quarta-feira, dezembro 06, 2006

Tributo a Milton Friedman



“Não existe almoço grátis” – Milton Friedman (1912-2006)


Faz pouco tempo morreu Milton Friedman, prêmio Nobel de Economia e grande defensor da liberdade.
Num mundo impregnado pela crescente e devastadora intervenção do Estado em quase todos os setores da atividade humana, ele vai fazer muita falta! Na nossa terra de tupiniquins estatizantes, botocudos iletrados, sindicalistas vagabundos e sedentos por cargos públicos, a sua doutrina era mal conhecida, mal vista e mal interpretada.

Mas Friedman desde cedo teve a capacidade de discernir e admirar a grandiosa lógica de “A Riqueza das Nações”, obra fundamental de Adam Smith, especialmente quando o pai da ciência econômica moderna declarou: “Ao perseguir seus próprios interesses, o indivíduo, em geral, promove os da sociedade de um modo mais efetivo do que quando os governos prometem fazê-lo”.

Friedman teve a coragem de defender a importância da estabilidade da moeda, no apogeu das teorias keynesianas, logo após a Segunda Guerra Mundial. Para fazer valer suas teses levou, com suas pesquisas arrojadas, a ciência econômica para o campo dos estudos históricos e empíricos.

Com o livro: “Capitalismo e Liberdade” (University of Chicago Press, 1962), hoje um clássico, desmontou a teoria keynesiana”, defendida pelo “dandy” John Maynard Keynes, que, com sua “Teoria Geral do emprego, do juro e da moeda” levou a Inglaterra (e muitos países que entraram na onda da crescente ingerência governamental na economia) ao desemprego, à imobilidade econômica e à inflação.
Na sua “contra-revolução”, à frente da Escola de Chicago, onde lecionou por mais de 30 anos, o monetarista observou que a provisão de dinheiro era o “fator central de controle no processo de desenvolvimento econômico”. Para ele, as “variações da atividade econômica não se explicam pelas variações de investimentos, mas pelas variações da oferta da moeda”. Para Friedman, as intervenções do Estado na vida econômica de um país podem e devem ser substituídas pelo controle da evolução da massa da moeda em circulação. Quanto menos regulamentação do governo e a introdução de um sistema de auto-regulação dos agentes econômicos – melhor.

Milton Friedman era um homem de baixa estatura e incrivelmente modesto para o seu grau de conhecimento. Foi, entretanto, um analista vigoroso e um debatedor implacável. Na luta contra os postulados de Keynes, que pregava de um modo sedutor a intervenção do Estado por meio de uma política de gastos para fomentar o “pleno emprego”, assumiu uma posição ferozmente antagônica. Para o pai da Escola de Chicago, os gastos do Estado puniam os contribuintes ou eram inflacionários. “A inflação é sempre e em toda parte um fenômeno monetário” – afirmava. “Excesso de papel moeda pode significar escassez de mercadorias e aumento dos preços”. Vale dizer: muita pobreza ou miséria. Sábias palavras!

Na sua dialética, para dar a pancada final na cabeça do intervencionismo keynesiano, Friedman indagava sobre a origem do dinheiro para os gastos governamentais: "se a oferta da moeda permanece constante e o governo gasta dinheiro, alguém deve ter menos dinheiro para gastar. Se o governo toma dinheiro vendendo títulos do Tesouro ao público, elevando as taxas de juros, as empresas não têm condições de competir com o governo e tomar os empréstimos para investimentos."

Nos últimos anos, no combate pela liberdade econômica e política, tornou-se um inimigo frontal da crescente transferência do poder dos Estados e do sistema produtivo para o Estado federal e sua burocracia centralizadora, que, a pretexto de criar “igualdade e segurança”, se esmera no jogo de tirar recursos das forças produtivas para entregá-los às crescentes hordas de parasitas. Então, nas suas palestras e conferências, para deter o avanço incessante dos burocratas e seus projetos daninhos, passou a exigir da opinião pública em geral uma atitude de mudança em favor da maior confiança na iniciativa privada e da cooperação voluntária, como reação às propostas insolventes do coletivismo totalizador.

No plano político, para o mentor da Escola de Chicago a liberdade econômica é a condição básica para a liberdade política: “Ao permitir que as pessoas cooperem entre si, sem a coerção de um centro decisório, a liberdade econômica reduz a área sobre a qual se exerce o poder político. Além disso, ao descentralizar o poder econômico, o sistema de mercado compensa qualquer concentração do poder político que se possa produzir. A combinação, numa só mão, do poder político e econômico é a fórmula segura para se chegar à tirania”.

Ao ganhar o Prêmio Nobel de Economia, em 1976, John Kenneth Galbraith, um defensor do intervencionismo governamental, curvou-se e escreveu: “Ele foi talvez a mais influente figura econômica da segunda metade do século 20”.

Grande Friedman! Que Deus o tenha.



O artigo original é de Ipojuca Pontes, publicado hoje no Midia sem Máscara - foi editado pelo Freeman

Um comentário:

Saramar disse...

Freeman, que aula!
Ele explicou coisas que, para mim, são aramaico, em algo de clareza inimagável tendo em vista a complexidade do assunto. Pelo menos por esse ângulo.
beijo