Um entardecer nas montanhas...
"Todas as coisas já foram ditas. Mas como ninguém escuta, é preciso sempre recomeçar" A.G.
domingo, agosto 31, 2008
quarta-feira, agosto 20, 2008
Preparados para o século XIX
de Goiânia: Titãs e crítica às chocadeiras
artificiais na aula de geografia
Bem, estamos no século XXI, o comunismo destruiu a si próprio em miséria, assassinatos e injustiças durante suas experiências reais no século passado. É embaraçoso que o marxismo-leninismo sobreviva apenas em Cuba, na Coréia do Norte e nas salas de aula de escolas brasileiras. As chocadeiras produzem os frangos vendidos a menos de 5 reais nos supermercados brasileiros, e isso propicia a dose mínima de proteína a famílias que, de outra forma, estariam mal nutridas. A realidade não interessa nas aulas como a do professor Márcio Santos. O que interessa? Passar a absurda idéia de que as máquinas tiram empregos. Elas tiram? Tiraram no começo dos processos de robotização e automação de fábricas nos anos 90. Hoje, sem robôs e máquinas, os empregos nem sequer seriam criados. Mas dizer isso pode desagradar ao espírito do velho barbudo enterrado no novo Cemitério de Highgate, em Londres. Os professores esquerdistas veneram muito aquele senhor que viveu à custa de um amigo industrial, fez um filho na empregada da casa e, atacado pela furunculose, sofreu como um mártir boa parte da existência. Gostam muito dele, fariam tudo por ele, menos, é claro, lê-lo – pois Karl Marx é um autor rigoroso, complexo que, mesmo tendo apenas uma de suas idéias ainda levada a sério hoje – a Teoria da Alienação –, exige muito esforço para ser compreendido. "A salada ideológica resulta da leitura de resumos dos grandes pensadores", diz o filósofo Roberto Romano. Gente que vê maldade em chocadeiras e mal em empresários que usam máquinas em suas fábricas no século XXI não pode ter lido Karl Marx. É muito provável que não tenham lido muito, quase nada. Mas são esses analfabetos maliciosos que ensinam nossos filhos nas melhores escolas brasileiras – sem, diga-se, que os pais se incomodem com isso.
o professor pede aos alunos que questionem
os "pais empresários"
a tecnologia recebe a culpa pelo aumento
do desemprego no mundo
Está claro, e a própria experiência mostra isso, que o viés político retira da escola aquilo que deveria, afinal, ser seu atributo número 1: ensinar a pensar – verbo cuja origem, do latim, significa justamente pesar. Diz o sociólogo Simon Schwartzman: "O verdadeiro exercício intelectual se faz ao colocar as idéias e os juízos numa balança, algo que só é possível com uma ampla liberdade de investigação e de crítica".
Na cartilha, as sociedades de consumo se prestam
a estimular a futilidade e poluir o ambiente
ONG Escola Sem Partido, junto com outros pais: todos acharam
na cartilha dos filhos exemplos de ideologia
quinta-feira, agosto 14, 2008
A conta da diplomacia lulista.
As últimas semanas foram marcadas por más notícias para a política externa brasileira. Os erros da equivocada política "altiva" foram todos desnudados em público. Pode-se imaginar o descontentamento no Itamaraty com o impacto sobre sua reputação, quando arrogantes esquerdopatas metem os pés pelas mãos. E isso não começou ontem! As deficiências estratégicas da política externa têm sido visíveis desde que a trupe petista pôs os pés no Planalto. Nem mesmo o mais chapa-branca dos colunistas conseguiu salvar a face do Ministério de forma convincente. Agora, a conta mesmo, será paga pela sociedade produtiva, não pela burocracia “altiva” e incompetente.
Durante quase seis anos, o foco da política externa brasileira repousou na aproximação Sul-Sul, não por questões pragmáticas de ganho, mas pela questão ideológica, calcada no exacerbado ranço anti norte-americano.
Um dos pilares dessa estratégia seria a aproximação com os países sul-americanos até então excluídos do Mercosul. O outro pilar seria a intensificação das relações bilaterais com as economias em desenvolvimento. No caso das grandes economias emergentes, especialmente China e Índia, também no plano multilateral, por meio da coalizão do G-20 na Organização Mundial do Comércio (OMC). O terceiro pilar, de longe o mais meritório, e sintonizado com os interesses econômicos concretos do Brasil, seria a ação na OMC, incluindo a Rodada Doha e a solução de controvérsias. Os objetivos concretos a alcançar seriam: a ampliação do Mercosul" como contrapeso à proliferação de acordos bilaterais dos Estados Unidos na região; a reforma do Conselho de Segurança da ONU com assento permanente para o Brasil; a conclusão de Doha e a implementação das decisões relativas aos panels agrícolas.
Todos esses aspectos foram afetados desfavoravelmente pelo recente fracasso das negociações em Genebra e seus desdobramentos. A sucessão de infortúnios foi iniciada antes mesmo do começo da reunião ministerial, com a gafe do ministro Celso Amorim ao criticar a atitude dos países desenvolvidos, citando Joseph Goebbels, ministro da Propaganda na Alemanha nazista, sobre, o uso da repetição como técnica de persuasão. O ministro estava até certo na substância. O próprio Itamaraty tem longa tradição na arte de transformar derrotas memoráveis em vitórias retumbantes pela saturação dos meios de comunicação. O problema é que a boutade ensejou a reação pretensamente ofendida dos negociadores dos países desenvolvidos, com direito a referências ao holocausto. O que poderia ser um ponto a favor antes da partida se tornou um ônus a exigir desculpas.
As negociações em Genebra se concentraram, inicialmente, no equilíbrio entre concessões relativas a produtos agrícolas por parte das economias desenvolvidas e concessões relacionadas a bens industriais por parte dos países emergentes. Acabaram por desembocar em cabo-de-guerra entre os Estados Unidos e os grandes países emergentes importadores agrícolas, especialmente a Índia. Os Estados Unidos resistiram a ir além de um teto máximo de US$ 14,5 bilhões para seus subsídios agrícolas. A Índia insistiu na importância de mecanismo de salvaguardas especiais (SSM, na sigla em inglês) para a agricultura que' permitisse tarifas maiores do que as consolidadas (níveis máximos acordados multilateralmente) quando os volumes importados excedessem em 10% a média do triênio anterior. As negociações naufragaram diante desse impasse, antes que temas como subsídios ao algodão e cláusula da paz fossem abordados ou resolvidos.
Quando os Estados Unidos - após oferta inicial de teto nos subsídios de US$ 15 bilhões ofereceram redução de US$ 500 milhões, o Brasil, que não havia concordado com a Índia sobre SSM no G-20, aceitou a proposta. Na Argentina, falou-se em traição, pois teria sido aceita excessiva redução de tarifas industriais. O negociador indiano saiu da reunião declarando que representava mais de cem países, citando o G-33, 'e não o G-20. O economista indiano Jagdish Bhagwati, radicado nos Estados Unidos, falou em 'traição reincidente do Brasil nas negociações multilaterais, minimizando os tradicionais excessos protecionistas indianos. As limitações do G-20, já detectadas por alguns desde 2003, ficaram claras. A diplomacia brasileira confundiu aliança tática contra os subsídios agrícolas dos desenvolvidos com aliança estratégica baseada em convergência de objetivos de liberalização agrícola, que não tinha condições de vicejar.
Em meio ao rescaldo do fracasso, após a volta ao Brasil, a veia histriônica do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, voltou a se manifestar. Ao comentar as possibilidades de ressuscitar a Rodada Doha, o chanceler teceu considerações -sobre o temor de que viesse a ser necessário evento semelhante ao ataque terrorista ao World Trade Center em 2001 como incentivo à retomada de negociações ...
Para coroar, o presidente Lula da Silva foi à Argentina com uma comitiva de centenas de empresários para, inclusive, tentar remendar os arrufos genebrinos e encontrou ... Hugo Chávez. Nem no âmago do Mercosul a diplomacia brasileira tem condições de operar sem interferências indesejáveis.
Passadas três semanas funestas, a diplomacia brasileira enfrenta desgaste sério em todas as frentes. A acertada concentração de esforços na OMC foi vitimada por impasse difícil de contornar. No processo de negociação, o Brasil viu o G-20 explodir, os demais países em desenvolvimento se alinharem à Índia e a Argentina ficar insatisfeita. Foi um strike completo, só que na direção errada! Depois de tantos equívocos, não vai ser suficiente o presidente Lula insistir em dizer que Doha está viva...
O artigo original é do prof. Marcelo de Paiva Abreu, está significativamente editado pelo Freeman.