quarta-feira, março 30, 2011

É ministro, o mundo está mais complexo.



O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, parece tomado por uma crise de identidade. Assumiu o Ministério do Desenvolvimento prometendo defender ferrenhamente os interesses da empresa nacional. Nem completou três meses no governo e já confessou aos empresários paulistas, que não sabe mais o que é para ser defendido: “Temos dificuldades para definir o que é indústria nacional”, afirmou.

É natural a dúvida, mas este não é o problema.
Nem mesmo a brasileiríssima jabuticaba, pode ser reconhecida como produto genuinamente nacional, porque há notícias de que o Paraguai e a Bolívia também a produzem. Em todo o caso, o ministro do Desenvolvimento parece surpreendido com os efeitos de uma economia cada vez mais globalizada. Pimentel entendeu que, em seu posto, deveria agir para defender o produto nacional contra a predação provocada pelo importado, e logo percebeu que o produto nacional pode ser, em parte, elaborado com componentes importados.

A indústria automobilística, por exemplo, quer proteção sobre a importação de veículos, mas gostaria de importar peças sem taxa aduaneira. Com isso, prejudica a indústria de autopeças. O setor têxtil, por sua vez, quer, a proteção ao produto acabado e liberação comercial da matéria-prima. Mas, fica difícil colocar o princípio em prática. Como a fibra é matéria-prima da indústria de fiação; o fio, matéria-prima da indústria de tecelagem; e o tecido, matéria-prima da indústria de confecção, fica mesmo difícil entender o que é para ter importações liberadas e o que precisa de defesa comercial.

O presidente americano, Barack Obama, não tem a mesma dificuldade agora enfrentada por Pimentel. Na visita ao Brasil, ele não alardeou que estava empenhado em defender a empresa americana. Seu objetivo, avisou, é defender o emprego nos Estados Unidos (jobs). Ele não está lá para defender os interesses da General Motors, da Ford, da GE, da Dupont ou da Procter & Gamble, que tanto estão nos Estados Unidos como estão na China, no Brasil e em toda parte. Ele está lá para aumentar o emprego nos Estados Unidos, melhorar as condições dos que vivem naquele país.

O mundo ficou mais complexo, e já não é tão simples executar uma política de defesa da indústria nacional. De todo modo, a melhor maneira de defender empregos e a atividade econômica no País é criar e garantir condições de competitividade ao setor produtivo. Ao contrário do que disse Pimentel, a principal tarefa não consiste em definir o que seja indústria nacional.

A missão que realmente importa é diminuir o dramático "custo Brasil" para que toda a atividade econômica, não importando o controle do seu capital, tenha competitividade verdadeira. E isto significa reduzir a carga tributária, desonerar encargos sociais, baixar os juros, eliminar a burocracia, e dotar o Brasil, urgentemente, de uma infra-estrutura eficaz e barata. E este objetivo é ainda mais premente agora, quando já não é mais possível, compensar custos elevados de produção com um câmbio desvalorizado, artifício que barateava o industrializado nacional e encarecia o importado. Mas nada se fazia para dar competitividade real ao produto brasileiro.

Se almejamos estar entre os principais países do mundo, precisamos parar com artificialismos e casuísmos, principalmente na estrutura econômica.
Precisamos redimencionar o Estado, pois hoje ele já não cabe na Nação.




O artigo original é de Celso Ming. Está editado e alterado pelo Freeman.

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