quarta-feira, março 19, 2008

A ignorância e a má-fé.


Não há nada pior na vida de uma nação do que a ignorância e a má-fé. Principalmente, quando ela predomina nas lideranças das instituições e no comando dos governos. Políticas públicas equivocadas marcam a vida dos povos de forma indelével, quase que permanente, pois mesmo as correções de rumo são custosas e demoradas.

Mas, deveríamos perguntar: governantes são assessorados por professores, empresários e consultores das mais variadas especialidades e do mais alto gabarito e, dessa forma, dificilmente errariam, ou pelo menos, não deveriam errar muito e não por muito tempo. Então, por que assistimos, cotidianamente, uma enxurrada de asneiras na definição das políticas públicas e nas ações dos nossos governantes?
Simples, não sendo por pura ignorância, são por absoluta má-fé.

Se observarmos a História recente do mundo, descobriremos onde predominam esses dois elementos perniciosos do comportamento humano. Quase que automaticamente, verificamos que as nações onde, predominantemente, esses fatores foram banidos da orientação governamental, encontramos a prosperidade e o desenvolvimento dos seus povos. Caso contrário, nos deparamos com a estagnação, a corrupção e a pobreza.

No Brasil republicano, com raríssimas exceções e, com ênfase a partir de Getulio Vargas, a combinação desses dois fatores quase sempre predominaram. Ao lermos Rui Barbosa, temos a impressão que ele se refere ao comportamento dos legislativos e executivos da atualidade e não do tempo em que viveu. É verdade que NADA supera, em amplitude, a banalização da ignorância e da corrupção deste que o PT assumiu o poder no Brasil...

Um dos últimos exemplos do festival de asneiras que predomina no país foi um eloqüente arroto de ignorância do senhor Lula da Silva, em matéria econômica. Obviamente, como ele não descobriu nada sozinho e sim com a ajuda dos “companheiros”, podemos, aí, configurar o dolo. Disse ele, após a recente ampliação das reservas internacionais, que o Brasil tinha passado de devedor a credor do mundo...
Nada mais falso. Pura ignorância e ou intencional má-fé.

Para os economistas sérios e atualizados, no conceito amplo e correto chamado “passivo externo líquido”, as obrigações do Brasil ultrapassam US$400 bilhões. Isto, já descontado os nossos ativos no exterior, bem como as nossas reservas internacionais. Além disso, o governo federal tem uma dívida pública interna enorme, que é equivalente a 40% do PIB brasileiro. Em números redondos outros US$400 bilhões...E dívida interna desse porte significa o comprometimento com impostos a pagar até de gerações futuras.
Se o que falamos aqui fosse apenas uma discussão acadêmica ou conceitual, menos mal. Acontece que, com esse raciocínio equivocado, o governo já se acha no direito de gastar mais...

Vivêssemos num país sério, menos ignorante e, onde a oposição política e as lideranças da sociedade tivessem algo mais importante a fazer, do que bajular os ocupantes do poder, tudo poderia ser diferente. Mas não. Por não cumprirem os seus papéis, endossam as políticas erradas que perpetuam a pobreza e a não geração de oportunidades para a sociedade.

Governos são meio e não fim, num pais civilizado.

Uma política correta para um crescimento significativo e contínuo seria o efetivo controle dos gastos públicos. Com isso, teríamos um crescimento da formação da poupança e, conseqüentemente, a elevação dos investimentos produtivos.
Estudos econométricos amplos indicam que a diminuição dos gastos dos governos tendem a depreciar a taxa de câmbio, bem como reduzir a taxa de juros. Menores gastos públicos abrem espaço para expandir as exportações líquidas, via depreciação do câmbio e aumentar os investimentos, via queda dos juros. E isso cria prosperidade.
O resto são medidas paliativas, enganosas, que podem até beneficiar um ou outro setor temporariamente, mas que escondem a verdadeira intenção dos governos medíocres e populistas que é de gastar perdulariamente, sem a mínima preocupação com o futuro.

A política econômica dos asiáticos, tão em moda atualmente,baseia-se em altas taxas de poupança e, conseqüentemente, em investimentos produtivos.
Na China, o investimento atual é da ordem de 40% do seu crescente PIB.
Na América Latina, que é uma região de baixo crescimento, esse número é 22%. No Brasil, a excepcional taxa de investimento em 2007 foi de 17,8%. O número inclui, obviamente, a maior parte de investimento privado.
Em 2008, para despesas gerais em torno de R$680 bilhões, os investimentos públicos previstos não passam de R$30 bilhões! Ridículo para um país que precisaria criar alguns milhões de empregos anualmente.

Mas não, aqui preferimos gastar com uma inchada e ineficaz burocracia, com a mais cara e injusta previdência social do mundo, e com as “bolsas esmolas”, que só servem para manter os “currais eleitorais” e para disseminar exemplos de indolência e parasitismo.
Aliado a isso, temos uma escandalosa remuneração nos legislativos brasileiros. Muito mais do que custam nos paises desenvolvidos e, muito acima do que merecem receber essa classe de privilegiados vagabundos profissionais.
Enquanto na França, um parlamentar custa o equivalente a R$2,8 milhões por ano; na Itália: R$3,9milhões e na Argentina: R$1,3; no Brasil eles custam ao contribuinte, em média, R$10,5 milhões. Os 24 deputados distritais de Brasília custam cada um: R$11,8 milhões e os vereadores do Rio ou São Paulo aproximadamente: R$5 milhões cada. E por aí vai...

Dessa forma fica difícil criar poupança pública e investir produtivamente.
O país carece de toda sorte de infra-estrutura: tem portos e aeroportos jurássicos; uma malha de transportes em péssimo estado (a exceção de S.Paulo).
Na vertente da educação, da saúde e da justiça, setores essenciais para o desenvolvimento e a civilidade do país, só encontramos o caos! E aqui não faltam gastos, falta eficiência, decência, trabalho!
Órgãos públicos mantém viciosa conduta megalômana. Via de regra, suas obras, ao invés de refletirem exemplos de probidade são faraônicas, ralos do desperdício e da corrupção, por onde também escoa o dinheiro dos cidadãos.

É preciso que a sociedade acorde e se manifeste contra esse estado de coisas. É preciso dar um basta e impor limites aos impostos que nós cidadãos pagamos. E exigir que eles retornem a sociedade na forma de oportunidades, para todos, equanimente. E para isso, é preciso afastar das instituições e dos governos a ignorância e a má-fé .

Um comentário:

Anônimo disse...

Perdoe-me por não comentar o texto, mas hoje vim para lhe desejar feliz páscoa.

beijos