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Podemos dar mil explicações, inúmeras justificativas e até lançar teses.
Podemos ficar indignados, coléricos, revoltados (e graças a Deus, ficamos). Podemos falar o que for, mas... O povo brasileiro merece o Congresso que tem.
Se deputados, senadores e políticos em geral são a escumalha, a choldra, a escória do Brasil, quem os elegeu é igual. A cada legislatura, a ácida verrina da crônica política atribui, justificadamente, desqualificações aos parlamentares. Não falta quem identifique um novo bicheiro, um obscuro iletrado, um estelionatário ou um espertalhão de alto jaez, para atestar a completa desmoralização do Legislativo (na verdade, e com raríssimas exceções, de qualquer Legislativo do Brasil). Efetivamente, o Parlamento, bem como o Executivo e o Judiciário, têm piorado a cada quatro anos. Entretanto, tão grave quanto, é o povo, que se desqualifica a cada dia.
Queiramos ou não, gostemos ou não, o Congresso é o microcosmo da Sociedade. Se lá dentro existem batedores de carteira, quadrilhas organizadas, facínoras disfarçados, radialistas bizarros, sindicalistas incapazes, competentes estrategistas, homens públicos sérios ou larápios de subúrbio; aqui fora, na mesma proporção, habitam ladrões, quadrilheiros, traficantes, homens dignos, profissionais severos e cidadãos conseqüentes. O que se passa lá dentro existe aqui fora. A casa dos deputados e senadores não é uma invenção da extravagância eleitoral. O Congresso reflete, exatamente, o nível da população que o elegeu.
A verdade, nua e crua, é que no Brasil, o que não presta é um grande número de brasileiros. Esta Terra dos Papagaios, abençoada por Deus, no imaginário sincrético das crendices populares, já foi muito melhor. Houve época em que a elite era, verdadeiramente, a nata de um bom leite.
Sem dúvida, nas estatísticas puramente básicas o Brasil melhorou relativamente (também, seria difícil piorar). Mas, apodreceu no dia-a-dia das ruas. A raiz dessa necrose social é a falta de educação do brasileiro. Educação na acepção integral da palavra. O povo piorou porque está muito mais ignorante e menos educado. Ninguém duvida, que a grande culpa disso tudo está nas costas dos homens públicos. Políticos ambiciosos e maquiavélicos preferem um povo estúpido: é mais fácil manobrar! Perdemos o salto qualitativo da História, quando, no início dos anos 80, a educação começou, propositadamente, a se deteriorar. Justamente no período desta chamada “Nova República...”
O que falta ao povo é um bom ginásio. Mas também os valores básicos, a disciplina e a responsabilidade individual ensinadas em lares verdadeiros. E isso não tem nada a haver com o nível social da população!
Há duas gerações, um jovem de 18 anos já havia lido os clássicos, dominava os códigos da gramática, se ilustrava com os exemplos da história e até se encantava com os devaneios da filosofia e a doçura da poética. Hoje, a juventude chega às universidades por decurso de prazo. O fim das reprovações e a promoção automática dos alunos criaram um exército de incapazes. Como se não bastasse, a religiosa esquerdice dos comissários do PT, inventou essa bobagem de cotas raciais nas universidades. Os bolsões excluídos da sociedade, agora, continuam excluídos, mas terão nível universitário. Ler que é bom, nem pensar. O Brasil é um país onde a circulação de jornais e revistas cai a cada ano.O povo lê cada vez menos e escreve cada dia pior.
Temos um presidente ignorante e boçal, que sensibiliza o povo com a banalidade de suas tolices. Os tropeços na gramática e o primarismo da sua lógica são cantados como virtude! Glamurizou-se a estupidez. Festeja-se a estultice. Além disso, esquerda obcecada pelo poder e sonhando com a perpetuidade, extorque o Estado. E assim segue a nossa mazela política...
Os políticos serão melhores quando as pessoas forem mais educadas. Os homens públicos sairão da lama no dia que o povo aprender a tomar banho.
A obra prima é mais um Velásquez.
O artigo original é do jornalista Ronald de Carvalho. Foi editado por Freeman.