domingo, agosto 31, 2008

Uma pausa...sem palavras...


Um entardecer nas montanhas...




Um amanhecer nas montanhas...




fotos do Freeman


quarta-feira, agosto 20, 2008

Preparados para o século XIX





Por que o ensino brasileiro tem ido tão mal nas avaliações internacionais?
Por que a cada ano que passa o nível dos estudantes parece piorar?
Por que o anlfabetismo funcional é imenso no Brasil?

Muito simples. Porque ao invés de ensinarem as matérias curriculares, as escolas brasileiras estão, na sua maioria, ideologizando os alunos. Com a justificativa de "incentivar a cidadania", incutem a anacrônica ideologia comunista, em pleno século XXI, falsificando e distorcendo fatos do cotidiano e da própria História, sem o menor constrangimento.

Segundo a avaliação realizada nesta matéria, dos 130 livros e apostilas de história, geografia e português, mais adotados por 2000 escolas do país, cerca de 75% deles trazem informações distorcidas pelo viés ideológico, erros factuais ou ambos.

Além de atrapalhar a compreensão lógica do mundo real, inculcam nos alunos uma visão hostil a economia de mercado e simpática ao comunismo, ideologia do século XIX, testada e reprovada na prática, por mais de 70 anos, no século XX e que sobrevive, neste nosso século XXI, apenas em Cuba e na Coréia do Norte por causa dos seus governos ditatoriais.

Leia a matéria abaixo. Se você é um pai ou mãe conciente e participativo na vida dos filhos, provavelmente você só ficará horrorizado. Se você for do tipo relapso, mas ainda assim preocupado com os filhos, certamente você mudará de atitude.

Vale a pena usar chocadeiras artificiais para acelerar a produção de frango? Foi assim o início de uma das aulas de geografia no Colégio Ateneu Salesiano Dom Bosco, de Goiânia, escola particular que aparece entre as melhores do país em rankings oficiais. Da platéia, formada por alunos às vésperas do vestibular, alguém diz: "Com as chocadeiras, o homem altera o ritmo da vida pelo lucro". O professor Márcio Santos vibra. "Você disse tudo! O homem se perdeu na necessidade de fazer negócio, ter lucro, exportar." E põe-se a cantar freneticamente Homem Primata / Capitalismo Selvagem / Ôôô (dos Titãs), no que é acompanhado por um enérgico coro de estudantes. Cena muito parecida teve lugar em uma classe do Colégio Anchieta, de Porto Alegre, outro que figura entre os melhores do país. Lá, a aula de história era animada por um jogral. No comando, o professor Paulo Fiovaranti. Ele pergunta: "Quem provoca o desemprego dos trabalhadores, gurizada?". Respondem os alunos: "A máquina" Indaga, mais uma vez, o professor: "Quem são os donos das máquinas?" E os estudantes: "Os empresários!" É a deixa para Fiovaranti encerrar com a lição de casa: "Então, quem tem pai empresário aqui deve questionar se ele está fazendo isso". Fim de aula.

Os dois episódios, ambos presenciados por VEJA, não são raridade nas escolas brasileiras. Ao contrário. Eles exemplificam uma tendência prevalente entre os professores brasileiros de esquerdizar a cabeça das crianças. Parece bobagem, uma curiosidade até pitoresca num mundo em que a empregabilidade e o sucesso na vida profissional dependem cada vez mais do desempenho técnico, do rigor intelectual, da atualização do pensamento e do conhecimento.

Não é bobagem. A doutrinação esquerdista é predominante em todo o sistema escolar privado e público. É algo que os professores levam mais a sério do que o ensino das matérias em classe, conforme revela a pesquisa CNT/Sensus encomendada por VEJA. Pobres alunos. Além de não aprenderem as matérias curriculares, têm suas cabeças preenchidas por bobagens e asneiras do mais grosso calibre, além da falsificação da História. Não é à toa que o Brasil se sai cada dia pior nas avaliações internacionais de educação!



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"Capitalismo selvagem"Colégio Dom Bosco,
de Goiânia: Titãs e crítica às chocadeiras
artificiais na aula de geografia


Vejam o absurdo: nossos alunos estão sendo preparados como se fossem viver no fim do século XIX, quando o marxismo surgiu como ideologia.

Bem, estamos no século XXI, o comunismo destruiu a si próprio em miséria, assassinatos e injustiças durante suas experiências reais no século passado. É embaraçoso que o marxismo-leninismo sobreviva apenas em Cuba, na Coréia do Norte e nas salas de aula de escolas brasileiras. As chocadeiras produzem os frangos vendidos a menos de 5 reais nos supermercados brasileiros, e isso propicia a dose mínima de proteína a famílias que, de outra forma, estariam mal nutridas. A realidade não interessa nas aulas como a do professor Márcio Santos. O que interessa? Passar a absurda idéia de que as máquinas tiram empregos. Elas tiram? Tiraram no começo dos processos de robotização e automação de fábricas nos anos 90. Hoje, sem robôs e máquinas, os empregos nem sequer seriam criados. Mas dizer isso pode desagradar ao espírito do velho barbudo enterrado no novo Cemitério de Highgate, em Londres. Os professores esquerdistas veneram muito aquele senhor que viveu à custa de um amigo industrial, fez um filho na empregada da casa e, atacado pela furunculose, sofreu como um mártir boa parte da existência. Gostam muito dele, fariam tudo por ele, menos, é claro, lê-lo – pois Karl Marx é um autor rigoroso, complexo que, mesmo tendo apenas uma de suas idéias ainda levada a sério hoje – a Teoria da Alienação –, exige muito esforço para ser compreendido. "A salada ideológica resulta da leitura de resumos dos grandes pensadores", diz o filósofo Roberto Romano. Gente que vê maldade em chocadeiras e mal em empresários que usam máquinas em suas fábricas no século XXI não pode ter lido Karl Marx. É muito provável que não tenham lido muito, quase nada. Mas são esses analfabetos maliciosos que ensinam nossos filhos nas melhores escolas brasileiras – sem, diga-se, que os pais se incomodem com isso.




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Lição de casa Colégio Anchieta, em Porto Alegre:
o professor pede aos alunos que questionem
os "pais empresários"



A pesquisa CNT/Sensus ouviu 3 000 pessoas de 24 estados brasileiros, entre pais, alunos e professores de escolas públicas e particulares. Sua conclusão nesse particular é espantosa. Os pais (61%) sabem que os professores fazem discursos politicamente engajados em sala de aula e acham isso normal. Os professores, em maior proporção, reconhecem que doutrinam mesmo as crianças e acham que isso é sua missão principal – algo muito mais vital do que ensinar a interpretar um texto ou ser um bamba em matemática. Para 78% dos professores, o discurso engajado faz sentido, uma vez que atribuem à escola, antes de tudo, a função de "formar cidadãos" – à frente de "ensinar a matéria" ou "preparar as crianças para o futuro". Muito bonito se não estivessem preparando os alunos para um mundo que acabou e diminuindo suas chances de enfrentar a realidade da vida depois que saírem do ambiente escolar. Para atacar um problema, o primeiro passo é reconhecer sua existência. Esse é o mérito da pesquisa CNT/Sensus.


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Ódio às máquina. Na sala de aula e nos livros,
a tecnologia recebe a culpa pelo aumento
do desemprego no mundo


Adversária do exercício intelectual, a ideologização do ensino pode ser resultado em parte também do despreparo dos professores para o desempenho da função. No ensino básico, 52% lecionam matérias para as quais não receberam formação específica22% deles nunca freqüentaram faculdade. Para esses, os chavões de esquerda servem como uma espécie de muleta, um recurso a que se recorre na falta de informação. "Repetir meia dúzia de slogans é muito mais fácil do que estudar e ler grandes obras. Por isso, a ideologização é mais comum onde impera a ignorância", diz o historiador Marco Antonio Villa.


Está claro, e a própria experiência mostra isso, que o viés político retira da escola aquilo que deveria, afinal, ser seu atributo número 1: ensinar a pensar – verbo cuja origem, do latim, significa justamente pesar. Diz o sociólogo Simon Schwartzman: "O verdadeiro exercício intelectual se faz ao colocar as idéias e os juízos numa balança, algo que só é possível com uma ampla liberdade de investigação e de crítica".


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Consumo, esse vilão
Na cartilha, as sociedades de consumo se prestam
a estimular a futilidade e poluir o ambiente


Não é o caso na maioria das salas de aula. Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores brasileiros ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado.


Contrários à doutrinação O advogado Miguel Nagib (sentado) fundou a
ONG Escola Sem Partido, junto com outros pais: todos acharam
na cartilha dos filhos exemplos de ideologia


"Eu e todos os meus colegas professores temos, sim, uma visão de esquerda – e seria impossível isso não aparecer em nossos livros. Faço esforço para mostrar o outro lado", diz a geógrafa Sonia Castellar, que há vinte anos dá aulas na faculdade de pedagogia da Universidade de São Paulo (USP) e escreveu Geografia, um dos best-sellers nas escolas particulares (livro que tem dois de seus trechos comentados por VEJA na reportagem seguinte). "Reconheço o viés esquerdista nos livros e apostilas, fruto da formação marxista dos professores. Mas não temos nenhuma intenção de formar uma geração de jovens socialistas", diz Miguel Cerezo, responsável pelo conteúdo publicado nas apostilas do COC (de onde foram extraídos quatro trechos comentados pela revista). À luz de outra pesquisa em profundidade feita pelo Ibope em colaboração com a revista Nova Escola, editada pela Fundação Victor Civita, os professores da rede pública revelam que, para eles, o principal problema da sala de aula é, de longe (77%), a ausência dos pais no processo educativo. Repousam na colaboração entre pais e professores a correção dos rumos do ensino no país e a aceleração da curva de melhora de desempenho que começa a se desenhar. A questão da ideologização é um desses problemas que podem ser abordados em conjunto por pais e professores. Demanda para o diálogo existe. O advogado Miguel Nagib fundou, há quatro anos, em Brasília, a ONG Escola Sem Partido, com o objetivo de chamar atenção para a ideologização do ensino na sala de aula. Nagib se incomodou com os sinais do problema na escola particular de sua filha, então com 15 anos, onde o professor de história gostava de comparar Che Guevara a São Francisco de Assis. Foi ao colégio reclamar. Diz Nagib: "As escolas precisam ficar sabendo que muitos pais não concordam com essa visão".









Artigo original da Revista Veja, Edição 2074, 20/08/2008 Monica Weinberg e Camila Pereira, com reportagem de Camila Antunes e Marcos Todeschini. Está editado pelo Freeman.

quinta-feira, agosto 14, 2008

A conta da diplomacia lulista.



As últimas semanas foram marcadas por más notícias pa­ra a política exter­na brasileira. Os erros da equivocada política "altiva" fo­ram todos desnudados em público. Pode-se imaginar o desconten­tamento no Itamaraty com o impacto sobre sua reputação, quando arrogantes esquerdopatas metem os pés pelas mãos. E isso não começou ontem! As deficiên­cias estratégicas da política ex­terna têm sido visíveis desde que a trupe petista pôs os pés no Planalto. Nem mes­mo o mais chapa-branca dos colunistas conseguiu salvar a face do Ministério de forma convincente. Agora, a conta mesmo, será paga pela sociedade produtiva, não pela burocracia “altiva” e incompetente.

Durante quase seis anos, o foco da política externa brasileira repousou na aproxi­mação Sul-Sul, não por questões pragmáticas de ganho, mas pela questão ideológica, calcada no exa­cerbado ranço anti norte-ame­ricano.

Um dos pilares dessa estratégia seria a aproxima­ção com os países sul-america­nos até então excluídos do Mer­cosul. O outro pilar seria a intensificação das re­lações bilaterais com as econo­mias em desenvolvimento. No caso das grandes economias emergentes, especialmente China e Índia, também no pla­no multilateral, por meio da coalizão do G-20 na Organiza­ção Mundial do Comércio (OMC). O terceiro pilar, de lon­ge o mais meritório, e sintoni­zado com os interesses econômicos concretos do Brasil, se­ria a ação na OMC, incluindo a Rodada Doha e a solução de controvérsias. Os objetivos concretos a alcançar seriam: a ampliação do Mercosul" como contrapeso à proliferação de acordos bilaterais dos Estados Unidos na região; a reforma do Conselho de Segurança da ONU com assento permanen­te para o Brasil; a conclusão de Doha e a implementação das decisões relativas aos panels agrícolas.

Todos esses aspectos fo­ram afetados desfavoravel­mente pelo recente fracasso das negociações em Genebra e seus desdobramentos. A suces­são de infortúnios foi iniciada antes mesmo do começo da reunião ministerial, com a ga­fe do ministro Celso Amorim ao criticar a atitude dos países desenvolvidos, citando Jo­seph Goebbels, ministro da Propaganda na Alemanha na­zista, sobre, o uso da repetição como técnica de persuasão. O ministro estava até cer­to na substância. O próprio Ita­maraty tem longa tradição na arte de transformar derrotas memoráveis em vitórias re­tumbantes pela saturação dos meios de comunicação. O pro­blema é que a boutade ensejou a reação pretensamente ofen­dida dos negociadores dos paí­ses desenvolvidos, com direito a referências ao holocausto. O que poderia ser um ponto a fa­vor antes da partida se tornou um ônus a exigir desculpas.

As negociações em Genebra se concentraram, inicialmen­te, no equilíbrio entre conces­sões relativas a produtos agrí­colas por parte das economias desenvolvidas e concessões re­lacionadas a bens industriais por parte dos países emergen­tes. Acabaram por desembo­car em cabo-de-guerra entre os Estados Unidos e os gran­des países emergentes impor­tadores agrícolas, especial­mente a Índia. Os Estados Uni­dos resistiram a ir além de um teto máximo de US$ 14,5 bi­lhões para seus subsídios agrí­colas. A Índia insistiu na impor­tância de mecanismo de salva­guardas especiais (SSM, na si­gla em inglês) para a agricultu­ra que' permitisse tarifas maio­res do que as consolidadas (níveis máximos acordados multi­lateralmente) quando os volu­mes importados excedessem em 10% a média do triênio ante­rior. As negociações naufraga­ram diante desse impasse, antes que temas como subsídios ao algodão e cláusula da paz fos­sem abordados ou resolvidos.

Quando os Estados Unidos - após oferta inicial de teto nos subsídios de US$ 15 bilhões ­ofereceram redução de US$ 500 milhões, o Brasil, que não havia concordado com a Índia sobre SSM no G-20, aceitou a proposta. Na Argentina, falou­-se em traição, pois teria sido aceita excessiva redução de ta­rifas industriais. O negociador indiano saiu da reunião decla­rando que representava mais de cem países, citando o G-33, 'e não o G-20. O economista in­diano Jagdish Bhagwati, radicado nos Estados Unidos, fa­lou em 'traição reincidente do Brasil nas negociações multilaterais, minimizando os tradi­cionais excessos protecionistas indianos. As limitações do G-20, já detectadas por alguns desde 2003, ficaram claras. A diplomacia brasileira confundiu aliança tática contra os subsídios agrícolas dos desenvolvidos com aliança estratégica baseada em convergência de ob­jetivos de liberalização agrícola, que não tinha condições de vicejar.

Em meio ao rescaldo do fra­casso, após a volta ao Brasil, a veia histriônica do ministro das Relações Exteriores, Cel­so Amorim, voltou a se mani­festar. Ao comentar as possibi­lidades de ressuscitar a Roda­da Doha, o chanceler teceu con­siderações -sobre o temor de que viesse a ser necessário evento semelhante ao ataque terrorista ao World Trade Cen­ter em 2001 como incentivo à retomada de negociações ...

Para coroar, o presidente Lula da Silva foi à Argentina com uma comitiva de centenas de empresários pa­ra, inclusive, tentar remendar os arrufos genebrinos e encon­trou ... Hugo Chávez. Nem no âmago do Mercosul a diploma­cia brasileira tem condições de operar sem interferências indesejáveis.
Passadas três semanas fu­nestas, a diplomacia brasileira enfrenta desgaste sério em to­das as frentes. A acertada con­centração de esforços na OMC foi vitimada por impasse difícil de contornar. No processo de negociação, o Brasil viu o G-20 explodir, os demais países em desenvolvimento se alinha­rem à Índia e a Argentina ficar insatisfeita. Foi um strike completo, só que na direção errada! Depois de tantos equívocos, não vai ser sufi­ciente o presidente Lula insis­tir em dizer que Doha está vi­va...

O artigo original é do prof. Marcelo de Paiva Abreu, está significativamente editado pelo Freeman.