quarta-feira, agosto 23, 2006

O Banqueiro e o Cardeal.


Duas figuras notáveis do cenário social brasileiro são o banqueiro Olavo Setúbal e o cardeal-arcebispo de Salvador e presidente da CNBB, Dom Geraldo Majella Agnelo. Dois homens que alcançaram a senectude com uma história pessoal de sucesso tendo desempenhado ativamente papéis na nossa história contemporânea. Por seu destaque e também pela idade avançada, deveríamos esperar desses dois senhores lições de sabedoria e ensinamentos práticos de ação positiva. Em vão. Suas idéias são o oposto do bom senso e o espelho medido do grau de alienação que tomou conta da elite brasileira, que perdeu não apenas o senso de realidade, mas o instinto de sobrevivência.

Na edição de 13 de Agosto da Folha de São Paulo encontrei um artigo do cardeal e uma entrevista do banqueiro. Quero comentá-los porque formam um material bastante didático para um estudo da determinação da grave decadência de que padece a sociedade brasileira. Se poderosos envelhecidos que exercem o poder em sua área de atuação não vêem a realidade como ela é, o que dizer dos mais jovens?
O Brasil está órfão de liderança.

Comecemos com a entrevista de Setúbal. Ele iniciou por afirmar que “o governo Lula acabou sendo um governo extremamente conservador”. É preciso abstrair o fato de Setúbal ser banqueiro e Lula um bom pagador de juros sobre a dívida pública. Lula seria conservador? Não! Tentou de todas as formas elevar a carga tributária, apóia abertamente o movimento guerrilheiro do MST e suas dissidências, alinhou a diplomacia brasileira com Hugo Chávez, Fidel Castro e o Foro de São Paulo, movimento em si absolutamente revolucionário, fez da compra de votos, via bolsa-família, sua base de reeleição, fazendo regredir as práticas políticas brasileiras ao tempo da República Velha. Isso sem esquecer que fez o Brasil mergulhar nas práticas fisiológicas e corruptas sem paralelo na história, com a instituição do mensalão, o aparelhamento do Estado para gerar recursos escusos para campanhas eleitorais e práticas como as que resultaram no escândalo chamado de Sanguessugas.

Ingenuamente, ou exercendo plenamente a sua senilidade, Setúbal vaticina que não há “nenhum sinal de tensão no sistema financeiro”. Ora, um analista minimamente interessado na realidade sabe que a reeleição de Lula servirá como ponto de partida para as reformas autoritárias que não conseguiu instituir, como a lei da mordaça, como a tentativa de tutelar a imprensa, o alinhamento mais forte com o regime da Venezuela, com uma hostilidade maior em relação aos EUA e com a expansão dos “direitos” incompatíveis com o livre mercado. Seria o preâmbulo da implantação adiada do socialismo e a prática inaugurada por Chávez de abolição da separação dos poderes. Chamar Lula de conservador, como fez Setúbal, chega a ser piada de mau gosto. Daí ele concluir que “não tem diferença do ponto de vista do modelo econômico. Eu acho que a eleição do Lula ou do Alckmin é igual”. Tem sim. Lula é um revolucionário cuja ação radical está latente e pronta para ser posta em ação. Alckmin não tem qualquer compromisso com o movimento comunista. São antípodas.

Setúbal tem uma visão idílica do Brasil: “Nunca o Brasil esteve tão bem como hoje. A educação, a saúde, tudo melhorou enormemente. Só tem uma coisa que piorou: a segurança pública. No meu tempo de jovem, havia um único ginásio, era ginásio do Estado, mas dizer que a educação era boa antigamente é uma grande ilusão. Tudo melhorou. O ensino melhorou, a USP melhorou enormemente em relação ao que era 50 anos atrás. A única coisa que realmente piorou foi a segurança pública”. É insensato imaginar que a USP, por exemplo, aparelhada para ser um viveiro de militantes revolucionários, melhorou em relação ao passado. E não ver que o ensino público fundamental e médio é uma sucata viva, que só tem compromisso com a doutrinação de esquerda, é não saber o que se passa. O Brasil progrediu em muitos campos, mas nunca o país esteve tão à mercê de aventureiros despudorados que não hesitarão em destruir o que se conseguiu para alcançar seus objetivos políticos.

Seu único senão é a segurança pública, mas não percebe que ela é a ponta-de-lança dos inimigos da sociedade aberta e o abre-alas da revolução. A violência que explodiu em São Paulo tem causas políticas. Mas Setúbal tem na ponta da língua uma explicação para ela, completamente alienada: “A principal razão é a explosão da natalidade. A taxa de natalidade ainda cresce de forma absurda no Brasil. Chegou a ser 5% o crescimento anual da população brasileira. Hoje ainda é muito alta. O Brasil precisa diminuir a taxa de natalidade. Mas nenhum político assume isso por causa de problemas religiosos”. E diz que o suposto problema tem origem na Igreja Católica que não recomenda o uso de contraceptivos.

É como se os bebês, ao nascer, já viessem armados de AR-15. Ridículo! A violência é um aleijão moral praticado por pessoas adultas, má intencionadas e movidas politicamente. Nada tem a ver com a taxa de natalidade e com os bebês. Aliás, as últimas pesquisas demográficas divulgadas pelos IBGE mostram que a taxa de natalidade no Brasil, mormente a de São Paulo, está no nível europeu. Setúbal se engana duas vezes, por julgar que a população está crescendo velozmente e por achar que o mal está na sua expansão.

Banqueiros só têm compromisso com a rentabilidade de seus bancos e não têm, em princípio, porque se transformarem em bons analistas sociais. Mas asneiras desse calibre vindo de um homem como ele, que praticou e conviveu com os méritos do capitalismo e conheceu de perto a vida pública, parece-me imperdoavel.


Já o cardeal Agnelo é outra história: ele representa a sagrada tradição que tem as lupas para ver a realidade e tem o estofo moral e a certeza metafísica que não podem levar a enganos. Por isso fiquei desolado ao ler a sua opinião exposta no artigo (“São Paulo, cidade sitiada”), em absoluto desacordo com o que aprendi da doutrina cristã e tenho visto nos documentos escritos pelo Santo Padre Bento XVI: “Em meio a tantas opiniões, fico com a maioria dos analistas sociais: está na injustiça, que, a meu ver, é um cancro que rói as entranhas da humanidade”.

Ora, alguém só cai no crime e no pecado pela fraqueza moral individual e pela má intenção. A frase do cardeal oculta a análise marxista da luta de classes que substitui as certezas cristãs. Um cristão sabe que o mal está sempre à espreita e que ele, o mal, é mais eficaz quando toma a forma de movimentos políticos. E que deve resistir ao mal. Quando o mal se assenhora do Estado, como houve em todas as experiências coletivistas, a sua eficácia foi total e a imagem cristã de que esse mundo é um Vale de Lágrimas alcançou expressão concreta na sua plenitude.

A tese do cardeal o leva necessariamente ao relativismo moral, fato que o faz inocentar algozes e transformar as vítimas dos facínoras em culpados pela violência que sofrem, em completa inversão das coisas. Nas suas palavras: “Inegavelmente, a existência da flagrante injustiça reinante no Brasil faz surgir novas lideranças, boa parte delas surgidas dos guetos gerados por essa mesma injustiça. Não adiantou nos fecharmos em condomínios, comprarmos câmaras para nos livrar do ‘inimigo’, pois ele está no meio de nós, e nós subestimamos a sua inteligência. Ele aprendeu a corromper, a comprar pessoas e instituições; ele nos causa medo, pois atinge nossos filhos, atinge a todos nós, e agora ataca até mesmo a instituição criada para nos defender. Estamos reféns. Quem pagará nosso resgate”? Como cristão eu diria que Cristo pagou nosso resgate, mas não se trata dessa certeza escatológica aqui.

Não satisfeito ainda reconhece legitimidade aos meliantes em pôr em dúvida as instituições que representam a democracia. Escreveu: “Impressionou-me o depoimento de Marcola, no qual disse que sua ‘escola’ fora a dos exemplos vindos de poderes constituídos, corrompidos e corruptores. Não terá ele razão? Essa escola não atingiu só o PCC: tem atingido toda a sociedade. Ser honesto passou a ser sinônimo de tolo, de débil mental. Mas não existe só essa escola apontada por Marcola. Nós criamos muitas outras, e por elas caminhamos”. O cardeal coloca no mesmo patamar o criminoso muitas vezes apenado e as instituições da democracia. É nivelar por baixo. Marcola não tem autoridade alguma para julgar nosso sistema político. Na verdade, para nada.

O delírio do cardeal é tão grande que inventou até novas formas de pecado, algo absolutamente alheio aos textos sagrados, se supusermos que o que Lênin e Marx escreveram nada tem de sagrado e seus escritos não são canônicos. Nas suas palavras: “Penso que hoje não podemos apenas falar de pecado social. Há também um pecado estrutural, presente nas instituições governamentais mais representativas. E isso se faz notório quando percebemos que, mesmo enxergando a calamidade que está dentro de nós, continuamos tentando encobrir o sol com a peneira, como se tivéssemos controle do tsunami que se formou no meio do oceano social”.

Pecado social? Pecado estrutural? Ora, o que é isso, cardeal? Pecado, pelos verdadeiros ensinamentos da Igreja, é algo que tem a ver apenas com indivíduos e só o marxismo-leninismo é que poderia, por uma analogia assaz grosseira, usar essas expressões. Um homem de fé e cultuador das Escrituras não poderia cair em um erro como esse.

Sua conclusão não poderia ser mais insensata, invertendo a realidade das coisas: “Não há tempo para apontar culpados e vítimas. Todos somos culpados e vítimas - e, diria melhor, somos vítimas de nossas culpas”. Será que o cardeal ainda não descobriu de que lado está? Que há o bem e o mal? E que o mal em política hoje responde pelo nome de coletivismo? E que Marcola e seus “soldados” estão a serviço do mal? Será tão difícil assim distinguir a virtude do vício? Ao misturar tudo no mesmo saco penso que o cardeal prestou um grande serviço ao Inimigo de Deus.



* Notas do Freeman:

  1. Eu já havia esboçado um artigo comentando (menos diplomaticamente, digamos) a entrevista e o artigo aqui referidos, quando lí esse excelente artigo do Nivaldo Cordeiro no Mídia Sem Máscara. E está óbvio qual escolhí publicar...Está minimamente modificado, mas o mérito é todo do Nivaldo.
  2. Depois a Igreja Católica não sabe porquê está perdendo fiéis...
  3. Se algum dia eu começar a manifestar opiniões como essas do banqueiro e do cardeal, deixo aqui, de antemão, autorização formal para qualquer leitor internar-me num hospício ou inscrever-me como membro do PT, o que dá quase na mesma...

domingo, agosto 13, 2006

Obtusidade cívica ou cínica má-fé?














De volta, infelizmente, e com os pés na terra, enxergo que nada mudou para melhor no nosso horizonte institucional e político. Pelo contrário, a confusão instituida pela era PT do que é ético, correto, verdadeiro, parece que só piorou! Neste país que adora ciglas, a violência "coletiva", por exemplo, antes restrita ao MST dá lugar a uma organização concorrente, creio, também do próprio governo, conhecida aparentemente como PCC...Pretendo ainda me informar melhor...
Se isso se confirmar, nós liberais até que deveríamos estar contentes, pois onde há livre concorrencia o preço tende a baixar e o serviço a melhorar...Logo, poderemos estar escolhendo entre ser trucidado pelo MST ou pelo PCC...
E neste retorno, para saudar os estrategistas políticos de plantão, só me resta transcrever (ligeiramente editado) um excelente artigo do João Nemo, publicado no "Midia Sem Máscara".
Portanto, nada de preguiça: LEIAM!!!

Há não muito tempo, com a elegância que caracteriza os seus textos, Percival Puggina criticou a campanha que tem pipocado na Internet, prescrevendo como antídoto da imoralidade política, o voto nulo. A idéia em síntese é: a coisa está tão ruim que deveríamos todos votar nulo e inviabilizar as eleições.
Vivemos, há pouco, o período da copa do mundo, quando até minha sogra (a do Nemo, não a minha), que não distingue bola de futebol de bola de gude, se meteu a dar palpites táticos e de escalação. Parece que época de eleição também promove o mesmo efeito, gerando novos e brilhantes estrategistas que passam a promover idéias geniais como essa.
Se isso pega, estaremos submetidos ao risco de vir a reeleger este governo absurdo, avalizando todas suas estrepolias, entre elas a institucionalização do roubo e da impunidade. É exatamente a proposta que merece a célebre frase de Nelson Rodrigues: obtusidade córnea ou má-fé cínica!
Primeiro a obtusidade. Nesse caso estamos falando, muito tipicamente, daquele tipo de pessoa que fazendo cara de nojo lembra que “todo político é ladrão”, ninguém presta, a política é uma vergonha, etc.. A solução é ficar de longe, preservar a própria pureza e num embevecimento quase erótico com a perfeição moral da sua suposta virgindade, não fazer nada. Aliás, a virgindade, por definição, é estéril e muitas vezes o que parece virtude é aridez mesmo. A atitude descrita faz sentido para uma donzela: enquanto não aparece um cavalheiro digno da sua “mão” ela não se entrega. Então, essas donzelas do voto, não vislumbrando príncipes mas apenas enxergando sapos, acham que não devem se entregar e preferem correr o risco de serem estupradas junto com as liberdades individuais e as instituições democráticas. Numa reeleição estaremos flertando, mesmo, é com isso.
Assim como a donzela recusa “membros” menos nobres, alguns dirão que é preciso demonstrar repulsa aos membros do legislativo que transformaram, verdadeiramente, o parlamento brasileiro em uma casa de tolerância, que absolveram corruptos comprovados, que gastam dinheiro público em inutilidades e auto-promoção. É verdade. Nada ilustra melhor o nosso drama do que o fato de ter sido eleito Presidente da Câmara uma nulidade severina cuja principal tarefa parlamentar era pedir aumento de salário, para impedir que o governo ocupasse o posto com um dos seus mais sinistros missionários. Deu no que deu, mas quase acabou sendo eleito, posteriormente, um oposicionista, não fosse aberta uma generosa temporada de bondades do executivo para atrair os votos “flutuantes” do prostíbulo brasiliense. Para usar as tão apreciadas metáforas futebolísticas, diríamos que política é assim mesmo: nem sempre é possível fazer o gol, então é preciso contentar-se com um tiro de canto; e se não der para estar com a bola, é marcar rijo o adversário; quem não faz, pelo menos tenta ver se não toma. O que não dá é para sair do campo e achar que com isso ganha alguma coisa. Eu sei, eu sei, há muito jogo sujo e suspeitas de que andam cooptando o árbitro, mas é preciso lutar, não fazer beicinho nem retirar-se para o vestiário.
Votar nulo equivale, na melhor das hipóteses, a uma estranha tentativa de vencer dando WO. Sempre aconteceu o contrário e, mesmo na Venezuela, onde havia muito mais razão para isso, a abstenção oposicionista deu a Chávez a possibilidade de espancar mais à vontade as liberdades individuais, respeitando formalmente a lei, e dando prosseguimento, sem maiores percalços, ao seu paranóico projeto “bolivariano”.
Na sua faceta obtusa, essa de votar nulo lembra aqueles sujeitos que quando o avião atrasa vão até o balcão da companhia aérea encher a atendente de desaforos. A pobre moça, simples funcionária, fica no “sim, senhor”, “vou comunicar, senhor”, “vou chamar o supervisor, senhor” e tome grito indignado, tome direitos constitucionais, tome direitos do consumidor, tome “isso não vai ficar assim” e pronto. Claro que vai ficar assim. O sujeitinho continua esperando o avião, avisando o mundo pelo celular para aguardá-lo porque foi vítima de uma infâmia e depois passará algum tempo contando como reagiu com veemência à desconsideração sofrida. O tráfego aéreo, porém, vai continuar o mesmo. Votar nulo é tão estúpido e impotente quanto isso. Não faz uma mocinha chorar, mas chuta o balde da democracia e o sujeito se sente importante porque mostrou braveza.
Já a outra faceta da coisa, a má fé cínica, certamente está presente neste caso em doses consideráveis. Se não for a inspiradora única da iniciativa é, pelo menos, a sua mais entusiasmada incentivadora. Eu arrisco um palpite que só chamo de palpite porque não tenho gravação e foto para provar. Quando se organiza uma campanha política, uma das chaves padrão é fatiar os públicos alvo da campanha segundo alguns critérios – faixa de renda, escolaridade, sexo, atividade econômica etc. – e determinar planos táticos destinados às diversas camadas e segmentos da sociedade. Depois do banho de escândalos que vimos acompanhando, em que perplexidade sincera, decepção, horror e moral farisaica se misturam num amálgama intrincado, qual seria a tática para abordar os mais revoltados e sensíveis a um dos mitos preferidos entre nós: o de que ninguém presta? Com certeza os indignados, os decepcionados e outras viúvas das próprias ilusões, não votarão no apedeuta. Então, cumpre procurar que não votem no “outro”.
Quando o Barão de Itararé lançou a sua conhecida frase: “Restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos”, sabia o que estava dizendo. Como é muito difícil restaurar a moralidade, resta a segunda hipótese, mas agora com ar de indignação e plenamente justificada. Vejamos: no caso atual, também não é possível locupletarmo-nos todos – somos exatamente os pagantes para outros se locupletarem - então, como conseqüência, restar-nos-ia expressar a revolta num ato de abstenção ruidosa. Como perfeitos idiotas, ajudarmos a quem deveria ser o principal alvo da nossa fúria.
Sempre vi com extrema desconfiança a pregação de muitos amigos, com os quais comungo a maioria das idéias, contra o voto obrigatório, baseados em uma suposta liberdade de opção e ocultando a preconceituosa idéia de que os “simples” votam mal. Não enveredarei por esse tema porque seria longo e sem retorno para a questão principal, mas em relação à pregação vigente pelo voto nulo, não tenho dúvidas: faz parte de uma estratégia de redução do voto oposicionista, por mais inocentes “indignados” que embarquem nessa canoa. Como acredito que estas eleições ainda vão se tornar “calientes” à beça, creio que o voto nulo tenderá a diminuir e não a aumentar. Mas não se iludam: quem sente repugnância pelo mar de lama vermelha que aí está vote, como diz Olavo de Carvalho, no Chuchu; quem sonha com um socialismo meigo e generoso que jamais existiu, vote no sorriso doce da estridente senadora das manguinhas bufantes; quem curte idéias mágicas, tem à disposição o simpático e delirante ex-ministro da educação. Mas não chute a democracia votando nulo, porque isso seria conivência.
A propósito, eu vou votar no Chuchu com mais convicção do que jamais votei em toda a minha vida.

segunda-feira, julho 24, 2006

Diário de Bordo


Nada como planar sobre as núvens num amanhecer! Só você e o silêncio. E a imensidão da natureza a nos mostrar como somos ínfimos e frágeis...
Como é bom voar. E voar em todos os sentidos...Longe, longe de tudo...Só você, a sublime beleza da mãe Terra e o silêncio...o silêncio...o silêncio...esse engrandecedor da alma humana...

segunda-feira, julho 17, 2006


Com licença, fui viajar!

Nota do redator: Dia 29 de Junho deveria ter sido publicado um desenho semelhante, com a mensagem acima. Como isso não ocorreu "emprestei" hoje, obviamente muito atrasado, um, do sempre ótimo blog da Sabedoria.

quarta-feira, junho 28, 2006

Sem palavras...



Como diz o velho ditado: Uma imagem é melhor do que mil palavras...

A fotomontagem recebí por email. O autor parece ser o identificado.

domingo, junho 18, 2006

O inimigo dentro de casa


Tenho tentado, de várias formas, manter uma postura positiva enquanto observo como as instituições políticas e seus personagens vêm se deteriorando no Brasil. Mas confesso não tem sido fácil.
Escuto, diariamente, as mais variadas pessoas lamentarem as notícias de corrupção, de criminalidade, a ausência total de ética, a impunidade reinante, o esbulho tributário, o massacre burocrático e assim por diante. Geralmente acabo contribuindo com a minha dose pessoal de queixas, tentando conferir alguma racionalidade à chorumela, procurando encontrar uma lógica para as nossas mazelas e contribuir com alguma proposta para que se vislumbre uma solução.
Mas temo que, ao recusar a indefectível frase que costuma suceder a esses lamentos – “este país não tem mais jeito” – eu acabe parecendo ingênuo ou sonhador, tal o volume do mal- estar que se apodera de qualquer pessoa, medianamente sensata, vivenciando o cotidiano brasileiro.

A semana passada, diante de nova notícia de um triste episódio, não pude escapar a mais uma lamentável analogia com a política. Havia acompanhado, com náusea, as notícias do caso da garota que planejou e ajudou a matar os pais a pauladas. As discussões jurídicas são bizantinas: prorrogar ou não a prisão preventiva; prisão domiciliar; guarda da herança, etc.. A maior dúvida jurídica parecia se referir a insistência de parte dos advogados para que sejam separados os julgamentos. Se dermos uma leve espanada nas firulas é claro que a realidade é apenas uma: trata-se de um crime monstruoso, o assassinato de duas pessoas dormindo, idealizado pela perversidade da própria filha e por motivação óbvia: sexo, drogas e deformação moral. Tudo mais é conversa fiada de advogados.

No mesmo noticiário aparecem as cenas da invasão do Congresso Nacional por uma horda, aparentemente alucinada, mas certamente dirigida, com paus e pedras destruindo tudo que vêem pelo caminho. Trata-se, obviamente, de um “movimento social”.
Na verdade, o que choca na cena é vê-la ao vivo e em cores, porque episódios como esse têm ocorrido neste Brasil de MSTs em quantidade crescente. Nós pagamos por eles, querendo ou não! Esses desordeiros impunes vêm sendo, de longa data, cevados com verbas públicas! O que podemos esperar quando o partido do governo e as lideranças dos “movimentos” se confundem e se sobrepõem?

A propósito, muita gente pensa que foi uma gafe cometida porque comprometeria a imagem do governo e do seu partido num momento inoportuno. Eu também gostaria que fosse, mas infelizmente está mais para uma técnica de intimidação do que qualquer outra coisa. Logo ouviremos dizer que “somente Lulla” é capaz de controlar esse pessoal de ânimo mais exaltado.

Voltando a analogia, a triste história da Justiça no Brasil nos indica que, por mais banais ou horrorosos que sejam, o que passa logo a prevalecer sobre os crimes, não é a sua essência, a sua veracidade. São, na esfera pública, além do estrito corporativismo entre os poderes e a troca deslavada de favores, os ritos, os formalismos processuais, sempre embebidos no labirinto das condescendências, das procrastinações que, ao fim, sabemos aonde vão dar: em nada! Ou, no máximo, numa punição incrivelmente modesta para o fato. Neste país, feito para os réus, para os contraventores da lei basta ter um advogado esperto e dinheiro para pagá-los. O que temos, na verdade, é um país onde crime e castigo guardam uma relação apenas acidental, o que leva, obviamente, os criminosos a se tornarem cada vez mais auto-confiantes e a maioria dos cidadãos desnorteados e ao desalento.

Ora, que uma filha pervertida e dois canalhas cometam um assassinato com olhos na herança é uma coisa horrível, mas possível de entender em razão do próprio qualificativo dos autores. O que me assusta é que o nosso sistema jurídico, além de começar a julgar o caso somente três anos e meio depois, permita que os advogados possam adiá-lo simplesmente ao retirem-se do recinto. Isso é um acinte e uma barbaridade contra a sociedade tão grande quanto o crime cometido.
Da mesma forma, pode ser difícil cobrar bom senso de analfabetos e sociopatas que, aliciados por qualquer bolsa-esmola são levados a vandalizar propriedades públicas e privadas. Mas que os responsáveis pelas nossas instituições se omitam escandalosamente e que gente supostamente normal vá se acomodando sem reação a tais coisas, achando maneiras de fingir que elas não têm a gravidade que têm, representa a verdadeira destruição.

Assim como os pais assassinados, as nossas instituições também estão sendo assassinadas por terem o inimigo dentro de casa! Os ocupantes dos três poderes da República, com raras exceções, são os inimigos da República!
O que de fato está matando o País é a destruição do caráter! Estamos nos tornando (sendo otimista concedo um gerúndio) uma nação de homens públicos pervertidos e povo desfibrado. Uns pela canalhice e pela cartilha ideológica; outros pela omissão, que se deixam iludir com encenações bobocas e declarações unilaterais de paz; que não expele os cínicos e os caras-de-pau das funções públicas através das quais nos humilham e nos servilizam. A certeza da impunidade que traspassa desde o menor infrator até o próprio apedeuta-mór, que vive rindo à toa confiante nas pesquisas, é um tapa na cara de quem ainda preserva princípios básicos de respeito e decência.
Estou entre os que não acreditam que as pesquisas anunciadas se confirmem, mas se isso acontecer, teremos perdido, coletivamente, a ambição de civilidade e o nosso caráter.

O artigo original é de João Nemo, publicado pelo Mídia Sem Máscara, sob o título: " Matando o País a pauladas". Foi editado significativamente por Freeman.

segunda-feira, junho 12, 2006

Namorar...



É admirar,
é brincar,
é buscar,
é se entregar,
é sonhar,
é compartilhar, 
é sofrer,
é viver...

para a Si,  minha maravilhosa namorada, esposa, e mãe de dois dos meus incríveis filhos...

segunda-feira, junho 05, 2006

Para rir ou para chorar...



Aqui está uma prova irrefutável da qualidade dos nossos políticos!
É um vídeo simplesmente imperdível! Não sei se é para rir ou para chorar.
Você decide...

domingo, maio 28, 2006

Os Governos de Esquerda...


Uma das coisas mais infernais que nós cidadãos razoavelmente letrados e informados passamos é ter que ouvir as explicações dos ideólogos esquerdistas para seus próprios fracassos, enquanto governantes. Além de chegarem ao poder, via de regra, por meio de mentiras e da demagogia populista, tomam-nos por burros, beócios incapazes de enxergar a realidade. Em alguns casos, que parece ser o do ex-ministro Bresser Pereira, cujo artigo quero aqui comentar, acho que os beócios são eles mesmos e, incapazes de compreenderem a realidade política, passam a fazer uma xaropada de discursos incompreensíveis e incompatíveis com a realidade que se apresenta ao observador. Essa gente como que flutua fora do tempo e do espaço, qual fantasmas. O mito da caverna de Platão dá bem a medida de como eles percebem as coisas, como sombras que vêem invertidas e que não conseguem compreender, mas insistem em nos explicar com a sua visão distorcida.
Antes de entrar no texto propriamente dito, quero aqui sublinhar os pressupostos que estão na cabeça dos intelectuais esquerdistas, que os faz de esquerda enquanto tal:
1- Ser de esquerda supostamente ser bom, é chique e estar de acordo com a busca do bem-comum. Por exclusão, ser de direita é supostamente todo o seu oposto;
2- As teorias econômicas e sociológicas que usam são aplicáveis e o supremo bem é a arbitragem da distribuição de renda, via Estado. Esquecem que suas teorias são impraticáveis e, se postas a funcionar, destroem qualquer país. A História está aí para quem quizer comprovar. Esquecem também que as leis econômicas existem a despeito das ideologias e administrar, por exemplo, moeda e câmbio, ou seja, os preços, só pode ser feito de uma única maneira, sendo a alternativa o desastre;
3- O socialismo é um ideal que pode não ser alcançado agora, mas deve ser uma meta permanente a alcançar, como se fosse o supremo bem. Esquecem que socialismo, em qualquer grau, é a desgraça da raça humana, pois castra a liberdade individual nivelando todos por baixo e concentrando na mão de poucos burocratas o poder de decidir o que é bom ou não para você;
4- Por fim, o auto-engano mais espetacular, que é achar que o não cumprimento do engodo que são suas promessas de campanha eleitoral é tornar-se de direita. Uma ova! Ser de direita consiste em ir mais além do que respeitar as leis econômicas fundamentais: é ser liberal em matéria econômica – reduzindo efetivamente o Estado e garantindo a liberdade de produção e comércio – e conservador em matéria jurídica e de costumes, coisas que a esquerda abomina.
Num artigo publicado em 8 de Janeiro, na Folha de São Paulo (“O paradoxo da esquerda”) Bresser Pereira, candidamente, afirma que “no Brasil, a esquerda ganha eleições, mas não governa”. Isso é um embuste. O Brasil tem um partido de corte revolucionário no poder, pratica uma política econômica distributivista que já vem desde a era FHC (e mesmo de antes, do governo Sarney), com tributação escorchante e um magote de desocupados vivendo à custa de quem trabalha, um pleno viés socialista. O governo do Brasil é de esquerda, pois de esquerda são os partidos que compõem a base governante, pelo perfil operário de seu presidente, pelo fato de estar no poder a elite sindical que de fato manda no país.
Bresser diz que o governo Lula não é de esquerda porque não reduz a taxa de juros, como se o governo unilateralmente pudesse determinar esse preço tão fundamental. Há muitos elementos de determinação para o nível da taxas de juros praticadas, a começar pelo tamanho da dívida pública, pela irresponsabilidade fiscal acumulada ao longo de gerações, pelas muitas moratórias “soberanas” declaradas em passado não muito distante. Reduzi-las arbitrariamente seria jogar o Brasil em uma aventura de alto risco, como tem sido feito muitas vezes, inclusive na época em que o ex-ministro comandava o Ministério da Fazenda. O Estado pode muito, mas não pode tudo, muito menos abolir as leis econômicas.
Outra grande besteira escrita por ele é que “uma sociedade civil como a da Suécia é democrática, enquanto a do Brasil é elitista”. Qualquer governo de qualquer sociedade é elitista, pois sempre é uma elite que governa, um evidente pleonasmo. Há democracia quando há alternância nessa elite dirigente, pelo voto, a cada período. O problema é esse, que Bresser não enxerga: que a nossa democracia é de aparência, na medida em que não existe uma direita política eleitoralmente viável organizada no país. Aqui o engodo consiste na falsa alternância entre mais esquerda (PT) e menos esquerda (PSDB) e no passado, de qualquer combinação esdruxulo-intervencionista, tudo menos de direita ou liberal. De fato, temos uma falsa democracia porque o sistema partidário só contempla um lado do espectro ideológico.
“O desafio da esquerda, obviamente, não é implantar o socialismo, mas governar o capitalismo melhor do que os capitalistas”. Essa frase é lapidar. É a síntese do que está na boca dos que abraçam a social-democracia, aqueles que historicamente abrem alas para a passagem do bloco dos “verdadeiros” revolucionários. A lei de ferro da conquista do poder das esquerdas é que inevitavelmente ela tem que caminhar para a opção totalitária. A social-democracia sempre chega antes. Não basta às esquerdas a hegemonia parcial que o processo democrático garante. Tem que conquistar o poder totalitário. De passagem, é preciso lembrar que é um grande mito das esquerdas dizer que os capitalistas governam. Nunca foi assim. O Estado sempre esteve na mão da elite burocrático-política, não dos empresários, esses carneiros acovardados que são roubados cotidianamente pelo excesso de regulação e de impostos. Que são sistematicamente encurralados e humilhados pelo mais reles dos agentes estatais. Freqüentar uma DAMF é bastante ilustrativo e didático para saber que realmente manda por aqui. É lá que os empresários fazem a sua genuflexão ao deus Estado.
Ter uma burocracia apartidária virou um sonho há décadas, que a nossa plutocracia nem mais acalenta. Perdeu o Estado definitivamente, se é que algum dia o teve. No período varguista mandavam os agentes burocrático-políticos, que ainda tinham algum respeito pelos que produzem riquezas, pois a ideologia distributivista ainda não era dominante. A partir de 1964 a burocracia militar passou a ditar as regras diretamente. Na assim chamada Nova República houve uma mera substituição dos militares por burocratas civis, estes muito mais burros e mais revolucionários.
O artigo de Bresser Pereira pode ser considerado uma síntese das inverdades que habita a cabeça de grande parte da chamada social-democracia, mistificando e ocultando a verdadeira realidade da política nacional.

Este é um excelente artigo do Nivaldo Cordeiro, publicado pelo "Mídia Sem Máscara" em Janeiro último e editado por Freeman.
A pintura, que não podia ser mais apropriada, é de Candido Portinari - Os retirantes de 1944.

quarta-feira, maio 17, 2006

Quero respeito, senhor Presidente!









Mensaleiros em quadrilhas oficiais nos secam a crença na boa fé humana, ultrapassando todos os limites da decência. Nossa liberdade e, nossas vidas estão em constante risco. Nossas Instituições estão em frangalhos.
Nos desnudam, diariamente, da soberania como cidadãos!
Ficamos nus, e sem o menor pudor, riem dos nossos pudores.
Precisamos rasgar a Constituição, queimá-la. Afinal ela parece ser apenas uma peça achincalhada, simples registro para os anais da imoralidade brasileira. Começando pelo extremo despudor com que ela é desrespeitada justamente pelos que têm a obrigação primeira em resguardá-la.
Comecemos por eliminar o Art 1º, onde está escrito que nosso Estado Democrático de Direito tem como fundamentos a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e ao pluralismo político.
O Art. 5º é apenas, como tantos outros, pura ficção, pois há muito não podemos ir e vir livremente. Os grandes centros estão dominados pelos marginais, oficiais ou não.
A nossa Constituição é uma falácia, um simples sofisma para os políticos. Se vivêssemos um Estado de Direito, nenhum indivíduo, presidente ou cidadão comum, estaria acima da Lei. Isonomia? Isso é ridículo! A Lei é para os inimigos! Os amigos estão dispensados dela, orientados e defendidos por advogados de porta de cadeia, travestidos de ministros nos mais altos poderes da República. Leis? Existem sim, mas apenas como decoração. Aliás, como quase tudo na esfera oficial. Seguem a Lei apenas aqueles que ainda se imaginam cidadãos, que ainda nutrem a ilusão de viver em uma nação civilizada e que insistem em acreditar que a sua dignidade como pessoa humana é respeitada pelo Estado.

Este, senhores, é o país dos réus! Não é à toa que criminosos internacionais aqui se abrigam! É o país onde transformaram a chicana em sinônimo de direito à defesa...Tornou-se o país onde “direitos humanos” significa apenas e exclusivamente a proteção a marginais e esquerdistas...
Ter a soberania como fundamento do Estado significa que dentro do nosso território não se admitirá força outra que não a dos poderes juridicamente constituídos. Aqui temos o MST, um bando de desocupados, iludidos por uma pequena corja de marxistas quadrilheiros, sustentados com o dinheiro público!
Uma Nação meio soberana ou de soberania relativa, não é uma Nação.
Qual é esse pluralismo político que se refere a Constituição? Vivemos em um país onde os partidos políticos são comercializados por homens rasteiros que se vendem, e por imorais que os compram!
Servidores públicos? Esta é outra piada de mau gosto. Os brasileiros estão há muito tempo escravisados por uma "entourage" arrogante que os mantem em filas intermináveis de serviços públicos cada vêz mais degradantes.
O que somos? Um amontoado de pessoas que se une apenas em copas mundiais de futebol? Se formos isso, então não somos nada!
E o que devemos fazer? Esperar a hora que o limite da nossa resistência nos impulsione a partir desta maravilhosa terra, mas que tem como pai – Estado o pior dos padrastos? Que além de sugar os seus filhos - cidadãos, os tornam indignos, ultrajados, sujos pela ascendência?
Quero respeito. Quero a chance de ver prosperar meu trabalho. E não ver que, com o meu suor, florescem bandos de quadrilhas oficiais em qualquer recanto da Nação. Quero a oportunidade de criar meus filhos e conhecer meus netos. Quero poder sair do meu país sem ter vontade de ficar por lá.
Quero sentir orgulho da minha pátria! Mas orgulho da alma para dentro e não da boca para fora! E não vergonha, por ser ela uma nação sem caráter.
Quero respeito, senhor Presidente!
Não quero mais viver em uma nação meia-boca, que faz do seu povo cidadãos meia-boca, um país que envergonha e puni os de bem, protege e enaltece os canalhas, os criminosos de qualquer espécie...
Permanecer aqui está se tornando muito mais que um ato de coragem, está se tornando falta de amor próprio a ponto de se submeter à degradante condição de refém dos fragmentos desta república sem-lei, sem moral e sem Justiça!

O artigo original é de Adriana Vandoni, publicado pelo blog de Diego Casagrande. Foi editado, signitivamente, por Freeman. Poderia ser uma carta dos brasileiros indignados para os presidentes da República; do Congresso e do STF.
A capa do NYT Magazine: Lula herói? demonstra que até os esquerdistas do New York Times não nos levam a sério.