de vinte anos, ao estudar e avaliar a estrutura fiscal dos países em desenvolvimento com o objetivo de propor medidas de combate à pobreza.
A outra recomendação referia-se a taxa de poupança que permitisse uma rápida formação de capital. Desta forma, uma excessiva carga tributária aos setores produtivos da sociedade, como há muito ocorre no Brasil, certamente trás duas conseqüências antagônicas às já antigas recomendações: primeiro, o desestímulo ao ambiente empresarial; e, segundo, a redução da poupança disponível.
Para comprovar essas teses, além dos nossos demagógicos e fracassados exemplos, vamos nos ater ao que ocorreu nos países considerados desenvolvidos:
Nos últimos trinta anos, economia européia, de um modo geral praticante de um generoso sistema assistencial e protetor, manteve uma taxa de desemprego de, pelo menos, o dobro da taxa americana, cuja sociedade vive num ambiente mais livre e com menos interferência governamental. Da mesma forma, a evolução do crescimento dessas nações é amplamente favorável aos E.U.

Isso nos leva a concluir que consciência e preocupação social não são suficientes para produzir “justiça” econômica ou “social”, se quisermos usar o termo predileto dos políticos socialistas. Esta só é alcançada com oportunidade de trabalho e produção. E estes só florescerão se houver ambiente propício para isso.
Sem o surgimento de novos empreendimentos, e sem o fortalecimento das empresas existentes, não haverá crescimento real e conseqüentemente progresso real dos indivíduos.
O que haverá, isto sim, com crescente transferência de recursos do setor produtivo para a burocracia governamental, é o nivelamento por baixo de todos, e a socialização da ineficiência e da miséria!

O terceiro e último aspecto refere-se à administração desses programas pelos governos. Para ficarmos com exemplos estatísticos sérios, vamos citar o que nos dizem dois conhecidos órgãos internacionais:
O Banco Mundial, em mais de um relatório, chegou à amarga conclusão de que apenas uma média de 19% dos recursos originalmente aprovados e destinados a programas sociais chegam aos destinatários!
Já há muitos anos, a Human Events publicou, com o sugestivo título “Para onde vão os bilhões destinados à ajuda”, um estudo de Staton Evans que nos revela dados incríveis, e que ocorreu no próprio Estados Unidos quando políticos, sob a influencia mundial socializante, tentaram implantar um desses programas. Diz ele que entre 1965 – quando se iniciou o chamado programa da “Grande Sociedade” – e 1978 os governos federal, estaduais e as administrações municipais americanas elevaram de 77 para 394 bilhões de dólares os recursos destinados a beneficiar os pobres. Pois bem, isso significou uma elevação de 411% (em dólar) dos recursos, mas o número de pobres no país – segundo as próprias estatísticas oficiais – manteve-se constante, em torno de 2,5 milhões de pessoas!

O fato concreto é que, sob alegação de proteger os pobres, a maior parcela dos recursos acaba sendo destinada ao pagamento da burocracia, dos “assessores”, dos “consultores” e de toda a parafernália política que envolve tais programas. E isto, sem mencionarmos a avassaladora corrupção brasileira.

Os beneficiários, na verdade, são sempre a estrutura político-burocrata que visa em primeiro lugar a ampliação dos seus poderes e sua interferência na vida da sociedade.

A conclusão realista é que os pobres representam um “grande negócio” para a casta de políticos e burocratas que manipulam, sob a égide do Estado - pretensamente neutro e justo - as incríveis somas confiscadas do setor produtivo.

Se isso já ocorreu no mundo desenvolvido, o
que esperar de um País cujos políticos, apesar de saberem disso tudo, insistem nesse desatino malcheiroso?

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Tributo a Milton Friedman



“Não existe almoço grátis” – Milton Friedman (1912-2006)


Faz pouco tempo morreu Milton Friedman, prêmio Nobel de Economia e grande defensor da liberdade.
Num mundo impregnado pela crescente e devastadora intervenção do Estado em quase todos os setores da atividade humana, ele vai fazer muita falta! Na nossa terra de tupiniquins estatizantes, botocudos iletrados, sindicalistas vagabundos e sedentos por cargos públicos, a sua doutrina era mal conhecida, mal vista e mal interpretada.

Mas Friedman desde cedo teve a capacidade de discernir e admirar a grandiosa lógica de “A Riqueza das Nações”, obra fundamental de Adam Smith, especialmente quando o pai da ciência econômica moderna declarou: “Ao perseguir seus próprios interesses, o indivíduo, em geral, promove os da sociedade de um modo mais efetivo do que quando os governos prometem fazê-lo”.

Friedman teve a coragem de defender a importância da estabilidade da moeda, no apogeu das teorias keynesianas, logo após a Segunda Guerra Mundial. Para fazer valer suas teses levou, com suas pesquisas arrojadas, a ciência econômica para o campo dos estudos históricos e empíricos.

Com o livro: “Capitalismo e Liberdade” (University of Chicago Press, 1962), hoje um clássico, desmontou a teoria keynesiana”, defendida pelo “dandy” John Maynard Keynes, que, com sua “Teoria Geral do emprego, do juro e da moeda” levou a Inglaterra (e muitos países que entraram na onda da crescente ingerência governamental na economia) ao desemprego, à imobilidade econômica e à inflação.
Na sua “contra-revolução”, à frente da Escola de Chicago, onde lecionou por mais de 30 anos, o monetarista observou que a provisão de dinheiro era o “fator central de controle no processo de desenvolvimento econômico”. Para ele, as “variações da atividade econômica não se explicam pelas variações de investimentos, mas pelas variações da oferta da moeda”. Para Friedman, as intervenções do Estado na vida econômica de um país podem e devem ser substituídas pelo controle da evolução da massa da moeda em circulação. Quanto menos regulamentação do governo e a introdução de um sistema de auto-regulação dos agentes econômicos – melhor.

Milton Friedman era um homem de baixa estatura e incrivelmente modesto para o seu grau de conhecimento. Foi, entretanto, um analista vigoroso e um debatedor implacável. Na luta contra os postulados de Keynes, que pregava de um modo sedutor a intervenção do Estado por meio de uma política de gastos para fomentar o “pleno emprego”, assumiu uma posição ferozmente antagônica. Para o pai da Escola de Chicago, os gastos do Estado puniam os contribuintes ou eram inflacionários. “A inflação é sempre e em toda parte um fenômeno monetário” – afirmava. “Excesso de papel moeda pode significar escassez de mercadorias e aumento dos preços”. Vale dizer: muita pobreza ou miséria. Sábias palavras!

Na sua dialética, para dar a pancada final na cabeça do intervencionismo keynesiano, Friedman indagava sobre a origem do dinheiro para os gastos governamentais: "se a oferta da moeda permanece constante e o governo gasta dinheiro, alguém deve ter menos dinheiro para gastar. Se o governo toma dinheiro vendendo títulos do Tesouro ao público, elevando as taxas de juros, as empresas não têm condições de competir com o governo e tomar os empréstimos para investimentos."

Nos últimos anos, no combate pela liberdade econômica e política, tornou-se um inimigo frontal da crescente transferência do poder dos Estados e do sistema produtivo para o Estado federal e sua burocracia centralizadora, que, a pretexto de criar “igualdade e segurança”, se esmera no jogo de tirar recursos das forças produtivas para entregá-los às crescentes hordas de parasitas. Então, nas suas palestras e conferências, para deter o avanço incessante dos burocratas e seus projetos daninhos, passou a exigir da opinião pública em geral uma atitude de mudança em favor da maior confiança na iniciativa privada e da cooperação voluntária, como reação às propostas insolventes do coletivismo totalizador.

No plano político, para o mentor da Escola de Chicago a liberdade econômica é a condição básica para a liberdade política: “Ao permitir que as pessoas cooperem entre si, sem a coerção de um centro decisório, a liberdade econômica reduz a área sobre a qual se exerce o poder político. Além disso, ao descentralizar o poder econômico, o sistema de mercado compensa qualquer concentração do poder político que se possa produzir. A combinação, numa só mão, do poder político e econômico é a fórmula segura para se chegar à tirania”.

Ao ganhar o Prêmio Nobel de Economia, em 1976, John Kenneth Galbraith, um defensor do intervencionismo governamental, curvou-se e escreveu: “Ele foi talvez a mais influente figura econômica da segunda metade do século 20”.

Grande Friedman! Que Deus o tenha.



O artigo original é de Ipojuca Pontes, publicado hoje no Midia sem Máscara - foi editado pelo Freeman